Capítulo único

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Wolfram estava cansado. Estava cansado de correr atrás de um amor não correspondido. Estava cansado de se sentir abandonado quando o moreno não lhe dava atenção. Estava cansado de tentar fazer seu noivo o notar. Estava cansado de sofrer por Yuuri.

Já não aguentava mais olhar o garoto de longe... Com aquele sorriso... Com aquele sorriso que nunca era direcionado a si. Com aquela alegria, com aquela animação, com aqueles olhos tão lindos... Já não aguentava mais não poder toca-lo.

Sentia seu coração apertar toda vez que o Maou tocava alguém. Não que a inciativa partisse dele, pelo contrário, Yuuri não gostava de contato físico, mas sempre acabava por aceita-lo, e, na maioria das vezes, retribui-lo.

Sim. Na maioria das vezes. As únicas exceções eram feitas quando os abraços e outras formas de demonstração de afeto partiam de si. Em ocasiões como essa, o mais novo sempre encontrava uma maneira de se esquivar, uma maneira de se manter longe... Uma maneira de afastar-se de si.

E isso doía. Doía de mais. Machucava muito o frágil coração do loiro. Coração esse, que parecia não bombear mais sangue, uma vez que as únicas coisas que o príncipe sentia circular por sua estrutura era tristeza e agonia.

Mas o rapaz já havia se decidido. Havia decidido deixar de lado esses sentimentos. Decidiu bani-los para as partes mais remotas de seu interior e tranca-los a sete chaves... Só não esperava que seria tão difícil. Todas as barreiras que erguia eram postas abaixo como se fossem finas placas de isopor, apenas com um simples olhar um pouco mais intenso por parte do outro.

Entretanto, não podia continuar naquele estado. Tinha que se manter forte. Por mais complicado que fosse, deveria se libertar das correntes que o mantinham preso ao portador dos olhos negros. Portador daqueles olhos que o cativaram de imediato.

Passou semanas pensando. Semanas que somente pioraram sua situação, mas que depois de tanta angústia, possibilitaram o Mazuko a chegar a uma conclusão: Iria acabar com tudo. Iria por um fim naquela farsa de noivado.

Com isso, se levantou da cadeira onde estava e andou determinado até o quarto do moreno, contudo, a medida que avançava, essa determinação se dispersava dando lugar a dúvida e insegurança.

Será mesmo? Era realmente o correto a fazer? Acabar com tudo? Era bem provável que não tendo mais um compromisso com o “rei”, iria se sentir melhor. Mas... E se não funcionasse? E se mesmo depois de tudo continuasse a amar o moreno? Não seria pior? Afinal ele estaria livre para estar com quem quiser, e sem a existência do acordo matrimonial, o loiro ficaria incapacitado de fazer qualquer coisa. Se realmente acabasse com o “contrato”, teria que aceitar as decisões do Maou sem contestar. Ficaria de mãos atadas. Teria que se acostumar com a ideia de perder seu amado para sempre.

Parou de súbito em frente a porta do local ao qual desejava chegar. Sua mão já se encontrava posicionada sobre a maçaneta dourada, porém não tinha certeza se a girava. Não tinha certeza se queria encarar o garoto. Não tinha certeza se arriscar perder Yuuri era o certo a se fazer.

Foi então que se deu conta. Não era tão difícil. Não havia o porque de tantas duvidas. Se virasse a maçaneta e dissesse tudo que planejava para o rapaz, perde-lo não seria um risco. Seria um fato. Precisava apenas descobrir se saberia lidar com isso ou não.

Mas não podia fraquejar. Não podia dar para trás agora. Já tinha perdido tanto tempo com as lágrimas cortando seu belo rosto... Sim. Era realmente o certo a se fazer.

Respirou fundo soltando um suspiro pesado, e então finalmente rodou a maçaneta.

- Yuuri! – Chamou assim que adentrou o cômodo, ao mesmo tempo que fechava a porta, pegando o garoto desprevenido, coisa que rendeu um sobressalto por parte do mesmo – Nós temos que conversar.

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