Capítulo 69

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Estou renovada depois de uma noite de sono maravilhosa e relaxante.
Sinto minhas ideias clareadas e que também devo desculpas por certas coisas ditas no decorrer desse tempo. Não quero alimentar esse rancor, não mais...

Me sinto assim ainda quando coloco meus pés no elevador da empresa, só que com uma dose de nervosismo. Como vou dizer? E como ele vai reagir? Será que vai me perdoar?

Tantas perguntas nos fazemos quando estamos prestes a fazer loucuras, não é mesmo? É melhor não pensar muitas vezes, simplesmente ir e fazer.

Me olhos no espelho do elevador; respira, respira fundo. Ele te ama e você só precisa ir lá e falar dos seus sentimentos.

Pin...

Elevador se abre e eu sinto minhas mãos suarem. Patético...

"Rindo sozinha, bela adormecida?"

Sorrio para Giselle "De nervosismo só se for" declaro.

"O que você tá aprontando?" Ela pergunta sorrindo e entusiasmada como sempre

"Logo saberá. William está em sua sala?" Pergunto.

Ela sorri abertamente "Desde às 07h e não saiu de lá por nada e pediu para não ser incomodado"

Estranho, será que aconteceu algo?

"Vou entrar..." anuncio já caminhando em direção a porta e escuto um boa sorte da Giselle.

Bato na porta, mas entro antes dele falar algo.

"Eu já disse que não queria ser incomodado, droga..." ele dispara e em seguida nossos olhares se encontram "Ah, você..."  sua voz é de desanimo.

Ah você? Como assim?

Me viro para fechar a porta e suspiro fundo.

"Precisa de algo urgente, porque se não, não tenho tempo" Ual, que bixo mordeu esse homem?

"Aconteceu alguma coisa?" Pergunto, chegando próximo da sua mesa.

Ele solta os papéis na mesa com um pouco de brutalidade e passa as mãos pelo cabelo. Ele está sem paciência, droga.

"Eu estou só trabalhando. Então se puder falar logo o que quer" Ele diz sem me olhar direito.

Engulo o seco. "Por que está falando comigo assim?"

"Você quer que eu fale como, porra?" Ele grita e me assusto, dando um passo para trás "Maite, fale logo o que quer"

"William..." sussurro "aconteceu algo que te deixou assim, sei lá, qualque..."

Ele não deixa eu terminar, "Maite, se não tem nada de importante pra falar pode sair da minha sala que tenho coisas importantes para fazer" ele volta atenção pra meia dúzia de papéis espalhadas na mesa.

Me aproximo mais e coloco minha mão por cima dos papéis, impedindo sua leitura.

"O que você quer? Uma foda de novo?" Retiro minha mão. O que ele está falando? "Por que se for isso, não to com tempo agora"

Uma foda?

"Do que você está falando?" Franzo o cenho. "Eu não quero uma foda, seu estupido"

"Não se faça de ofendida, que ontem você não se importou nenhum pouco de entrar naquela sala"

Trinco os dentes.

"William, não faz isso..."

"Maite, já deu por hoje. Minha cota de paciência hoje não está boa"

Suspiro. Você veio aqui fazer uma coisa, então faça.

"Eu quero te pedir desculpa..." ele franziu o cenho "eu, eu..." puxo ar para meu pulmão "eu não deveria ter falado aquilo ontem e eu me portei muito mal com você nessas ultimas semanas. Eu estava com rancor, raiva de você ainda, mas ontem eu percebi..."

"Percebeu o que? O quanto é bom me fazer de otário?" Ele gritou, saindo do outro lado da mesa e vindo em minha direção.

Ele estava me assustando

"Não, Will..." tentei falar, mas novamente ele me cortou brutalmente.

"Você acha que pode me fazer de seu fantoche, né?" Ele cerra os dentes.

Sinto o ar faltar.

"Não fale assim. Eu não penso nisso, pelo amor de Deus..." me aproximo, segurando seus braços.

"Eu não sei como pude ainda pensar que te amava" ele me encarou, eu senti meu coração se partir em pedaços, novamente... por ele. "Você virou alguém que eu jamais poderia amar"

"Will..." sinto minha garganta fechar,  não consigo pensar direito e tento ser o mais sincera possível "Eu te amo"

Ele sorriu morto, "Me ama? Me ama?"  ele gritou "Para você eu sou apenas um brinquedinho, mas isso acabou!"

Não, por favor... não.

"Da onde você tirou isso, pelo amor de Deus, olha para mim..." seguro em seus braços, apertando, e ele olha nos meus olhos "Eu te amo, William, como nunca vou amar alguém, você sabe disso, por favor..."

"Da onde eu tirei isso?" Ele empurra minhas mãos me distanciando. Não faz isso. "Você disse isso"

Franzo o cenho. Eu não disse...Então, o encaro e por um momento... droga.
Abro e fecho a boca diversas vezes, mas nada sai.

"Eu não quis dizer aquilo...eu, eu... Por favor, acredita em mim, ela..." falo tudo muito rápido e não sei se ele consegue compreender.

"Não tenta se justificar, Perroni..."  meu sobrenome sai ácido da sua boca "Eu não sou seu cachorrinho"

"William, ela me provocou... eu não queria que soasse daquela maneira, só que... merda"

Tudo gira na minha cabeça, seu tom de voz, seu olhar de desprezo, o olhar de Bia para o espelho e depois sua repentina mudança de postura. Eu cai feito uma idiota na sua provocação e ele...

"William, por favor, acredita em mim, você me conhece, eu nunca mentiria para você" minha voz sai em um fio.

Tudo gira...

"Eu te conhecia. Essa Maite na minha frente..." seu olhar corre dos pés a cabeça "Eu não conheço  e o que eu conheço me da asco"

Asco?

Tudo gira...

"Você me pediu no hospital para sair da sua vida, pois bem, eu estou cumprindo seu pedido" ele cruza os braços e seu olhar é... oh, não me olhe assim, por favor.

Eu não quero que você saia da minha vida, fica, fica nela.

"Eu estou arrependida, William..." minha visão fica turva. "Eu não... acho que vou..."

Sinto o corpo do William me segurando e a última coisa que escuto é ele gritando.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora