Luke deitou a cabeça contra o vidro da janela, a luz do Sol criando reflexos coloridos na escuridão por trás de seus olhos fechados. O vento fazia com que alguns cachos de seu cabelo o fizessem cócegas na ponta do nariz e um sutil chiado nos alto-falantes dava um toque especial para a canção já antiga.
Respirou fundo, concentrando-se nas sensações que formavam uma trilha de pensamentos em sua cabeça.
É como se o tempo parasse. Você está preso em uma lembrança, daquelas felizes, em que tudo ocorre da maneira certa e nada pode lhe atingir. Parece quase... Eterno.
— Luke? Está me ouvindo? — a voz de Calum soava gentil, como se não quisesse acordá-lo.
— Sim, desculpe. O que estava dizendo? — endireitou-se no banco do passageiro, piscando os olhos. Algumas manchas arroxeadas flutuavam a sua frente.
— Nada demais, deixa 'pra lá. — checou os retrovisores para mudar de pista. — Vai demorar um pouco para chegar ainda. Pode voltar a dormir, se quiser.
— Só estava pensando... — corrigiu.
Calum olhou-o de relance antes de trocar a marcha. Um silêncio confortável preenchera o espaço entre eles.
— Eternidade. — o loiro voltou a dizer, degustando de seu significado e sonoridade. — Você acha que é real?
— Talvez. — ponderou, comprimindo os lábios. — Alguns momentos parecem eternos por que não se espera nada deles, apenas que permaneçam como são.
— Como assim?
— É como aquela velha frase: "Eu poderia morrer aqui e agora." — explicou, gesticulando com a mão livre. — Você não precisa de mais nada enquanto estiver ali, não tem medos ou preocupações.
— Está satisfeito. — Luke concluiu. — Então a eternidade é algo relativo. Eu posso ter momentos eternos, enquanto você ainda irá criá-los.
Calum sorriu, assentindo.
— As vezes acho que eu deveria pensar menos, para variar. — confessou.
O moreno estacionou, por fim, em frente a um prédio de altura modesta quando comparado a seus vizinhos. Um letreiro com as palavras Broken Scene Records piscava na fachada.
— Você tem uma mente peculiar, amigo. — riu, dando tapinhas no ombro do mais novo. — Mas é algo para se apreciar.
Luke negou com a cabeça, seguindo-o para dentro do estabelecimento com um sorriso involuntário no rosto.
— Parabéns, meu caro, você é mais um dos premiados para a lixeira da fama.
Michael falava para ninguém em especial, guardando o CD em sua respectiva capa e jogando-o de qualquer jeito na caixa preenchida com dezenas desses.
— Não vamos conseguir nada se você continuar descartando tudo o que ouve, sabe. — Ashton advertiu, jogando-se na cadeira ao seu lado com um grande suspiro.
— Não é minha culpa se as pessoas não sabem como fazer música de verdade. — deu de ombros, fitando o relógio sobre a mesa. — E você está atrasado.
— O quê?! — levantou-se de súbito, checando as horas no celular. 12h40. — Meu deus, eu deveria me encontrar com eles ao meio-dia!
Michael revirou os olhos, observando o colega andar de um lado para o outro, tentando organizar suas coisas apressadamente.
— Cale a boca e vá logo, Ash. Eu cuido disso. — levantou-se e foi até o rapaz mais alto, empurrando-o em direção à saída.
— Mas...
— Nada de "mas", não há tempo para isso agora.
Ashton parou repentinamente, virando-se para fitá-lo.
— Obrigado, Mike. Você-
— É demais, o melhor, você me ama... Acredite, eu sei. — interrompeu-o novamente, sorrindo de maneira presunçosa. — Agora vá. Nos vemos amanhã.
Ashton agradeceu-o uma última vez, prometendo que o recompensaria antes de enfim entrar no carro e dirigir até a gravadora, onde deveria encontrar seus colegas para discutir o início das gravações do primeiro álbum da banda.
Assim o resto do dia passou sossegado para Michael, que terminou de avaliar — ou melhor, rejeitar. — as propostas de artistas que desejavam uma chance no palco do estabelecimento e foi direto para casa, como de costume, para relaxar em frente à janela.
E mais uma vez, lá estava ele, com uma caneca nas mãos e os cabelos loiros esvoaçando em frente ao rosto.
"Será que ele consegue me ver?", Michael se perguntava.
Luke, porém, mantinha o olhar fixo no horizonte, alheio a tudo que acontecia a sua volta, vez ou outra se distraindo com os aviões que atravessavam as nuvens.
Uma estrela cadente cortou o céu, chamando a atenção de ambos. Fecharam os olhos e disseram juntos, há quilômetros de distancia, aquilo que seus corações mais desejavam.
Partir.
olá de novo meus caros
alguém pegou a referência do final rsrs? tô viciada no SGFG de novo gente, socorro
o que estão achando da fic, até agora? preferem caps mais curtos ou longos assim?
obg a tds que estão lendo e comentando, vcs já estão no meu <3
- Allie.
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- Da Janela. [ muke ]
FanfictionAquela em que Luke passa as tardes e noites na sacada, entretendo-se com os sons da cidade enquanto Michael o observa da janela de seu apartamento. @nightlywish. 2019. (fanfic inspirada na canção de Terno Rei, intitulada "Da Janela")