Estava quente.
A casa noturna estava abarrotada de pessoas. Loiras, morenas, ruivas e coloridas. "Dark and Wild" não era o melhor nome para uma balada, isso é verdade, mas o nome vinha da famosa brincadeira de "apagão" durante a noite e da falta de limites que a casa possuía. Um bom local para sexo fácil e parcialmente grátis, já que a entrada era cara, assim como o cardápio de bebidas. E era por esse motivo que eu era um cliente assíduo, a ponto de ser chamado pelo apelido pelos funcionários da casa.
A casa presava o sexo livre, inclusive incentivava a prática. Na entrada, além do ritual de comprovação de maioridade, revista e cadastro de comanda, era solicitado que os frequentadores versassem sobre sua sexualidade, já que no pulso de cada um era colocada uma pulseira fluorescente que indicava sua orientação sexual. A minha era um tom de azul: homem bissexual ativo.
A brincadeira famosa só acontecia depois das 02:00 e consistia em um alarme alto que avisava que as luzes – que convenhamos, já eram escassas – seriam apagadas, deixando o local em uma completa escuridão. Durante este período, tudo que já era permitido era ainda mais livre. Um segundo alarme tocava para sinalizar que as luzes seriam retomadas, dando assim um tempo para as pessoas se reorganizarem ou se separarem, a fim de manter o anonimato de quem havia se atracado na pista de dança. A ideia principal era você pegar e ser pego sem saber exatamente por quem. E eu simplesmente amava essa parte da noite.
Para aqueles que queriam mais privacidade com conhecidos ou com anônimos, podiam desfrutar de um dos quatro dark rooms, dignamente separados por sexualidades – heterossexual, bissexual, mulher homossexual, homem homossexual – para que ninguém fosse abordado de maneira imprópria. Sinceramente, eu preferia frequentar o quarto bissexual, já que lá era mais fácil encontrar caminhos a serem penetrados. Eu não era fã de ser passivo, definitivamente. E hoje não seria diferente.
Entornei o restante da vodka com limão, a quarta dose desde que eu começara a contar. As luzes psicodélicas e fluorescentes ajudavam na manutenção de minha embriaguez, o que eu sinceramente gostava. Olhei no relógio acima das garrafas que enfeitavam a parede do bar, observando que faltavam dez minutos para às 02:00. Estava quase na hora de encontrar a foda da noite. Eu precisava ir à caça.
Depositei o copo, preenchido apenas com a rodela de limão, sob o balcão, acenando com a cabeça para o barman. Jin era o nome do rapaz esguio e de cabelos róseos que sempre me servia doses mais generosas de álcool. Ele era hábil com as mãos, sempre dançando enquanto preparava os drinks.
Deixei a área do bar, que ficava separada da pista de dança. O local era extremamente charmoso, com uma decoração retrô chic. Adentrei a pista lotada de corpos suados. A casa não tinha ar condicionado na área da pista, uma jogada de mestre para que todos suassem ainda mais, e o clima sempre fosse de pós sexo.
Esbarrei em corpos diversos, analisando aquele ou aquela que seria a minha presa da noite. A baixa luminosidade atrapalhava um pouco, no entanto, o esquema das pulseiras me ajudava na empreitada de escolha. Hoje eu estava a fim de uma pulseira laranja – homem bissexual passivo – ou uma verde – homem homossexual passivo.
Avistei uma pulseira verde bastante interessante, presa no pulso de um rapaz usando uma camiseta branca e um jeans preto deveras apertado. A visão cortada pela luz pulsante dificultava a visão plena daquele corpo. Ele parecia ter uma pele mais clara que a minha e era bastante forte. Quase me perdi nos pensamentos de que ele parecia ser ativo pelo porte físico, chegando a ficar confuso se ele realmente tinha pegado a pulseira de cor certa. Mas foda-se, a cor verde me dava permissão para beijá-lo.
Aproximei-me sem velocidade, não queria ser visto. Parte da graça era não ser reconhecido, ganhar uma noite de sexo fácil e ir embora mais bêbado e mais pobre.
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Dark Room
FanfictionKim Taehyung era frequentador assíduo da Dark and Wild, uma casa noturna que presa pela liberdade sexual.