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Maite me segurava apertado enquanto eu descarregava tudo que eu sentia em minha amiga. Senti alguém me abraçar por trás e sabia que era Gusta. Não ligava para os clientes, não ligava se estava atrapalhando o dia de trabalho, não ligava se parecia qualquer outra coisa.

Eu só queria ficar quietinha.

- Está tudo bem – Maite repetia como um mantra – Tudo vai ficar bem. Vem comigo, não precisa olhar pra ninguém, só continua agarrada em mim.

Eu conhecia o caminho até a cozinha, mas não consegui andar, parecia que meus pés estavam presos no chão. Meus amigos me ajudaram, eu não chorava de tristeza, chorava por ter tido força para finalmente falar tudo que eu sentia.

Quando a porta da cozinha abriu sem aviso, Jolene deu um salto e correu para ver o que estava acontecendo.

- Ela está bem, só teve que passar por algo que não queria, não se preocupem. – Todos olharam para minha roupa. – Não é isso.

- Você está bem, Alissa? Quer ir para o hospital? – Rique perguntou segurando meu rosto.

- Eu estou bem, eu só tive que passar um tempo com meus pais.

- Tudo bem, Maite, você consegue cuidar dela? – Henrique questionou, enquanto ainda me olhava, procurando por qualquer sinal de machucado.

- Eu estou bem. – segurei sua mão na minha e o agradeci com o olhar.

Maite me levou até o banheiro dos funcionários, me sentou sobre o vaso, e tirou o cabelo que estava grudado no rosto.

- Está tudo bem, foi tão ruim?

- Eu disse tudo, tudo que sempre esteve entalado na minha garganta. – Tentei limpar meu rosto, mas as lágrimas continuavam caindo. – Ele só ficou lá e disse que me amava, eu não conseguia acreditar.

- Você não precisa... ele não merece seu choro.

- Eu não estou chorando por ele, eu estou chorando por mim, Maite, eu disse tudo! Eu me sinto tão livre, como eu nunca me senti na vida toda.

- Ah, Graças a Deus. – fui abraçada com tanto fervor, comecei a rir sem saber bem o porquê.

- Eu trouxe algumas roupas, pro caso de você vir para cá, tem uma calça jeans e uma das suas batas. – Sorri agradecendo.

- Obrigada. Sabe quem estava lá? Os pais de Bernardo.

- Não acredito, eles são da mesma corja? – perguntou enojada.

- Não, eles são boas pessoas, ele tentou mentir por mim, claro que não deu certo. – mostrei o braço – Ele parece com o Bernardo.

Sorri, só de lembrar de seu rosto.

- Sabe o que você devia fazer? Ligar pra ele, você tem o dia de folga, pede para o Bernardo vir aqui. Vocês podem ir para o seu lugar especial, conversar, aproveitarem um tempo.

- Eu acho que... – uma luz se acendeu sobre a minha cabeça. – Eu vou fazer isso.

- Faça.

Peguei meu celular dentro da bolsa, minhas mãos tremiam.

- Alissa, você não está no trabalho?

- Oi Bernardo, na verdade, eu estou, mas não estou. Estou, tecnicamente, de folga. Quer fazer alguma coisa?

- Claro, estou indo te buscar. – fiquei feliz de ele nem ao menos, pensar muito sobre isso.

- Vou te esperar.

Encontro ao Acaso - Série ao Acaso [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora