0.2 - O americano.

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Sina's pov

Acabo de chegar da faculdade, acabada como sempre, mas no fim tudo valerá a pena, principalmente porque faço o que amo: dançar.

Vou tomar banho para trabalhar, trabalho em um bar chamado "Carlos CocktailBar" o qual eu sofro psicologicamente todas as noites.

Tive que morar sozinha quando comecei a faculdade porque meu pai não aceitou que eu queria fazer dança e não direito, desde então aluguei um flat e consegui esse emprego medíocre.

Durante o banho penso em coisas que não deveria lembrar tanto.

Sinto tanta falta da minha mãe, ela faleceu quando eu tinha 16 anos, meu pai sempre me apoiou e me amou, menos a dança, segundo ele não me daria um futuro digno, o futuro dos Deinert era o Direito.

Não falo com meu pai faz quase 4 anos, desde que sai de casa, no fundo sinto falta dele, de como éramos, mas eu não iria sacrificar meu sonho, um dia iremos nos entender, eu espero.

Saio do banho depois de refletir em coisas não tão boas para mim, coloco uma roupa e vou pegar um trem para o trabalho.

×××

Chego e vejo Tim na porta dos fundos me esperando como sempre.

- Hallo, liebe - digo em tom de brincadeira.

- Hallo, fofinha um pouco atrasada não acha? - ele não deixa passar nada nunca.

- Tive um contratempo no banho, pensei demais - digo dando ombros e entrando para o vestuário de empregados.

- Pensando na sua mãe de novo Sina? - ele sempre acerta.

- Por que você tem que me conhecer tanto Heineken? - falo rápido e entro no banheiro para não dar tempo de uma contra resposta.

Coloco meu uniforme e a merda dos patins, não entendo o porque do Carlos querer que usemos essa porcaria.

Entro no bar pela porta da cozinha e vou em direção ao balcão de bebidas e vejo que Tim já está em seu posto, assim como Carlos ve que ainda não estou no meu, vem em minha direção para reclamar como sempre.

- Srta. Deinert ainda não começou seu turno? Se não estou enganado já era para estar atendendo as mesas. - diz com tom de reprovação para mim.

- Começarei imediatamente assim que tiver alguém para atender - falo como se fosse óbvio
.
Ele olha por cima do meu ombro e dá um sorrisinho perverso e diz:
- Creio que tenha alguém para atender srta. Deinert - esse carrasco mal amado com a vida.

- Estou indo senhor.

Vou o mais rápido que posso com esses patins ridículos, mesmo trabalhando há um bom tempo neste bar, ainda não me acostumei com eles e nem tão cedo me acostumarei, não vejo a hora de acabar minha faculdade para conseguir um emprego melhor e sair dessa espelunca.

- Boa noite senhor! O que deseja? - digo ao moço com os cabelos cor de mel e olhos verdes radiantes.

- A melhor cerveja é a alemã, o que mais eu pediria? - fala com um tom divertido tentando imitar nosso sotaque.

- Bem, ainda não tenho bola de cristal para adivinhar o que o senhor queria. - digo anotando seu pedido - Aliás, seu sotaque é péssimo - falo enquanto saio, ele me olha boquiaberto.

- Tim, uma cerveja para aquele americano, a mais forte, de preferência! - digo alto suficiente para ambos ouvirem.

- Ei, como você sabe que sou americano? ele grita e logo dá um sorriso. Que sorriso. Rio de sua confusão e me viro para Tim.

- É pra já Deinert! A mais forte pro amigão americano.

Volto a atender algumas mesas, é sempre a mesma coisa, atendo, algum cara dá em cima de mim, pede meu número ou passa o seu número.

Sinceramente, estou acostumada com a falta de respeito, no fundo cansa ser tratada como uma garçonete qualquer e que podem assediar quando bem entendem.

Nunca fiz nada por medo que possa perder meu emprego.

Saio de meus devaneios e vejo Tim me chamando.
- Oi Heineken. - brinco com ele já que seu sobrenome é Heinecke.

- Hahaha muito engraçada, não sei como ainda te aguento. Aqui a cerveja do americano.

- É porque você me ama Heineken. - pego a cerveja de sua mão e vou a caminho do moço do sorriso bonito.

- Aqui, a melhor de toda Alemanha! - digo entregando a ele.

- Obrigado, Deinert. - pega a cerveja e dá um gole, grande eu diria. Opa, Deinert? Como ele sabe?

- Como sabe? - resolvo tirar satisfação
- O quê?
- Meu nome.

- Ouvi seu amigo te chamando, óbvio não acha? - diz com um sorriso de lado.
- Legal. - como não pensei nisso antes? Sina sua burra.

Me viro para atender outra mesa mas ele me chama.
- Não vai querer saber o meu nome? - diz inocentemente.

- Por que eu iria querer? - falo sem interesse.

- Vou falar do mesmo jeito, se você não sabe eu tenho uma coisa chamada educação, não sei se você conhece essa palavra. Calma, já sei vou falar no seu idioma - ele pega o celular e digita por míseros segundos e logo me olha e diz:

- Bildung. - começo a gargalhar por sua pronúncia ruim. Ele me olha incrédulo e fala:
- Não é assim em alemão?

- Sim, é. Sua pronúncia é tão ruim que me fez rir. - digo pausadamente por conta da risada descontrolada.

Paro de rir e então percebo que tenho algumas mesas para atender, então o deixo falando sozinho e vou atende-lás, atendo todas o mais gentilmente possível.

Uns clientes eram da casa, mas outros eram novos, os quais fui muito gentil para retornarem.

×××

O tempo vai passando e vejo que o moço americano que ainda não sei o nome continua lá parado na mesma mesa por horas, estranho porque geralmente as pessoas não passam tanto tempo assim em um bar, sozinho ainda.

Não me preocupo muito já que está no meu horário de ir embora.

Vou para os fundos trocar de roupa e ir enfim para casa.

- Tschüss, Tim! - digo em alemão já que o expediente acabou posso voltar para minha língua natal.

- Auf Wiedersehen, Sina. - ele me dá um abraço apertado. Tim é meu melhor amigo desde que comecei a trabalhar aqui, ele me ajudou muito com os problemas que tive em casa.

Saio do bar pela porta dos fundos e dou a volta para a frente dele, quando viro a esquina sinto uma dor estonteante por dar de encontro com algo, ou melhor alguém, instantaneamente falo:

- Ei cara cuidado, não olha pra frente não?

Quando olho quem era, me surpreendo.

×××

Palavras em alemão durante o capítulo:
Hallo = Oi.
Tchüss = Tchau.
Auf Wiedersehen - Até mais.

Quem será que a Sina viu?
Estou tentando dar o meu melhor na fic, não esqueçam de votar!

ʏᴏᴜ ᴀʀᴇ ᴍʏ ᴍᴏᴏɴ - ɴᴏᴀʀᴛOnde histórias criam vida. Descubra agora