Isabela esteve esperando ansiosa durante toda a tarde e então chegou a noite. Ela contava cada minuto, cada segundo. Ela se sentia caindo num abismo profundo todas as vezes que a moça dos longos cabelos negros não estava. Ela se sentia sozinha, não que não tivesse sempre estado sozinha, mas agora era diferente. Quando aquela mulher estava, ela sabia o que era estar acompanhada. Ela não entendia por que não podia se aproximar, por que ela não tinha a oportunidade de ter ao menos um beijo. Mas ela sentia que hoje tudo iria mudar. Ela sorriu, timida. Sabe o que mais? Ela deveria ouvir uma música. Ela levantou e ligou o som. Ela cantou junto.Quando Karma finalmente chegou, com um buquê de rosas lindas, vermelhas, ela estava com um vestido branco, soltinho. Seus olhos azuis, hoje pareciam diferentes... tão enigmáticos. Isabela não prestou atenção nisso, tudo que ela viu foram as flores. Ela nunca ganhou flores.
- Eu espero que você goste de coisas cafonas. – Karma disse, quase sorrindo. Aaaah... Isabela nunca se cansava do seu sorriso, mas hoje ele parecia diferente... distante. Devia ser coisa da cabeça dela. Ela pegou as flores com um sorriso largo, isso não poderia ficar melhor. Ela cheirou as rosas.
- Quase tão cheirosas quanto você. – Ela observou.
- Que lisonjeio. – Karma respondeu, sorrindo de volta. Ela tirou um pendrive do bolso. – Eu trouxe um filme para assistimos. Eu também trouxe vinho e hoje eu vou cozinhar para você. Você gosta de risoto?
- Eu vou amar qualquer coisa feita pelas suas mãos. – A menina parecia mesmo empolgada.
Isabela observava como Karma cozinhava e nunca deixava de ficar estupefata com tanta graça em tudo que ela fazia. No radio, começava a tocar a sua música preferida. Ela começou a cantar. Karma olhou-a e ela parou, sem graça.
- Você não deveria parar, eu gosto de te ouvir cantar. – Ela fez uma pausa, respirou e completou, abaixando o tom de voz, quase que dizendo só para si: – Me lembra alguem que eu conheci há muito tempo...
- Quem?
- Eu mesma.
- Eu nunca te ouvi cantar.
- Eu não canto mais.
- Por que?
Ela não respondeu. Começou outra música. Ela mudou de assunto.
- Você sabe dançar?
- Não... - Isabela disse, tímida, fazendo cara de decepcionada.
- Eu também não sabia, mas se eu aprendi eu posso te ensinar. – Karma disse, tirando os sapatos dos pés e tomando a moça em seus braços. Ela tentou guiá-la, sem sucesso. Ensiná-la tomaria mais que uma noite e ela não tinha todo esse tempo. Ela pegou a garota pela cintura e colocou os pés dela sobre os seus. Isabela ficou tímida, ela escondeu seu rosto no pescoço de Karma e ficou ali, refugiada, amparada, enquanto a mulher movimentava ambos os corpos no ritmo lento da música. Karma beijou o topo de sua cabeça.
- Vamos jantar e assistir o filme, ok?
- Você vai comer ou só me observar como sempre? Karma riu.
- Eu vou comer.
Elas comeram e foram para a sala, assistir o filme. Isabela deitou-se sobre o peito de Karma, que se assustou um pouco mas logo começou a fazer um carinho no cabelo da garota.
Karma estava realmente triste hoje. Mas ela sabia que era o certo a se fazer... "Eu preciso salvar você..."
Ao longo do filme, Isabela sempre se desviava para olhar o rosto de Karma. Ela parecia não acreditar... Na verdade, ela parecia ler o que a outra tinha em mente. Dessa vez, ela continuou a encara-la, seus lábios, seus olhos, tão lindos... Karma gentilmente beijou seus lábios, com um tanto cuidado. Passou as mãos pelo rosto dela, pelo cabelo. E então olhou para ela.
- Eu quero fazer amor com você... Quero que você seja a primeira...- a pequena Isa disse.
- Você nem me conhece direito...
- Eu sei que eu estou apaixonada por você e que você cuida de mim, então não preciso mais de nada saber.
Karma então pegou a pequena menina e levou no seu colo para o quarto e então para a sua cama.
Ela era cuidadosa, carinhosa, protetora. Acariciou cada parte do corpo da jovem, beija, diz a ela que ela é linda... Ela merecia o mundo... Tirou a roupa dela com cuidado, sentindo muito pelas cicatrizes. Acariciou seu rosto. Ela fez com que Isabela se sestisse amada, cuidada, completa. Era mais do que ela poderia imaginar para sua primeira vez. Ela queria que ela pudesse continuar ali para sempre.
Ela adormeceu nos braços de Karma. Ela estava feliz que a pequena menina não estaria consciente quando ela fizesse o que tinha de ser feito. Ela acariciou aquele rostinho sofrido mais uma vez, beijou-o.
- Você não tem nada nem ninguém, pequena. Quem deveria te amar te virou as costas. – Karma sussurou, sabendo que ela não ouvia. – Você está tão cansada. Eu sinto em sua alma. – Ela fez uma pausa. As lágrimas caíram. – Eu não posso te dar amor, mas eu não acho justo abandoná-la a própria sorte como todos fizeram. Eu não posso te amar, então vou dá-la a segunda coisa que você mais queria no mundo quando eu te encontrei.
E então, beijou seu pescoço, dolorosamente, antes de mordê-lo.
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Teu Karma Sou Eu
FantasíaO que você faria se tudo pelo que você lutou fosse arrancado de você pela pessoa que você mais ama e descobrisse que toda sua vida não passou de uma farsa, planejada e também arrancada pelo amor da sua vida? O que você faria se você pudesse fazer qu...