Capítulo 9

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Sarah passou todo o dia com a nova cozinheira francesa, preparando o jantar. Pia fora eficiente na contratação; logo de manhã a Srta. Clarisse René se apresentara em Groove House. Acabara de chegar a Londres, era filha de um chef renomado que preparava banquetes por toda Europa. Uma verdadeira joia.

— A senhora tem muito talento, lady Hervey — Clarisse observava Sarah fatiar batatas mais finas que um pergaminho.

— Cozinhar é o meu passatempo preferido, Srta. René.

Empenhou-se em oferecer uma refeição inesquecível, seria a primeira vez que receberiam convidados em Groove House. Sra. Pattel havia saído com a incumbência de conseguir casacas novas para os lacaios e o jardineiro se empenhava em colher as mais belas flores de Groove House. Criadas engomavam guardanapos de linho com perfeição, enquanto Earnest coordenava a limpeza das louças e da prataria. Sarah acompanhava cada detalhe.

Já passava das cinco quando foi para o quarto se arrumar. Sra. Roberts parecia não entender que Sarah não tinha tempo a perder.

— Não é pertinente a uma dama em sua posição participar dos preparativos pessoalmente, milady. Tem criados que podem cuidar de tudo.

A criada alisava a saia do vestido disposto sobre cama, sem a menor pressa.

— Sra. Roberts, o que não é conveniente é me dizer como devo agir em minha própria casa.

— Lady Hervey, sei que não teve referências de damas apropriadas. A marquesa de Bristol me alertou sobre sua possível ausência de trato com os assuntos domésticos. Além do mais, a senhora usa roupas de baixo escandalosas.

— Está querendo me dizer que minha sogra teve alguma interferência em sua contratação?

— Não que eu ache que a senhora...

— Fora daqui!

— Mas, senhora...

— Saia daqui imediatamente, já testou todos os meus nervos com a sua insolência e impertinência. Está dispensada. Pia acertará com você e lhe dará uma generosa recompensa para ficar bem longe de mim. — Abriu a porta para que ela saísse.

Uma criada que passava pelo corredor paralisou ao ver a cena. Sra. Roberts se arrastava resmungando.

— Você! Preciso de ajuda.

A criada entrou nos aposentos de Sarah com a cabeça baixa.

— Como se chama?

— Isla Pattel, minha senhora, sou sobrinha da Sra. Pattel. — Fez uma reverência.

— Não me lembro de você. — Sarah analisou o rosto delicado da garota.

— Ah, não, eu só vim ajudar hoje. Parece que uma das criadas ficou doente.

— Tem alguma experiência como camareira?

— Trabalhei para a baronesa , mas ela não era nem de longe tão elegante e moderna como a senhora. — Isla pareceu envergonhada pelo comentário.

— Gostaria de ser minha nova camareira?

— Ah, senhora, eu não poderia. — Corou. — Quero dizer, eu adoraria, mas tenho um defeito gravíssimo. Não consigo segurar a língua e acabo falando tudo que me vem à mente.

— Então vamos nos dar muito bem. — Sarah sorriu. — Escolha outro vestido, esse me parece sóbrio demais.

Isla seguiu até o quarto de vestir e voltou com um vestido vermelho de veludo, com rendas nas golas e nas mangas.

A Marquesa (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora