O cheiro de café recém passado invade meu quarto e perfura meu estômago com a força de um martelo.
Já é manhã, eu sei, mas os passarinhos nem começaram a cantar ainda e o céu mal teve tempo de clarear por completo. No entanto, o mais estranho mesmo é imaginar que meu pai, um ogro invicto, teve a iniciativa de acordar cedo para preparar algo.
Por isso, me forço a empurrar as cobertas quentinhas para longe do meu corpo antes de deliberadamente ganhar um choque térmico ao ousar colocar o pé no chão gelado.
Droga, eu sabia que devia ter colocado meias.
Olho ao redor, sentindo meu raciocínio começar a acelerar aos poucos para só então trazer meus sentidos de volta à vida.
Ok, tô em casa.
Eu tô definitivamente em casa. E esse cheiro é, sem sombra de dúvidas, cheiro de comida.
Mas meu pai não sabe cozinhar, o que me leva a pensar na possibilidade de ele ter sido sequestrado e substituído por uma cópia imperfeita, mas claramente mais disposta e produtiva.
Ando com cuidado, ainda meio tonto, meio letárgico, até a cozinha. Minhas pernas formigam um pouco, provavelmente por terem ficado na mesma posição por tempo demais, e um gosto ruim sai do fundo de minha garganta para tomar minha boca por inteiro.
O frio está intenso, meus ouvidos doem e tenho a impressão de que estou prestes a ter uma surpresa. Talvez meu pai realmente tenha se empenhado para aprender novas receitas que não incluam um microondas antigo e potes de ramen.
É improvável, mas é possível, certo?
Quer dizer, deve ser mais provável do que a hipótese de ele ter sido substituído por seu doppelgänger multifuncional.
- Bom dia, querido! Acordou cedo - a voz tão familiar me alcança de repente.
Ah, claro. Sora. Eu deveria saber.
- Bom dia... - respondo enquanto olho ao redor, confuso sobre a quantidade de equipamentos esquisitos espalhados aleatoriamente por minha cozinha. - O que é tudo isso?
Sora desliga o fogo e abre a torneira para lavar as mãos, para só então se virar para mim com seu sorriso assustadoramente grande e animado.
- Hoje é seu dia de sorte! - e diz, radiante como nenhum outro ser humano consegue ser às cinco e meia da manhã.
Coço os olhos, duvidando da verdade em sua afirmação.
Porque, vamos lá, não é desse jeito que se acorda em um dia de sorte. Pelo contrário. Se esse fosse mesmo um dia especial, eu estaria acordando às cinco e meia da tarde.
- Isso é crochê? - pergunto com o cenho franzido, tentando entender qual a necessidade de encapar uma bolinha de gato com um pedaço de pano.
Pera aí...
Gato?
- O Docinho quer conhecer o titio Tae!
Olho para frente a tempo de ver o bicho esmagado desajeitadamente nos braços de Sora, que anda na minha direção com uma expressão que só foi vista antes na cara do diabo.
- Desde quando a senhora tem um gato?
- Desde quando ele apareceu lá em casa, ué - conta distraída enquanto passa seu nariz vez atrás de vez pelos pêlos do bichinho. - Ele não é a coisa mais fofa que você já viu nessa vida?!
O gato, que antes se esfregava carinhosamente na bochecha de Sora, me olha com seus olhos de lince raivoso, e ainda tem a pachorra de me mostrar seus dentes felinos e extremamente afiados numa espécie de ameaça silenciosa.
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Rose-Colored Boy ❧ Taekook
FanficObrigado a cumprir algumas semanas de trabalho como parte de um castigo, Taehyung vê sua vida monótona e entediante virar de cabeça para baixo ao cruzar seu caminho com o do turbulento Jungkook. Da maneira mais inesperada possível. × Jeon Jungkook...