Capítulo 01: Eros Moraes Neto

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— Não perca eles de vista! — Grito para Enrico, meu parceiro e também delegado, que dirige a viatura nesse momento

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— Não perca eles de vista! — Grito para Enrico, meu parceiro e também delegado, que dirige a viatura nesse momento.

O veículo segue em alta velocidade a nossa frente, entrando em becos e vielas, tentando a todo custo fugir de nós. Há dois dias estamos tentando identificar o local em que uma criança de quatro anos era mantida refém após ser sequestrada, e faz exatamente esse tempo que não durmo; a adrenalina corre forte nas veias, a necessidade de finalizar com êxito a operação que planejei com muito cuidado, não pela pressão da mídia, mas por princípios e valores que carrego comigo.

A criança sequestrada é filha de um empresário conhecido no país, então todo o foco da mídia está voltado para esse caso. Eles nos cobram respostas, querem notícias, informações confidenciais, furos de reportagem, às vezes mais prejudicam do que ajudam, mas para muitos isso pouco importa: querem sanar a sua curiosidade e a dos espectadores.

Para mim não faz diferença de quem Alana – a criança sequestrada - seja filha, não me importo com status, o que vale para mim é a vida, e foi por isso que montei essa operação para resgatá-la com todo o cuidado possível.

Minha equipe é preparada, só trabalho com os melhores, aguardamos apenas um deslize dos sequestradores e finalmente conseguimos chegar ao local, mas infelizmente, dois dos sequestradores que "guardavam" o cativeiro conseguiram empreender fuga, e eu queria todos eles presos, não iria perder nenhum, independente do que custasse.

— Eles vão bater — Enrico falou exaltado quando os sequestradores entraram na contramão.

— NÃO PERDE, NÃO PERDE! — Gritei de volta, com a arma em punho para fora do veículo, revidando os tiros que o carona disparava em nossa direção.

Eles entraram em uma via de grande fluxo de veículos na contramão e não deu outra: bateram de frente com um carro, causando um grande estrago. Enrico freou a viatura e com rapidez saímos correndo em direção ao veículo dos sequestradores, as outras duas viaturas que nos prestavam apoio parando logo atrás.

Com armas em punho e atenção extrema avançamos. Os sequestradores desceram do carro e, tão velozes quanto nós, retiraram a motorista do carro que haviam batido e viraram em nossa direção, fazendo-a de refém.

— Fiquem longe ou vamos estourar os miolos da vagabunda! — Um deles, que tinha a arma apontada para a cabeça da refém, usando-a como escudo humano, gritou, nos deixando em alerta.

Sinalizei a minha equipe para que nada fizessem; os dois filhos da puta que haviam conseguido fugir do cerco que fizemos no cativeiro estavam fazendo outra pessoa de refém, e essa "brincadeira de gato e rato" já estava me tirando a paciência, e definitivamente, isso não era nada bom.

Olhei de relance para Enrico, meu parceiro, e silenciosamente ele entendeu o que eu queria, iríamos cercá-los, e faríamos o possível para que a mulher que estava em poder dos bandidos saísse sem ferimentos daquela situação.

— Vocês estão cercados. Coloquem as armas no chão e liberem a refém. — Falei calmo, tentando convencê-los a acabar com a situação o quanto antes.

Nós não tem nada a perder não! — O outro sequestrador gritou, mas sua voz já demonstrava o quanto estava nervoso.

— Mas com certeza não querem morrer, e não tem para onde fugir, liberem a moça e eu garanto a segurança de vocês. Se entreguem. — Reafirmei minha posição enquanto meus homens se moviam estrategicamente para dominar a situação.

Mas nós não quer ir parar na gaiola de novo não, tá ligado? — O que segurava a refém falou, apertando ainda mais o pescoço da moça.

Olhei nos olhos verdes da mulher que era mantida refém e os vi cheio de lágrimas não derramadas, numa clara demonstração de coragem, ainda que o medo também fosse visível. Sua respiração estava pesada e transmitia toda tensão que lhe acometia; se nós, que estávamos acostumados a lidar com essas merdas o tempo inteiro, ficávamos tensos, imagine ela que era alheia a essa realidade. Vi sua mão subir lentamente para tentar afrouxar o aperto em seu pescoço, a arma duramente pressionada em sua têmpora, os olhos suplicantes que buscavam os meus a todo momento. Algo naquela situação estava mexendo comigo além do normal, o meu instinto de proteção estava ainda mais evidente, só não entendia o porquê.

Senhor, já temos dois snipers prontos para atirar. — Ouvi um dos meus homens falar no meu ponto eletrônico, olhei de relance e fiz sinal com os dedos para que não se precipitassem, queria que a situação acabasse sem mortes. A imprensa já se aglomerava no local, e não seria correto atirar sem tentar resolver; queria negociar com eles sem precisar tomar medidas drásticas.

— Vamos negociar o que vocês querem para libertar a refém? — Perguntei no intuito de resolver o mais rápido possível esse sequestro.

Chama um advogado pra nós, que nós liberta ela! — Um deles falou.

Que chama que nada, cê tá louco mano? Não vou libertar porra nenhuma, nós vai morrer nesse caralho mesmo. — Falou o outro que estava com a mulher à sua frente.

— Vocês não vão morrer, eu garanto a segurança de vocês, apenas entreguem a moça. — Falei mantendo toda calma possível. — O advogado já está a caminho, vai ficar tudo bem.

Vi o exato momento em que uma lágrima deixou os olhos dela. Ela não desviava o olhar, e vê-la tão vulnerável estava me empurrando para o limite. Sempre fui um delegado reconhecido por agir com frieza, todas as minhas ações eram milimetricamente calculadas, por isso consegui destaque mesmo sendo ainda jovem. Apesar de estar no auge dos meus trinta anos, já tinha reconhecimento e experiência para lidar com situações como aquela, mas, naquele momento, havia algo a mais, algo que não conseguia identificar.

Já disse que não vou me entregar porra nenhuma. Se esse pau no cu quiser se entregar, ele que vá, mas se eu morrer, vou levar a vadia aqui comigo. — Falou sorrindo, o filho da puta que de corajoso não tinha nada, já que fazia uma mulher de escudo.

— Ela não tem nada a ver com isso, me diga: o que você quer pra liberar ela? — Perguntei, mantendo a calma em cada palavra. O outro sequestrador já se movia em nossa direção para se entregar, logo só restaria ele para negociar, mas infelizmente nessas situações as coisas nunca saem como previsto e o vagabundo quando percebeu que o comparsa iria se render resolveu agir.

— Dêxa de sê froxo seu boiola, já que vai morrê na mão dos "Herói" eu mermo te mato! — Gritou e deu um tiro na direção do comparsa, que caiu ferido.

Saquei minha arma e atirei em direção aos pés dele, que revidou enquanto nos protegíamos atrás da viatura, o que estava caído ao chão atirou em direção ao bandido, mas infelizmente atingiu a perna da mulher refém que caiu. Um dos snipers deu um tiro e o que a fazia refém caiu morto, com uma bala na cabeça. Nessas horas tudo acontece muito rápido, em milésimos de segundo as ações mudam todo o desfecho da história.

—Uma ambulância, rápido! — Gritei para a minha equipe, enquanto corria emdireção à mulher. O outro sequestrador, baleado pelo comparsa,já estava sendo algemado por Enrico.

Eros (Disponível Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora