Capítulo três

8 0 0
                                    

Estou num jardim com imensas flores, com as mais variadas cores, não, aquela menina não era eu, só era muito parecida, aparentava ter onze ou doze anos era muito sorridente, coisa que eu nunca fui, só não entendia o que ela fazia em meu sonho.

Tinha que ser um sonho, certo?!

Corria descalça sorrindo ao mesmo tempo que seu lindos cabelos negros e cacheados balançam com a ajuda do vento, vestia um lindo vestido verde claro e parecia que não me via, por impulso a segui, parou ofegante em uma cachoeira e bebeu a água que parecia cristalina, e sentou como se esperasse alguém, fui me aproximando devagar e sentei ao seu lado, ela me olhou e sorriu, ela era linda e seu sorriso era contagiante por isso também sorri olhando em seus olhos cor de mel como os meus.

Ela se aproximou e me abraçou com suas mãos tão delicadas, este gesto por algum motivo me afetou, aquele abraço parecia tão real, tão genuíno, tão sincero que encheu meu coração de alegria e uma paz que não conseguia explicar.

- Nunca esqueça que te amo, mas agora não é o momento... Mas... você precisa tomar cuidado, não confie neles, eles se escondem em pele de cordeiro mas são maus, muito maus - diz ainda me abraçando - eles sabem... Não, eles não podem me encontrar - diz me deixando abruptamente e corre sobre as águas cristalinas que antes bebia.

Como isso é possível?

Acordo com alguém me sacudindo desesperadamente, abro os olhos e sinto braços me envolvendo.

Meu corpo suava, e tremia descontrolado, não entendo o que acontece comigo nos últimos dias, tenho visões e sonhos muito estranhos, e essa menina desconhecido está sempre presente.

Quem será ela?

- Foi só um pesadelo meu amor - meu pai disse me abraçando preocupado, olhei no meu relatório de mesa que marcava 3 horas e 12 minutos da madrugada - não se preocupe... Nós estamos aqui, está tudo bem meu amor - senti os braços da minha mãe também me abraçando e por algum motivo meu corpo ainda tremia, mas tudo ia ficar bem, ao menos era esse o meu desejo.

Mas desde quando as coisas acontecem como quero na minha minha vida?

***
Acordei me sentindo melhor principalmente por ainda sentir os braços do meu pai, é tão bom ter ele como pai, posso não ter amigos mas nunca vou me queixar por falta de amor pois meus pais me dão e até sobra, eles são às pessoas que mais amo no mundo, não que existam muitas, mas eles são os melhores pais do mundo.

Me levanto com o objetivo de fazer o menor barulho possível e decido me preparar a tempo, não posso atrasar novamente, mas minha tentativa falhou:

- Como está a mulher mais linda desta casa? Dormiu bem? - pergunta demostrando muita preocupação.

- Acho que bem, não tive mais pesadelos graças a Deus - digo com os olhos fixos nos deles - agora será que o senhor poderia sair para eu me preparar? - pergunto o mais educada possível.

- Quê? Eu aqui preocupado e a primeira que você faz é me expulsar do seu quarto? Que decepção filha, isso não é ... - meu pai fez uma encenação de triste meio que exagerada, mas o intenrompo.

- Calma pai, eu agradeço por você me amar tanto, você não sabe o que isso significa para mim, mas não quero me atrasar, o que tem acontecido muito ultimamente... Então, você sabe que adoro seus mimos - caminho até ele, lhe dando o abraço apertado, o suficiente para amolecer seu coração.

- Tudo bem, meu amor - diz, beijando meu rosto - já estou de saída - finaliza, saindo.

Vejo a hora, constatando que me restam 30 minutos para me preparar e não atrasar, faço minhas cama e me dirijo ao banheiro.

***

Hoje o dia está lindo, os raios de sol beijavam minha pele enquanto caminhava para o colégio feliz, por sorte não me cruzei com minha irmã, por isso tomei o pequeno almoço com meus pais apenas.

Virei a esquerda para rua que dava ao colégio, e estranhei a calmaria pois naquele hora era normal que estivesse com um aglomerado de gente, mas dei de ombros e continuei caminho.

Foi repentino, uma voz estranha ecoou em minha mente, falava muito rápido que não me permitia perceber, tudo começou a girar, minha visão ficou turva e todo meu corpo doía.

Gritei.

Um grito estridente que fez-me crer que algo quebrava dentro de mim, meus pés fraquejaram e teria um grande encontro com o adorável chão se não fossem os braços fortes que me seguraram impedindo a queda.

E assim como a dor veio ela desapareceu e as coisas foram voltando ao normal, mas a voz continuou, mas diferente daquele momento agora eu percebia.

Não confie neles.

A voz repetia incansável.

Olhei para a pessoa que impediu minha queda e meu corpo tremeu. Eram aqueles olhos azuis, com aquele olhar mortal de puro ódio que me davam medo, ele não falou nada somente continuou me encarando como se procurasse algo em mim e pudesse ver minha alma.

Não aguentava mais, comecei a me debater, ele me soltou, por instinto comecei a correr, parece que o olhar dele me causava um efeito pior que a dor que sentia.

Entrei apresada no colégio e nem consegui cumprimentar o porteiro, me dirijo ao banheiro para tentar recuperar minhas forças.

Tinha algo muito estranho acontecendo comigo e isso me dava muito medo. Lavei meu rosto e mirei meu reflexo no espelho, eu estava normal ou quase porque... Quê?

O que diabos está acontecendo aqui?

Se não estou a ver a dobrar, alguma coisa muito errada está acontecendo aqui. Eram dois reflexos meus, ou quase isso, pois um deles tinha a pele pálida e tinha olhos verde esmeralda.

"Não grite, você nem devia me ver, mas eles foram muito espertos porque ainda não sei quem são, mas eles estão muito perto... Não é seguro para você ficar aqui"

Meu reflexo bizarro falava, quase em sussurro, me deixado mais assustada do que já estava. Isso só piorou quando ela saiu do espelho.

E gritei. Gritei com tanta força que sentia minha garganta doer.

"Pare, ninguém está lhe escutando porque isso só está acontecendo em sua mente, portanto se acalme, se você continuar assim eles vão perceber... Não confie neles e aja naturalmente"

Terminou e desapareceu no mesmo instante, pisco algumas vezes e tento me convencer de que minha mente acabou de me pregar uma peça, mas isso ficou na tentativa, lavei meu rosto novamente a tempo de ouvir o sinal, faço um grande esforço para juntar a pouca força que me resta e me dirigir a sala de aulas, com a esperança de meu dia melhorar.

Coisa muito menos provável.

Evelyn-A princesa perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora