9. O Filho do Céu

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    — Então você é um Deus? O planeta "Erisyr"? — pergunto ainda digerindo a história que ele acabou de contar — Impossível! Existe apenas uma dualidade verdadeira.
    — Os Deuses também são seres reprodutores, Astarte. E você, assim como eu, é um resultado disso.
    Arregalo os olhos e em seguida meu rosto se fecha. Eu não sou filha de Sikar... É isso o que ele está dizendo?
    — "D'Erisyr" — lembro de como Coriander me chamava — Agora faz sentido — embora eu ainda esteja extremamente confusa — Como posso ser sua filha se você e minha mãe não...— a questão sai da minha boca — Vocês transaram?
    — Sexo físico é apenas uma das milhares formas de procriação que posso dominar. Está mesmo interessada em saber como funciona? — Erisyr franze o cenho — Ou quer saber porquê apareci em seu sonho?
    Não preciso responder a pergunta. O Deus assente com a cabeça e senta-se ao pé da árvore dourada que agora está sem suas folhas. Sinaliza para que eu faça o mesmo.
    Por quê eu nunca soube sobre a existência dele?
    — Fiz um acordo com sua mãe — Erisyr responde ao ler meu pensamento. Olho para a parede de pedras à minha frente, evitando encarar o homem ao meu lado.
    Ele sabe de tudo. Tudo.
    — Como devo chama-lo? Já que somos parentes — minha cabeça está ao ponto de explodir, mas tento não sair correndo de lá. Eu quero poder dizer que tudo não passa de outro sonho.
    — Possuo vários nomes, mas pode me chamar de Baal se a palavra "Pai" for difícil de pronunciar.
    Erisyr. Baal. Pai.
    — Não sei o que eu deveria sentir em relação a você... ou dizer, mas isso tudo não está me deixando contente.
    O Deus fica em silêncio.
    — Diga o que quer de mim, o porquê de aparecer depois de todos esses anos e deixe-me ir para casa o quanto antes — sou direta. Ele nunca substituirá meu pai, Sikar — O que você teve com Coriander ficará apenas entre vocês dois. Eu não tenho nada a ver com essa história — viro-me para olhar o Deus atento às minhas palavras. Sua expressão continua a mesma.
    Se realmente se importasse comigo, não teria ocultado tais informações. Eu cresci achando que era filha de outro homem; do rei de Fluorana.
    Eu não sou uma bastarda...
    — Que assim seja — Erisyr concorda e inicia uma história totalmente diferente da que ouvi durante toda minha vida.
    A Lua e o Sol surgiram do céu vazio, e juntos numa dança galática, deram a luz a seu filho, Erisyr, a própria natureza. O Sol adentrou a superfície terrestre com seus raios de poder e, do núcleo do planeta, com sua espada de fogo, cortou o pedaço de um cristal que refletia todas as cores. Entregou à sua cria aquela fonte de luz eterna e a mesma ocupou o peito do jovem Erisyr, transformando-se em seu próprio coração.
    Erisyr tornou-se parte daquela terra.
    Com seu poder de transformação, o Filho do Céu espalhou sua luz pelo mundo, originando montanhas, florestas, rios e animais. Por fim, para sua própria proteção e companhia, criou cinco herdeiros.
    Porém, como maldição e falha na sua perfeição, os cinco herdeiros, chamados de Lordes de Erisyr, assassinaram seu criador e arrancaram de seu peito o tesouro mais precioso e poderoso. O Cristal da Criação, o coração da Natureza.
    Usaram seu poder criando outro seres mágicos, no entanto fracassaram, pois estes novos não possuíam o mesmo tipo de magia.
    O cristal foi quebrado em cinco partes, as quais foram espalhadas pelo planetas numa tentativa de esquecer o que havia acontecido.
    Os Lordes, após um tempo, relacionaram-se com suas próprias criações e assim nasceram as cinco famílias reais: Belshazar, Adonizier, Geturinyr, Tanishiná, Amidabar. Elas possuem magia. Quatro são capazes de manusear um elemento físico. A quinta delas trabalha com a consciência.
    Nasci na família que herdou o elemento fogo do Lorde que representa a chama da vida.
    Eu sou descendente direta dos assassinos do Deus que alega ser meu pai.
    Com o passar dos anos, o fim da vida alcançou os traidores do Filho do Céu e toda sua história foi alterada pelo primeiro povoado do Berço de Erisyr. O que sobrou nas ruínas do palácio que Lamar nos levou; as estantes cheias de livros, é a única recordação escrita do Deus da Natureza.
    Erisyr não precisa dizer-me o que acontece daí pra frente.
    Mortes. Muitas pessoas lutaram para encontrar as partes do cristal da criação e, como parte da insanidade dos mortais, tentar reconstruí-lo.
    Sol e Lua decidiram intervir, criando assim as cinco nações de acordo com as famílias reais, separando o povo.
    Erisyr pega um monte de terra submerso na água e traz até próximo suas narinas para sentir o aroma de umidade. Esfrega suas mãos sujando-as e diz:
    — Quero que traga meu coração de volta.
    Minha respiração falha por um instante. Ele está brincando, não pode ser verdade... Por que eu? Já tenho problemas o suficiente para solucionar!
    — Será recompensada se não falhar — o Deus fica de pé e estica a mão suja para me ajudar a subir também. Eu a pego e deixo meu corpo ser puxado — Como alguém que tem acesso ao passado, devo alertar: tenha cuidado com o asgardiano.
    Ergo uma das sobrancelhas e faço uma cara sarcástica por impulso.
    — Eu sei o que estou fazendo — limpo as palmas no vestido.
    — Não tenho dúvidas.
    Minhas pálpebras pesam como antes. Suor escorre pelas pontas dos meus dedos. Estou tonta, olhando para cima. Havia uma abertura bem alta na qual era possível ver um céu noturno repleto de estrelas brilhantes.
    Erisyr toca minha testa e meus olhos fecham-se. Estou caindo de um lugar alto, o frio envolvendo todo meu corpo. Meu coração ameaça rasgar meu peito e se perder na escuridão. Quando penso que sentirei a dor de uma queda, eu acordo sentada ao lado da árvore dourada, apavorada e sem ar.
    Do outro lado do Lago Negro, Lamar me olha preocupado, pois começo a chorar abraçada aos meus joelhos como faria a criança que cantou sobre a Raios-De-Sol.

Astarte e o Cristal da Criação | fanfic loki (PAUSADA) #RaposaDeOuroOnde histórias criam vida. Descubra agora