Soldado, Anjo, Poeta

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Estou calado pensando,
E vou cansado devaneando
Sobre mim ― Tão banal!
Pobre assim, tão igual!

Porém mais me aprofundo:
Também na paz do mundo,
Penso já pesado e melancólico.

Infenso ao estado diabólico
Dessa terra, me vou
Nessa guerra: sou
Soldado, anjo e poeta!

Armado me arranjo de setas
Que levam a lugares vários,
Que nos vão, a ares frios,
Trazer juntamente consigo.

Dizer humanamente já não consigo.
Desumanamente em perigo, vejo
Tristemente amigos, no arquejo
Último seu, se esvaindo...

Múltiplo Eu vai exprimindo,
Vai retratando toda tristeza;
Vai girando na roda da torpeza,
Inebriado, pungido, mas vivo!

Demasiado fingido e altivo?
Não! sinto realmente!
Meu Coração distinto sente
Com um pesar enorme.

E num comum pensar que conforme
A todos e a mim mesmo,
Com modos, mas assim a esmo,
Declaro bandeira branca!

Reparo na maneira franca
Com que falam de coração suas palavras;
O tom elas abaixam, estão já salvas!

Estão esses humanos,
Irmãos desses planos
Arrasados de forma forte,
Sossegados: assoma-lhes a morte...!

E eu arrefeço rapidamente.
Aconteceu! Peço polidamente
Que me ajudeis, caros amigos meus,
Pois eis ignaros perigos nos céus,
Ruidosos destruindo gentes;
Silenciosos esvaindo doentes
Na terra; em tudo quanto é lugar!

Encerra já mudo de tanto falar,
O soldado, o celeste, a caveira;
O intelectual, o iracundo, o insano!
E desolado se veste de maneira
Igual a todo mundo, humano!

Pétalas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora