Capítulo 2 (Discórdias)

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"Narra Ana"

Passaram-se mais alguns meses, Manuel pediu Bia em namoro, e os dois estavam super apaixonados. Eu e Víctor, como um casal bem mais maduro, percebemos que já não éramos como antes, a questão não era sobre o carinho, nem sobre o sentimento. Estava mais que claro que nós ainda gostávamos um do outro, mas infelizmente todo casal passava por isso, como se fosse uma fase fria no relacionamento, mas não estávamos felizes com isso. Com um pouco de esforço chegamos a melhorar um pouco, mas sabe como é, nada forçado funciona muito bem.

Sem perceber começamos a discutir bastante, sobre volume da TV, política, filmes, por tudo que não fazia sentido. Mas eu simplesmente não podia culpá-lo, nós dois estávamos errados, parecíamos duas crianças. Não conseguíamos passar alguns minutos sozinhos que arrumávamos um assunto novo para brigar. Eu estava cansada disso, e resolvi tentar melhorar as coisas.

Combinei um jantar duplo, nós dois, a Bia e o Manuel. Demorei para convencer o Víctor que seria legal comer fora de casa um dia e depois de insistir muito, ele finalmente concordou. Fui para minha casa me arrumar com a Bia, foi uma tarde gostosa, rimos bastante, penteei o cabelo dela como eu sempre fazia quando éramos mais jovens. Escolhemos nossas melhores roupas, ela optou por um vestido cor violeta simples e eu um vestido exatamente igual, porém vermelho, que nossa mãe nos tinha presenteado. Deixamos nossa maquiagem mais simples possível, já que nós duas tínhamos a mesma concepção, de que o natural é a beleza mais divina que o ser humano pode ter.

Ficamos prontas, pegamos um táxi e fomos conversando no caminho ao restaurante.

- o Manuel me deu de presente um estojo de tinta incrível - minha irmãzinha me disse apaixonada - eu não entendo o que eu fiz pra ele me amar tanto - soltei uma risada.

- você é simplesmente você, então concluímos de que ele ama você do jeito que é - ela sorriu pra mim e apertou minha mão.

- e você e o Víctor? ainda estão brigando muito?

Fiquei em silêncio, olhei pela janela e pensei se talvez não fosse somente uma fase, tinha medo de que nossa relação tivesse chegando ao fim. Voltei a olhar para ela, que me olhava com compaixão.

- não se preocupe, é só uma fase, vamos ficar bem - dei um sorriso forçado, tentando convencer também a mim mesma e ela pareceu não perceber.

No restante do caminho, fiquei pensando em maneiras de transformar toda aquela frieza em amor.

Assim que chegamos os encontramos em uma das mesas do canto direito. O restaurante estava iluminado com luzes que giravam, e uma música muito linda e suave era tocada por um pianista no palco.

- "chegamos" - Bia disse entusiasmada em português.

Manuel riu e se levantou para cumprimentá-la, depois me cumprimentou e puxou a cadeira da forma mais fofa que eu já vi para Bia se sentar, enquanto ela sorria. Quando ele se sentou ela deu um beijo na bochecha dele o fazendo corar. Tive que me segurar para não apertá-los de tão fofos. Me virei para Víctor para cumprimentá-lo, mas ele me olhava de uma maneira que parecia que sentia raiva, e meu sorriso desapareceu.

- que foi amor, você está bem? - eu sussurrei perto dele logo após me sentar ao seu lado.

- que roupa é essa Helena? - ele disse com ódio e eu me surpreendi.

- quantas vezes vou ter que te dizer que meu nome agora é Ana - eu respondi me irritando, não importava quantas vezes eu dissesse, ele continuava a me chamar de Helena.

- não muda de assunto e me reponde o que eu te perguntei - ele estava com tanto ciúmes, que sentia raiva na sua voz.

- como assim Víctor? o que tem de errado com a minha roupa? - eu tentei falar o mais baixo possível, tudo o que eu queria evitar era um escândalo na frente da Bia.

- seu nome é Helena, para de inventar moda - ele disse em um alto tom fazendo Manuel e Bia, que estavam conversando entre eles nos olharem.

- eu não vou discutir com você agora, conversamos mais tarde - sussurrei novamente forçando um sorriso para Bia.

- vamos pra casa agora - ele disse alto outra vez e eu o encarei furiosa.

- estamos só jantando com seu primo e com minha irmã, para de drama - eu disse deixando o sussurro pra trás.

- drama? você vem vestida parecendo uma prostituta e eu que to fazendo drama? 

As pessoas ao redor nos olharam, meus olhos se encheram de lágrimas, meu coração estava tão apertado como se tivesse sido socado, minha cabeça dava voltas tentando acreditar no que ele tinha dito. Bia e Manuel nos olhavam assustados. Todos estávamos chocados.

- quem você pensa que é? - Bia foi a única que teve coragem de se pronunciar naquele momento.

Manuel parecia petrificado, e olhava seu primo, surpreso.

- eu não quis dizer isso Helena....me desculpe - como se não fosse o mesmo de alguns segundos atrás, Víctor me olhava desesperado buscando o meu perdão.

Agarrou minha mão e a acariciou, depositando um pequeno beijo ali. Engoli o nó na minha garganta, causado pela minha tentativa de segurar o choro, deixando minhas lágrimas caírem.

- meu nome é Ana - eu disse com raiva soltando minha mão da sua e deixando o restaurante às pressas. 

Senti ser seguida por alguém, provavelmente Bia, mas minha dor era tão grande e minha cabeça girava tanto que entrei rapidamente em um táxi ignorando tudo ao meu redor. Senti que estava sendo sufocada e desabei de chorar depois de passar o endereço ao motorista. Nunca tinha me sentido tão ofendida, muito menos por ele....logo ele...meu primeiro amor.

EAI PESSOAL? O QUE ACHARAM? NÃO ME JULGUEM PELA ATITUDE QUE O VÍCTOR TEVE, ACIMA DE TUDO ELE É UM SER HUMANO E ERRA, MAS NÃO SIGNIFICA QUE ELE SEJA UMA PESSOA RUIM. MAS ENFIM? O QUE ACHAM QUE VAI ACONTECER? QUAL ENDEREÇO A ANA PASSOU PARA O TAXISTA?

YO QUISIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora