Capítulo 13

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- ANA FOSTER - ela disse, tomando fôlego. A mulher não reagiu. - O que era aquele negócio?

A senhora balançou o borrifador em suas mãos como se a resposta fosse óbvia. Porém, como a expressão confusa da garota não mudou, decidiu explicar.

- São vermes de ganância - disse, simplesmente, indo até ela com um sorriso tranquilo. - Eles atraem as pessoas com um brilho de pedras preciosas e você caiu na armadilha de um deles.

Ana a encarou, dando um sorriso de nervoso. Tá bom, só uma criatura medonha que atrai gente gananciosa. Normal.

- Não sei como você o atraiu, eles têm sido muito discretos ultimamente. - a senhora riu consigo mesma, borrifando um líquido dourado nos restos mortais do verme, que começaram a desaparecer. - Como o matou tão facilmente?

Ana franziu o cenho. Facilmente? Ela quase tinha sido morta por aquela coisa! Por um momento pensou em não responder; mas a senhora não parecia perigosa, e nas atuais circunstâncias era sua melhor opção.

- Olha, eu quase morri. - disse, estendendo a pulseira suja com as pontas dos dedos. - E aí me defendi com essa jóia.

A idosa se virou para ela, com um olhar de descrença, até ver a pulseira na mão da garota. Ela se aproximou, devagar, pisando nas pedras limpas onde ainda agora houvera o sangue verde.

- Onde conseguiu isto? - murmurou, tocando em uma das estrelas prateadas.

Ana encarou a mulher. Sua expressão simpática demais não deveria ser confiável; mas todas as pistas só poderiam apontar para ela, e era sua melhor aposta no momento.

- Era da mi... - a menina balançou a cabeça. - Um cara me deu.

- Um cara? - a senhora estreitou os olhos, com desconfiança. - Que cara?

Não faria mal descrever, certo? Afinal, pior que aquilo a situação não ficaria - não naquele momento, não com Richard desaparecido sem deixar rastros, levando Lola consigo.

- Ele tinha cabelo escuro até aqui - Ana disse, colocando as mãos nos ombros. A senhora só remexia seu borrifador, ponderando. - e olhos dourados... Muito dourados.

Ouvir aquela última palavra foi como o estopim para que a idosa a encarasse novamente, os olhos arregalados em espanto. Ela abriu a boca e fechou novamente, se aproximando mais, de forma que a menina quase caiu no chão.

- Quem é você? - perguntou, numa voz baixa que fez com que Ana se arrepiasse da cabeça aos pés.

- Já fez essa pergunta. - respondeu, engolindo em seco. Não seria intimidada. - Eu sou Ana Foster.

- E você continua respondendo errado. - a senhora revirou os olhos. - Quem são seus pais?

-  Orlagh e Philip Foster.

- Ninguém importante. - ela deu de ombros, se curvando para borrifar o líquido numa mancha escura teimosa e fazendo menção de se virar.

- Ei! - Ana puxou seu braço.

 Tratar seus pais como "ninguém importante" - embora, para uma desconhecida fosse verdade, não ajudava em nada. Quem ela pensava que era?

- Querida, não quero ofender, mas se você recebeu um presente do próprio príncipe de Deraia em pessoa, eu não acho que seja só uma Zé ninguém. - a velhinha ergueu as sobrancelhas, esperando uma resposta. Provavelmente achando que a pegara em uma mentira.

Mas, para enfado de Ana, ela não fazia ideia do que estava acontecendo. De novo. Isso já a estava começando a irritar.

Espera aí...

Aurora | Adhara: Deraia - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora