4 - Castelo de areia

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Já são onze horas quando eu acordo. Acabou que com aquela história de compor eu só fui dormir seis da manhã de hoje. Mas pelo menos fiz algo de útil.

Eu gosto de compor e quando começo... bom, não consigo parar até chegar no resultado que eu espero. E como eu espero a perfeição, ou algo perto disso, geralmente leva um bom tempo.

Meu celular toca me assustando, mas estou com preguiça de mais para me levantar então atendo sem ver quem é.

- Onde você estava ontem, seu bastardo? - um homem pergunta bem irritado do outro lado da linha

- O que? - pergunto confuso. Eu mal acordei e a pessoa já chega reclamando, assim não dá.

- Minha filha ficou a tarde inteira esperando a merda do urso aparecer e a festa acabou e não tinha urso nenhum.

Merda.

Me culpo mentalmente por ter esquecido da festa de ontem.

Levanto o rosto do travesseiro para falar direito.

- Me desculpe, senhor, eu realmente não tive a intenção de...

- Vai se f*der - ele desliga e suspiro me jogando na cama.

Que merda, eu não devia ter esquecido do aniversário da menina. Eu sou um idiota.

Por que não anotei a merda do...

Grito com o rosto contra o travesseiro para me acalmar, não tem mais nada que eu possa fazer agora.

Resolvo colocar alarmes para as festas que eu tenho ao longo da semana e penso em cancelar algumas, mas depois penso que está muito em cima da hora e no prejuízo que daria as e desisto.

Coloco um macarrão instantâneo no micro-ondas e penso em passar para comprar outro vinho mas lembro do ensaio da pirralha e acho melhor não chegar lá com hálito de álcool.

Tomo um remédio para dor de cabeça e volto a deitar na cama. Eu devia ensaiar Für Elise, mas eu estou com tanta preguiça.

- Mas se eu fizer besteira na frente de meia dúzia de pirralhas não vai ser legal - penso alto.

Como meu macarrão e sento no piano.

Resisto à tentação de tocar o que compus ontem, porque sei que se começar não vou parar. Então começo a ensaiar a música de Beethoven.

Eu realmente queria saber porque as pessoas, principalmente as garotas, gostam tanto dessa música.

...

Encaro a fachada da escola de dança, por que eu me meto nessas coisas?

Suspiro cansado e entro no local.

- Quem é você? - a recepcionista pergunta.

- Min YoonGi - falo. - Eu vim ensaiar com a... - ótimo, esqueci o nome da garota.

- Ah, oi - a pirralha fala. - Eu não sabia seu nome - diz com vergonha.

- Tudo bem, eu não devo ter dito.

- Vamos. Joo, Ele vai ensaiar com a gente na sala um.

- A senhora Soon já sabe?

- Sim - a garota fala.

- O.K.

Ela me ajuda a carregar os pés do teclado e me guia pela escola.

- Esse lugar é imenso - falo e ela ri.

Quando chegamos na sala ela bate na porta e espera a, provável, Sra. Soon lhe dizer que pode entrar para que o façamos.

Ela me apresenta as meninas e a professora, mas claro que eu não gravei o nome de ninguém.

- Me desculpe pela inconveniência - a professora fala me ajudando a montar os pés do teclado e encaixálo na tomada.

A encaro confuso.

- Do que está falando?

- Do teclado - diz. - Do senhor ter que ficar andando com isso por aí.

- Ah... tudo bem, eu não me importo. Só acho que no piano o som sai melhor.

- Mas se a Nana tivesse avisado antes eu teria pedido a sala com o piano.

- Vocês têm um piano? - pergunto incrédulo.

- Temos três - ela diz. - Dois em salas e um no teatro, que é de calda.

Nossa, eu quero um piano de calda. Mas ainda é um sonho impossível.

- Além disso - ela comtinua. - Não são usados quase nunca. Faz tempo que não temos um pianista para as aulas.

- Por quê? - pergunto.

- Porque vocês são caros, garoto. Está fazendo praticamente de graça para as meninas. Nem está cobrando para vir ensaiar.

Eu devia cobrar por isso?

Estou prestes a perguntar quando "Nana" fala.

- Estamos prontas.

- Certo - a professora fala e antes que possa me posicionar no teclado ela solta a música no som.

A encaro confuso e ela fala:

- Você nunca fez isso, não é? Apenas olhe uma vez. Assim não vai se distrair depois.

Ela nem sabe se eu vou me distrair. Expiro irritado e presto atenção na dança.

Até que as pirralhas dançam bem.

Quando termina a professora faz várias reclamações.

- De novo, dessa vez com ele tocando.

Me posicionou e concentro para não errar nada.

- Lee, você é surda? Não ouvi a primeira vez que disse para baixar o braço? E você, Suzie, tem que subir a linha do seu arabesque, está muito mais baixo que a das outras...

Essa mulher só faz reclamar.

Antes da quarta vez ela me diz:

- Eu vou gritar, não se assuste.

- O quê?

- Pode começar - fala e faço.

Então no meio da música ela começa a gritar os erros das garotas.

Isso me faz lembrar das minhas aulas de música. Pelo menos já me formei.

Quando termina eu já estou com dor de cabeça de novo.

- Ei, senhora - chamo a professora quando a aula acaba. - Vocês não estão precisando de um pianista? - pergunto.

Eu devo ser louco, mas um louco que cansou de se fantasiar para tocar em festas infantis.

- Eu já falei, vocês são muito caros e...

- Mas eu não tenho experiência. Nem sei quanto se paga por isso. Eu faço por cem mil a aula - falo.

- É... não está caro... mas é um trabalho integral, de sete às dez.

- Duas horas.

- Catorze horas - ela corrige.

- Sem almoço?

- Duas horas de almoço.

- Eu posso - falo.

- Certo, eu vou falar com a diretora.

- Muito obrigado - falo me curvando.

- Deixe de besteira e vá logo antes que a próxima turma chegue.

- Certo, Obrigado - falo saindo.

Se conseguir esse emprego vai ser ótimo, pelo menos por um mês ou dois, depois eu posso até voltar para as festas.

NÃO REVISEI, SORRY, TÔ MORRENDO DE SONO.

TAMBEM N SEI SE A MIDIA VAI PEGAR, SE N ESTIVER APARECENDO ME AVISEM PFV

Forever - MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora