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Uma bêbada entre a noite

O homem empurra com mais força, minha vontade é alcançar seu rosto mas não tenho tempo. Pois tem uma mulher no chão precisando de atenção e ajuda.

- Você está bêbada? Pergunto tentando ajudar mas ela impede.

- Não estou bêbada. - Afirma e em seguida levanta tentando caminhar mas não consegue.

- Está sim. Um Bêbado nunca admite que estar bêbado.

Respondo achando-a engraçada pois o tom de sua voz vai aumentando e ela começa a falar alto.

- Você está errado! - Sua firme voz diz.

- Um Bêbado admite sim que está bêbado. Ela se vira e me encara, levemente o mundo para, consigo sentir a pulsação do corpo, consigo ler as palavras de abandono neles. Seu rosto tem uma maquiagem borrada. Os cabelos estão volumosos como se não os tivesse penteado. Seus olhos parece um imã que atrai os meus, eles cintilam e o tempo parece não existir pois as luzes deles brilham

Brilham

Brilham

- Um bêbado só admite que está bêbado quando é a primeira vez que fica bêbado na vida. Depois disso a pessoa nunca vai dizer que encontra-se ébrio.

- esclareço.

Sei disso por experiência própria. A única vez que admite para me mesmo que estava bêbado foi quando fiquei pela primeira vez na vida.

- e a pessoa vai dizer o que então? Ela pergunta apressada por uma resposta.

- Vai dizer que está feliz. - rapidamente respondo.

Me recordo de todas as vezes que estou bêbado e sempre digo que estou feliz. Porque sinto que estou.

- Mas, estará enganada... - vira-se para sua frente e acelera seus passos. Realmente todo bêbado se engana quando acha que aquilo que o efeito do álcool faz é felicidade.

- Não fuga! - Grito enquanto ela finge não me ouvir.

Tento acompanhar seus passos mas não consigo. Ela é rápida.

-Espera! você vai cair...

Ela vai cair, eu tenho certeza.

Me aproximo dela e consigo evitar uma queda pior, ajudo a se erguer.

Suas bochechas avermelhadas, seus olhos cansados e o aroma forte de álcool estão presentes. Seus olhos abrem e fecham lentamente.

- Onde você mora? Pergunto me sentindo na obrigação de levar ela na sua casa. Pois isso ela não vai fazer sozinha muito menos em segurança.

- Sou da rua ao lado na última casa a esquerda.

O tom de voz vai diminuindo e seu olhar cada vez mais vai fechando de vez.

Ela parece tão ingênua porém a bebida faz com que ela se torne a pior das mulheres. Pois está largada na noite sozinha.

Quem será ela? Questiono-me olhando a mesma largar-se aos meus braços.

Se o endereço que ela falou estiver certo já estamos próximos a sua casa.

- Você não vai falar nada?

- Pergunto vendo a mesma abrir lentamente os olhos.

- Aquela é minha casa. - Aponta para a casa que acabamos de passar pela frente.

Desprende-se de meus ombros e vai procurar as chaves na sua bolsa. - Você acordou bem rapidinho né? Pergunto vendo abrir sua porta com os olhos quase fechados.

Ela tenta caminhar mas não dá. suas pernas parece não ter forças. Então vou tentar ajudar.

Entramos em sua casa, percebo uma máquina de escrever e vários papéis colados na parede. Alguns entre a mesa, as palavras dominavam esse lugar. Minha curiosidade aumenta a cada segundo. Mas guio ela até sua cama. Coloco ela na cama, sua vontade de dormir só aumenta. o cansaço não deixa ela abrir seus olhos.

- Minha vida não basta. - Ela resmungou abrindo e fechando os olhos.

Deixo-a dormindo e tento caminhar silenciosamente. Vou caminhando até sua parede repleta de papéis com frases.

"Solidão

Não significa que você não tenha amigos.
Se sentir só
É quando você sabe que ninguém te conhece de verdade
Ser só
É quando o seu sorriso não faz diferença para ninguém. Nem para si mesmo."

Olhando essa bêbada dormir plenamente eu não diria que escreveu esse montão de texto que tem aqui. São chuvas de palavras, tantos papéis amassados no chão.

Quem é você? pergunto-me diversas vezes observando ela dormir como uma criança ingênua. Seus papéis me chamam.
Suas palavras de solidão é como se eu entendesse sua dor. Não consigo imaginar ela escrevendo isto.

Pego outro papel:

"Ele sorriu abertamente. Não precisou dizer que estava tudo bem. Apenas sorriu. Me dizendo muitas palavras em seu largo sorriso."

Outro papel:

" Loucura é eu não enlouquecer
Loucura é você estar tão longe
E o seu cheiro tão perto.
Loucura é essa saudade matar-me
E eu bão conseguir lutar.
Loucura é você perder tanto tempo ocupada com apenas letras e números.
E agora não servirem de nada.
E se o céu falasse?
E se as estrelas gritassem?
E se os pássaros falassem o mesmo vocabulário
Me diriam que eu não estou aqui para perder tempo.
O certo já não faz mais sentido
A vida já não tem significado
E os cantos dos pássaros
Já não são tão suaves.
E tudo em minha volta me diz que desperdicei tempo, mesmo com todo tempo do mundo.
E se o céu falasse
E se as estrelas gritassem
E se os pássaros falassem minha língua
Me diriam que eu não estou aqui para perder tempo. "

Quem é você?

Encontro uma assinatura com seu nome na parede abaixo do papel:

Lawren Bellini

Estrela BináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora