A Força do Amor

Capítulo 1

Livia Sullivan gostava das coisas muito bem organizadas. Na sua nova sala de aula, tudo funcionava na mais perfeita ordem. Apesar de ser nova na cidade, ela já se sentia em casa. Na pequena cidade pra qual se mudara no interior de São Paulo, ela já fizera amizades com quase todos os funcionários da nova escola onde começara a trabalhar.

Livia: Bruno, o que é isso em sua mão?

O pequeno Bruno, assustado rapidamente escondera a mão atrás das costas para que a professora não visse o papel.

- Nada, professora . - disse o menino.

Livia certamente sabia que se tratava de algum bilhete dos colegas, entretanto, resolveu ignorar dessa vez.

Livia: Então volte para seu dever.

- Sim, senhora. - ele respondeu.

Com apenas 25 anos, Livia já carregava um histórico importante com as crianças, devido a sua paciência e eficiência ao lidar com elas. Em sua antiga escola conseguira fazer com que três problemáticos garotos passassem de ano com excelente notas. Com uma aparência de menina, Livia media 1,66 metros de altura e quase sempre mantinha seu cabelo castanho claro amarrado em um relaxado rabo de cavalo. Um rosto fino e de pele clara, ela era dona de um sorriso encantador. Seus olhos grandes e pretos mais pareciam duas jabuticabas.

Lucas: Professora?

Livia estava sentada em sua mesa, revisando alguns deveres. Erguendo a cabeça, olhou para o garotinho de cabelos espetados e óculos grande, que sentava na primeira carteira na sala.

- Sim, Lucas ?!- ela disse.

Lucas: Posso ir ao banheiro?

Livia: Claro.

Ela sorriu para ele, e Lucas rapidamente se levantou, caminhando para a porta. Em sua nova sala Livia tinha 25 alunos de sete anos de idade. Com boa memória, já decorara o nome de todos e agora começava a ver traços de suas personalidades. Lucas, embora muito inteligente, era calado e pouco se inturmava. Já Eduardo, um menino grande e forte, de cabelo sempre arrepiado e roupas da moda, parecia ser o "popular" da sala. Mateus, um garoto ruivo de sardas parecia ser o mais falante da sala, ao contrário do colega que sentava ao seu lado, o pequeno Ryan. Um garoto magro, cabelos castanhos e lisos, que carregava sempre com ele um pequeno caderno preto e já gasto. Ryan tinha dificuldades não só em fazer amizades como também em se comunicar com as pessoas. Livia já tentara falar com ele duas vezes, no entanto o garoto nada dizia. Chegou a achar que fosse mudo, se não o tivesse visto conversando com um homem, que Livia julgava ser seu pai, na entrada da escola. O pouco que falava era somente pra dizer que "sim" ou "não" e no maximo um "ok". Sempre sério e com cara de triste, Ryan apresentava péssimas notas e não foi preciso Livia observar muito para entender porquê.

Livia: Ryan?!

Todos já haviam saído para o intervalo, e Ryan estava se levantando para fazer o mesmo.

- Sim, professora Livia.- ele disse.

Ela fez sinal para que ele se aproximasse de sua mesa e, em silêncio, Ryan caminhou até ela.

Livia: Por que não fez o exercício que passei ontem?

Ela tinha na mão a folha dos exercícios de Ryan, que se encontrava em branco. Ele a olhou e depois abaixou a cabeça, calado.

Livia: Responda pra que eu possa entender, Ryan.

Ele mexia as mãos distraidamente. Parecia constrangido.

Ryan: Eu não sei, professora.

Livia: Não sabe porque não fez, ou não sabe o exercício?

- Não sei o exercício.- ele sussurrou.