IV - Nefasta Discussão

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Removendo todos os traços de emoção de sua face, Melanie agachou-se ao lado de seu irmão e estudou sua respiração. Um silêncio solene instalou-se por toda a arena e todos ali presentes prenderam a respiração, a fim de escutar o veredicto da semideusa caloura entre eles.

- Tragam água - ela disse grosseiramente. - Imediatamente.

Por alguns poucos instantes, ninguém moveu um centímetro. Até que um garoto robusto aproximou-se dos irmãos com um balde pesado.

- Aqui está, filha do mar - sua voz não vacilou ou demonstrou sentimentos, surpreendendo a garota. Esta, por sua vez, apenas pegou um pouco da água e jogou delicadamente sobre os olhos de Percy. Assim que eles abriu os olhos, ela se virou para encarar o garoto que havia sido tão corajoso.

Estudando-o por alguns minutos, ela se questionou se seria coragem ou imprudência que o levou até ali. Ela esperava que todos estivessem tímidos demais ou mesmo arrogantes o bastante para apenas ignorá-la como haviam sido a manhã inteira. "Talvez eu tenha me enganado". Ela jamais admitiria, mas o pensamento dava-lhe náuseas, pois, se estivesse errada, significaria que haveria semideuses que poderiam ser recrutados para sua guarda.

Preferindo deixar o pensamento para outro momento, concentrou-se novamente em seu irmão, ajudando-o a levantar-se e estabilizar-se sobre as duas pernas.

- Você precisa ser mais rígido em seu treinamento, Perceu - E com esse último comentário, ela saiu, dirigindo-se à Grande Casa silenciosamente, passando por entre os observadores, que abriam caminho sem hesitar.

- Você está bem? - ouviu o garoto robusto perguntar a Percy, mas não se deu ao trabalho de ficar para escutar a resposta.

Assim que aproximou-se da imponente construção, a semideusa avistou Quíron em sua forma natural observando-a com um ar preocupado.

- Você deveria pegar mais leve com o garoto - disse em sua voz levemente rouca.

- Se eu pegar leve, ele jamais será capaz de cumprir seu destino - ela suspirou, de repente sentindo-se tremendamente exausta e desgastada, da maneira que só se permitia junto ao seu antigo tutor. - Ele precisa perder o orgulho, meu amigo. Preciso que ele entenda.

- Não questionarei seus métodos, minha cara. Apenas quero que reflita se é mesmo necessário - ele a encarou, procurando algum sinal de entendimento, mas só o que encontrou foi uma expressão vazia e um olhar saudoso. Ele sabia que as eternas lutas internas que a garota à sua frente tinha diariamente se mostravam desafio suficiente para que ela perdesse a humanidade. Sabia que ela ainda tinha muito a sofrer pelo caminho, mas não havia nada que pudesse fazer para ajudá-la. Em vez de questioná-la mais, portanto, resolveu apenas mudar de assunto, deixando este para mais tarde. Só esperava que não tarde demais. - Já começou os preparativos para a Guarda?

- Eles estarão aqui em breve. Espero que não haja atrasos, eles não me veem há duas luas... Digo, dois meses - ela observou o horizonte antes de continuar. - Assim que chegarem, preciso que me conceda um tempo com eles na Grande Casa, sem interrupções - ela fitou o centauro, deixando claro que não fora um pedido.

- Ora, ora... Olha só o que temos aqui! - disse uma voz vinda do interior da casa. - Malenie resolveu se juntar a nós para o café da manhã?

- Dionísio, por favor, eu realmente adoraria ter tempo para deliciar-me com sua companhia - respondeu com a voz carregada de sarcasmo. - Mas tenho coisas mais urgentes. Com sua licença - ela fez uma breve reverência enquanto o Deus tomava-lhe a mão e depositava um beijo suave. Então, retirou-se em direção à enfermaria, com esperanças de encontrar seu irmão por ali.

O dia estava agitado no Acampamento Meio-Sangue. Todos os semideuses estavam agitados com seus afazeres e a preparação para o caça bandeira que ocorreria à noite. Em uma época diferente, Melanie também aguardaria ansiosa pelo jogo, sem grandes preocupações ou responsabilidades.

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