Um mês depois
Tudo estava parecendo se encaixar na clareira. Eu havia me aproximado muito de todos os clareanos daquele lugar e já aceitava que fazia parte dali. Cada um com suas qualidades e defeitos.
Alby sempre era a primeira pessoa que eu via quando acordava. Ele sempre estava de pé bem cedinho para organizar tudo. Era incrível como ele sempre estava sorrindo de manhã, como se amasse aquilo que fazia. O primeiro "bom dia" do dia vinha sempre dele. Era ele também que tentava manter a ordem e equilíbrio quando eu era o assunto, como por exemplo, evitar que Caçarola fizesse apenas minhas comidas preferidas, pois não devia ter favoritismo quando eu era o assunto.
Mas isso não impedia Caçarola. Ele simplesmente se fazia de tonto e dizia que estava programado para fazer o que eu gostava, mesmo sem perceber. Eu não reclamava, é claro.
Adoro comer.
E entrar na cozinha e ver Caçarola sorrindo, apontando para a panela e dizendo que tinha feito algo para mim, era uma das melhores partes do dia. Além da parte de comer aquela comida, claro.
Por mais que Minho ficasse o dia inteiro no labirinto, eu não conseguia mais viver sem ele. Eu acordava cedo só para desejar boa sorte para ele. Virou como se fosse uma tradição e eu fazia questão de perder meu sono só para cumpri-la. Uma parte de mim ficava muito preocupada com ele e com medo de algo acontecer, por isso, estar lá quando ele saía e quando ele voltava me deixava mais aliviada, como se eu tivesse maior controle da situação.
Mesmo eu não tendo.
E depois dele voltar, Minho era quem me fazia rir. Ele sempre contava as melhores piadas durante o jantar e contava suas aventuras no labirinto, mesmo eu já sabendo que várias delas eram mais dramáticas do que a realidade.
Gally era o bipolar da história. Em um dia ele passa a madrugada inteira para fazer o meu quarto sozinho (que ficou lindo, por sinal), já em outro ele não olha na minha cara e fica mandando indiretas bem grosseiras e bufando. Porém eu aprendi a não me importar mais com isso. Eu gostava de irritá-lo e sabia que ele não iria fazer nada de ruim para mim.
Newt era a minha caixa de segredos, a pessoa que eu mais confiava naquele lugar. Eu acabei indo trabalhar com a jardinagem, mesmo odiando aquilo e por isso fiquei muito próxima dele. Tínhamos um combinado que era só nosso: toda vez que ele mexia na ponta do nariz, significava que queria falar comigo. Assim, eu esperava ele em meu quarto depois de todos terem ido dormir e conversávamos durante a noite. Foi ali, em uma daquelas madrugadas, que nos abríamos um para o outro. Foi ali que eu contei todas as minhas aflições e ele me contou o motivo de ser manco.
E Clint... Era um dos meus melhores amigos. Ele sempre dava um jeito que fugir de seu trabalho e vir falar comigo. Ele sempre acenava de longe e se exibia para cima de mim. Ele sempre era a pessoa que me persuadia para fazer as coisas erradas, como começar uma guerra de comida e sair correndo pela clareira de madrugada, acordando todo mundo. Alby sempre dava broncas em nós dois juntos. Inclusive, a primeira vez e única que fui para o amansador, foi junto com ele. A adrenalina que acompanhava Clint era a melhor parte dele.
Além disso, todos os clareanos ali me ajudavam de alguma maneira. Eu sabia o nome de todos e já tinha conversado com cada um.
E com isso meus dias na clareira iam passando.
Estávamos no refeitório jantando. Minho, como sempre, estava contando alguma piada para mim e para outros meninos na mesa.
-Jane, você já está engordando de tanto comer - Minho disse fazendo cocegas em minha barriga.
Ri e olhei para o lado. Newt, que estava mais longe, passou o dedo de leve na ponta do nariz, me encarando. Fiz o mesmo, curiosa para saber o que ele tinha para me falar.
Até que senti alguém se sentando ao meu lado, bem próximo. Era Dylan, um dos construtores.
-Oi Jane - ele disse me encarando de forma estranha.
-Oi Dylan - respondi tentando ser simpática.
-Sabe, eu queria saber... Por que não nos encontramos hoje a noite? Tenho certeza que poderíamos nos divertir juntos.
Seu olhar tinha pura malícia. Percebi que ele colocou a mão dele em cima da minha coxa. Abri a boca para responder, mas Minho já tinha feito isso para mim.
-Mais respeito com ela, seu mértila! - ele falava alto - Ela não é nenhuma prostituta para divertir você quando você bem quiser!
Fiquei brava por vários motivos.
Em primeiro lugar, pelo o que Dylan tinha pedido. Ele me encarava como se eu fosse uma comida, algo que eu não tinha visto por ninguém ali antes. Sua ousadia me deu nojo. Em segundo, Minho tinha ouvido a conversa e ainda tinha se intrometido, tentando me defender. Eu saberia muito bem fazer aquilo sozinha.
Mas a pior parte foi que, pela sua voz alta, Minho chamou a atenção de todos os clareanos que estavam ali. E aquilo foi o suficiente para todos surtarem e tentarem me ajudar. Alguns se levantaram e puxaram Dylan para mais longe de mim, outros xingavam ele de várias maneiras possíveis. Outros vieram perguntar se eu estava bem.
Eu apenas subi no banco que estava sentada, ficando mais alta que todos ali e olhei brava para todos os meninos.
-Chega! -gritei e todos ficaram quietos na mesma hora, me encarando.
Respirei fundo, tentando me acalmar.
-Ficar presa em um lugar com 50 meninos pode parecer o paraíso para uma garota, mas está sendo mais para o inferno! Dylan, não quero me "divertir" com você, arrume outro jeito de sanar seus desejos como sua própria mão e não olhe mais para mim com esse olhar malicioso, pois me da nojo.
Todos ainda me encaravam.
-E para os outros: eu não preciso da ajuda de 50 homens. Consigo fazer sozinha e vocês sabem muito bem isso. Se eu precisar, prometo que peço ajuda. Por favor, se controlem! Eu já disse uma vez e vou repetir: controlem esses hormônios! Não resolvemos nada com briga ou gritaria. Obrigada.
Já estava quase descendo na cadeira, quando Gally se levantou de onde estava sentado.
-Acho que você devia sair do pedestal, literalmente - ele disse - Trolha, todo mundo aqui tentando te defender e você fica brava! Fica pedindo para ninguém te tratar diferente por ser uma garota, mas no fundo adora quando ganha privilégios. Você pode ser a única garota aqui, mas não é o centro de tudo! Acho que quem devia repensar é você.
Senti aquilo como um tapa na cara. Ali, na frente de todo mundo, Gally mostrou que poderia sim me machucar, algo que eu achei que ele nunca faria comigo.
Desci da cadeira e me retirei o mais rápido possível do refeitório, indo direto para meu quarto.
-Jane! - Newt gritava atrás de mim.
Apressei os passos, tentando sair dali, mas ele me alcançou mais rápido.
-Jane!
Newt estava agora na minha frente, me olhando preocupado.
-Saí daqui Newt! Eu não quero falar com ninguém!
-Você está chorando? - ele perguntou.
Naquele mês inteiro, aquela era a primeira vez que eu chorava e eu me odiava por isso.
-Quero ficar sozinha. Não venha de noite aqui.
E com isso entrei em meu quarto.
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Em breve começaremos as votações! Vocês já pensaram?
Eu ainda não sei se vou deixar vocês escolherem o par romântico dela!
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Pregnancy in the field - Maze Runner
FanfictionE se Ava Paige tivesse mandado uma garota grávida para a clareira? E se um dos vários meninos que ali estavam fosse o pai, mas não soubessem quem? Jane é mandada pela caixa como a primeira garota, mas ela faz parte desse experimento para saber com...