Prólogo

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          Naquela noite nublada e fria, eu havia tomado quatro aspirinas para aliviar a maldita dor de cabeça. Eu massageava as têmporas e tentava controlar a minha perna que involuntariamente, balançava ansiosamente.
         Naquela noite nublada e fria, eu olhava pela janela do carro e tentava entender o por que alguém faria àquilo a uma criança inocente. 
          Naquela noite nublada e fria, Ethan acelerava o carro enquanto acariciava a minha mão em uma vã forma de tentar me acalmar. Ele mantinha os olhos firmes e centrados na estrada.
          Naquela noite nublada e fria, Ethan abria a porta do galpão e firmava a sua pistola Walther P22 em sua mão direita na altura de seu ombro.
Eu decidira que eu iria deixar minha arma escondida na cintura, afim de mostrar um rosto amigável e paciente, um rosto disposto a entrar em um acordo. Eu estaria disposta a conversar e entender como e porquê, antes de enfiar uma bala na cabeça daquele doente. 
          Naquela noite nublada e fria, eu descobri que eu não era tão forte e corajosa como todos pensavam. Algo me fez debruçar sob uma cadeira velha e imunda.
O Cheiro metálico infestava todo àquele ambiente fazendo o meu estômago embrulhar. Eu permanecia imóvel diante daquele corpo coberto de sangue.
Algo dentro de mim tinha a louca esperança daquele corpo se levantar e mostrar para nós que tudo aquilo era um tremendo engano. Que o cheiro era um aromatizante artificial... que o sangue era artificial. Que tudo era uma brincadeira. Mas então eu tomei coragem, me aproximei do corpo e toquei sua pele. Ela estava tão fria que provocou instantaneamente calafrios por todo o meu corpo.

E naquela noite nublada e fria, eu senti o que raramente sentia, EU SENTI MEDO.


O Misterioso Caso de Peter JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora