- Obrigada.
Digo novamente aos avós de André. São tão simpáticos que custa a crer. A forma como o avô dele me encheu de carinho... Cheios de histórias para contar, muitas delas já conhecidas. De qualquer das maneiras sei que terei de cá voltar. E, realmente, o André é o orgulho desta família. Já para nem falar na forma carinhosa como as sobrinhas também me receberam, fazendo-me lembrar que nunca terei a oportunidade de ter crianças a correr pela casa...
- Então dê cá um beijinho! Para a próxima venho com mais tempo. - Digo antes de dar um beijinho ao avô de André - E à avó também.
A senhora dá-me um beijo caloroso.
- Não se esqueça de vir cá buscar as fotografias.
- Claro que não. Até à próxima.
O André vai comigo até à porta da casa dos pais.
- Vejo que já os conquistaste. Ali o senhor Vitorino não tira os olhos de ti!
Eu sorrio.
- Deixa-me que te diga, o teu avô é mesmo engraçado. Muito sério, mas vai dizendo as coisas mais acertadas do mundo.
- É. Ele sempre teve esse dom. E cuidado com todas essas histórias - Ele diz a sorrir.
- Hum... Até agora nada de mais. A não ser a informação de que tinhas boas notas. Quem diria? Normalmente, as pessoas pensam que os jogadores da bola são todos pouco inteligentes.
- Pouco inteligentes? Não. Podes dizer mesmo: burros.
- Sim... Mas tinhas boa memória para a matéria. Se calhar perdeu-se um engenheiro ou um médico.
Ele dá uma gargalhada que me deixa encantada. Ele é tão simpático quanto parece na televisão. E eu nem acredito que ele se está a rir de uma coisa que eu disse...
- Não! Eu adorava desporto. A escola não era muito a minha onda, mas sim. Tinha sorte, a minha memória é poderosa.
Agora é a minha vez de rir.
- O que achas de irmos ali até ao café?
- Sim. Realmente, ainda tenho aqui uma coisas para ver contigo.
- Mas tu só trabalhas?
Sou apanhada de surpresa. Estaria ele a fazer-me um convite para um simples café, sem bloco de notas e gravador?
Guardo tudo o que tenho na mão na minha mala. Ele sorri, sabendo que lhe estou a dar um sinal. Mas, não quero que ele me interprete mal, por isso nada melhor do que usar o meu sarcasmo.
- Mesmo assim, eu estou sempre a trabalhar.
Ele sorri abertamente, e coloca a sua mão nas minhas costas, movendo-me para a saída. Assim que os seus dedos tocam na minha camisola, sinto um arrepio que me percorre todo o corpo.
Ele retira a mão de imediato. Fico sem saber se ele se apercebeu do meu arrepio, da minha surpresa. Mas... não. isso é impossível. Aquilo foi um gesto irreflectido. Decido nem olhar para trás e saio da casa dos seus avós aguardando que ele se junte a mim.
--
Já passou da hora de jantar e continuamos ali na conversa. Não dei conta do tempo passar, ainda para mais não estamos sozinhos. A nós juntaram-se os seus amigos e sim. Estive mesmo a trabalhar, até porque as histórias são muitas.
Mas está na hora de me ir embora. Cada vez mais percebo que o meu fascínio por aquele homem aumenta. Não temos nada que ver, disso tenho a certeza. Mas... não sei. Sinto algo por ele que penso nunca ter sentido por ninguém. Uma vontade crescente de conhecer tudo o que tenha que ver com ele, de o ouvir falar, de o ouvir rir... Todas as suas expressões. Sérias, preocupadas. Tudo ma fascina naquele homem... Ainda não cheguei ao André de Loures. Ele é ainda o André Almeida que joga no Benfica. Mas sei que estou cada vez mais perto de estar com o André, o menino que gosta de ver séries, jogar às cartas com o avô ou receber os seus amigos para jogar futevólei.
Deus. É melhor ir-me embora.
- Bem, peço desculpa, mas está na minha hora.
Reparo que André olha para o relógio e está surpreendido.
- Epá tenho de ir também. Já passa da hora de jantar.
Levanto-me para pagar, mas ele não me deixa.
- Nem penses. Isto era para ser um café normal e tu estiveste a trabalhar. Fica por minha conta.
Sorrio. Deixo uma nota na mesa.
- Fica de gorjeta.
A malta ri-se, talvez mais pela cara que o André me faz.
- Até à próxima e obrigada!
Despeço-me de todos.
- Vemo-nos ainda esta semana? - Pergunto a André antes de sair do café.
- Vou para estágio, mas entretanto falamos.
Ele sorri-me e eu juro que me fascino cada vez mais com ele.
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A Vida em Livro
Fiksi PenggemarO que pode acontecer quando uma jovem jornalista, que está a trabalhar numa biografia, e acaba por se apaixonar pela "personagem principal", o capitão André Almeida. Se terá futuro ou não isso apenas a história o dirá!