Ainda me Odeias?

Prólogo

Emily

Finalmente chego à casa de fraternidade onde Alicia e Miriam moram, ainda com os meus pensamentos num turbilhão. Eu acabei de o ver! Quer dizer, pelo menos foi isso que me pareceu... Não! Era mesmo ELE. Eu tenho a certeza! Nunca me esquecera daquele olhar verde intenso e daquele sorriso perfeito. Eu outrora fui a razão para aquele sorriso... e talvez  a razão pela qual esse mesmo sorriso desvaneceu durante tanto tempo. 

Antes de ir ter com a Alicia a sua casa para a ajudar a estudar para o seu exame, decidi passar primeiro pela Associação de Estudantes da Universidade. No final do ano letivo anterior, alguns membros convidaram-me para fazer parte da equipa e foi com agrado que aceitei. Tentei o mais rapidamente possível falar com os restantes colegas e compreender e priorizar o que seria necessário fazer para os próximos eventos da escola. Assim que estava tudo esclarecido e organizado, caminhei pelo campus em direção à casa de Alicia. 

Foi então que, ao afastar-me de um dos edifícios da escola, reparei em 3 rapazes que conversavam entre si. Uma voz pareceu-me familiar, pelo que fiquei a observá-los à distância. Um deles usava um boné verde escuro e estava encostado à parede ao lado de outro rapaz loiro que se encontrava a fumar. À sua frente estava uma rapaz de pele morena e cabelo extremamente preto. Parecia-me alguém que eu conhecia. Mas não, não deveria ser ele. Era só a minha imaginação a pregar-me uma partida, provavelmente porque já não comia à algumas horas e tinha andando de um lado para o outro o dia todo. Pelo menos foi nisso que acreditei até o rapaz de cabelo negro colocar-se também junto à parede, ao lado dos seus colegas. Era ele!

O rosto dele estava um pouco diferente, mas igualmente bonito. Na sua face, crescida uma barba escura, algo que ele pouco tivera enquanto estávamos juntos. O olhar continuava intenso e verde como uma esmeralda. Talvez tivesse um pouco mais alto agora, ou talvez eu achasse isso por não o ver à mais de um ano.

Dei por mim a olhar demasiado para ele. Espero que nenhum deles tenha reparado. Rapidamente segui caminho para casa de Alicia. O meu coração batia rápida e fortemente no meu peito e não era pela velocidade dos meus passos apressados.

Cheguei a casa de Alicia quase sem folgo. Acho que me esqueci de respirar algumas vezes pelo caminho. As perguntas eram imensas a pairar na minha cabeça. Porque é que ele estava no campus? Será que tinha entrado na universidade? Se isso era verdade, porque escolheu esta? Deveria ter ido cumprimentá-lo? O que lhe diria? Já não nos falávamos à mais de um ano e ele nunca pareceu querer falar comigo novamente. Não após aquele dia... O dia em que tudo acabou entre nós. 

Rapidamente na minha cabeça foram surgindo possíveis diálogos que poderiam ter acontecido se eu realmente tivesse ido ter ele em vez de fugir, como a cobarde que sou. Arrependo-me de não ter sido mais corajosa, no entanto algo me faz sentir desconfortável sobre a ideia de ter ido.

Talvez seja melhor assim. Afinal, o que é que eu lhe diria? Eu nunca fui muito boa em apresentações. Mesmo da primeira vez que nos falámos eu fui a confusão em pessoa. Pensar nisso faz-me rir com as memórias daquele dia. O dia em que tudo começou. Quando tudo era simples e ingénuo. Quando eu ainda não sabia que o meu coração era dele.

4 anos atrás

Estou na sala de aula sozinha, a organizar tudo o que for necessário para participar (e ganhar) o projeto de literatura. Charlotte, a minha melhor amiga de infância, foi quem escreveu esta maravilhosa história de mistério. Ela é a pessoa com mais imaginação que eu conheço e sei que o sonho dela é poder mostrar as suas histórias para o mundo futuramente. Então porque não começar agora? O concurso nacional de jovens escritores oferece aos adolescentes do ensino secundário a oportunidade de mostrar a sua criatividade e poderem ser reconhecidos por isso.