m o n s t r o d o s i s t e m a

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O sistema criou o monstro em mim
Quando roubaram minha esperança
Isso acarretou um auto ódio sem fim

Quando tudo que eu mais queria era uma palavra gentil, Um gesto amistoso
Me deram tapas, um golpe doloroso
Quando me tiraram o chão e me ordenaram a caminhar

Quando destruíram minha autoestima
Quando insuflaram em mim a ideia de que eu estava errada por ser autêntica
Que eu deveria me sentir suja por ser eu
Por não ser uma cria dos padrões

Eu me via cercada por grupos de valentões
Pessoas covardes que me humilhavam
Eu não tinha para quem pedir ajuda
Eu podia recorrer aos livros e a escrita
Eu me punha a transcrever minhas dores para o papel sentindo tanta coisa na alma
Era dor, medo, tristeza, ódio, confusão, nojo, pavor, indignação, revolta...
Eu tinha 7,8,9,10 anos...
Eu era uma criança
Cadê a minha infância?
Meu único sonho era não ser maltratada e ter alguém que me desse amor e respeito.
O final do dia era quando eu podia desabafar em lágrimas
A lâmina cortava a pele
Pulsos sangrando
Marcas que iam ficando
Mais e mais críticas, nenhuma ajuda.

O sistema me deixou em pedacinhos
Até hoje tento me recuperar
O mundo era cruel comigo
Eu queria ficar no meu quarto
Deitada na cama em lágrimas
Eu não queria ver a luz do sol
Eu estava terrivelmente amedrontada
Eu queria acabar com o sofrimento.
Eu pedia para dormir e não acordar mais.
Eu não queria ter um "dia seguinte."
Eu queria ser admirada, amada, compreendida, aceita, ter amigos.
Eu queria acordar disposta e não odiar meu reflexo no espelho.
Hoje tenho 21, consegui passar pelo inferno que foi minha vida escolar, Mas a sociedade é um grande ensino médio, as piadinhas e agressões e maus tratos continuam.
A depressão ficou, a baixa autoestima, o complexo de inferioridade.

Quem ouve nunca esquece.
Quem sofre, sente, Não para apagar.

Tudo aquilo que não foi dito Onde histórias criam vida. Descubra agora