Capítulo 1

35 4 0
                                    

— Você devia sair com Aidan.

Parei de retocar minha maquiagem para encara minha irmã parada na porta com uma toalha azul envolvendo seu corpo e uma menor ao redor de seus cabelos loiros. Seus olhos castanhos carregavam uma determinação que sempre se apossava de seu corpo em momentos que menos esperávamos. Suas sobrancelhas estavam arqueadas, como se ela estivesse preparada para um desafio. Apenas lhe dei um meio sorriso de diversão com a situação e me voltei para meu reflexo, determinada a tirar a olheiras de debaixo dos meus olhos âmbar.

— Posso saber quando começamos a deliberar sobre meu encontro? — perguntei mantendo o bom humor.

Emily tinha essa péssima mania de lançar uma frase aleatória, como se já tivéssemos conversando sobre isso a tempos. De soslaio a vi se aproximando e sentando na beirada da cama, sem deixar de me observar. Fingir estar concentrada em meus cabelos, movendo as mechas castanhas claras até que estivessem satisfatórias. Ela suspirou pela falta de atenção e pôs as mãos para trás no colchão, entrando em sua onda de pensamentos.

— Só estou dizendo o óbvio. — ela murmurou desviando os olhos do teto e me encarando novamente. Sem a minha permissão, tirou o pincel de sombras da minha mão e sorriu de um jeito quase maternal. — Deixa que te ajudo. — ofereceu e eu fechei os olhos, sentindo seus suaves movimentos em minha pálpebra. — Acho que sou muito invasiva as vezes, não é? — perguntou de forma retórica e como não podia mexer minha cabeça para concordar, apenas sorri. — Juro que não faço por mal.

— Eu sei, Em. — tranquilizei-a sentindo seus movimentos hesitando por um segundo, antes de se mover para a outra pálpebra. — Eu sou sua irmãzinha e você adora me tratar como um bebê, por mais que eu tenha apenas três anos de diferença.

— Mas somos só nós duas, Reese. — ela recordou. Engoli a seco querendo virar o meu rosto como se isso fosse desviar a dor. — Eu tenho a obrigação de cuidar de você quando te vejo sofrendo por alguém que não presta. Era o que a mamãe faria.

Mordi o lábio inferior, impedindo que a dor me tomasse. Fazia quase três anos desde o acidente de carro que tinha matado nossos pais e que tentávamos nos virar sem ter que nos mudar para a casa de parentes distantes. Por sorte, na época Emily tinha acabado de completar vinte e um anos e pode ficar com a minha guarda. Contudo, isso obrigou minha irmã a amadurecer mais cedo e assumir um papel maternal.

Ela estalou a língua e eu abri os olhos encarando sua expressão analítica. Seus olhos estavam estreitos, observando todos os centímetros do que tinha feito e assentindo em seguida, sem expor os seus pensamentos. Esticou-se para pegar um batom rosa e fez um bico, instigando-me a imitá-la para que ela pudesse passar. Ela riu da minha careta, com a mão trêmula, mas fez um esforço para não borrar.

— Está ótimo. — constatou. Concordei ao ver o meu reflexo e me levantei, mostrando o vestido salmão que estava usando. Ela ergueu os dois polegares em sinal de positivo e pôs uma mão no queixo. — Você fugiu da nossa conversa.

Cruzei os braços.

— E você não está pronta para a sua formatura. — retruquei.

Ela ergueu as mãos em sinal de desistência e foi até o armário puxando o belo vestido verde esmeralda feito sob medida para ela. Suspirou tirando a toalha de sua cabeça e liberando seus cabelos loiros cacheados, movendo os dedos por entre as mechas para desembaraçar. Pus as mãos na cintura e pendi a cabeça para o lado, entrando em meu próprio mantra de pensamentos.

— Aidan é legal, mas ele ainda não tem aquilo. — justifiquei-me.

Emily parou de mexer nos cabelos para me dar atenção.

Aquela que nos uneWhere stories live. Discover now