Trea ShacklefordEu tive um sonho estranho naquela mesma noite, um garoto, usando uma coroa, tinha os cabelos um pouco compridos e castanhos, não sabia ao certo quem era. Talvez alguém que passou a meu lado, sem que eu percebesse. Eu só via ele, parado como uma pintura, suas roupas era muito bonitas. Não sabia como interpretar aquele sonho estranho, algo sobrenatural. Instantes depois uma luz seguida de uma escuridão severa. Sangue escorrendo pelo meu corpo, e eu quase poderia sentir o cheiro de enxofre, como se Satanás tivesse aberto as portas do inferno, estalos de chicotes pairavam sobre o vácuo. O ar era de morte. Acordo suada, em desespero, como se algo estivesse sussurrando em meu ouvido. Eu pude recordar um pouco do que ouvi.
O mesmo que ouvi o soldado dizer em seu leito de morte, o que seria? Acho que a forma como ele falou talvez tivesse me deixado pensativa. Pensar naquilo me perturbava. Eu necessitava do Padre Bertulin para que minhas dúvidas fossem esclarecidas, eu sentia que algo ali não estava certo. Eu estava sonhando muito ultimamente, não era o tipo de pessoa que sonhava tanto.***
Mais tarde depois que cumpro meus afazeres reais nos quais seriam, fiscalizar a agricultura da região e estudar decretos, chamo um de meus criados para que chame Bertulin. Bertulin, era um velho Padre de setenta e poucos anos, trabalhava para nossa família à tempos, desde meu avô. Possuía cabelos grisalhos e crespos, porém o rosto como de um jovem, ele não aparentava a idade que tinha. Prontamente eu o espero na minha biblioteca, para ter um pouco de privacidade. Não demora muito para que ele adentre ao grande cômodo.
— Vossa majestade. O que desejaria com seu humilde servo? — Ele se curva diante de mim, trazendo os seus materiais de estudo, como eu havia ordenado. A família dele era muito estudada, e sabiam muito como interpretar sonhos.
— Preciso que interprete esse sonho, é de suma importância. Eu escrevi ele logo que acordei para não esquecer de nada.— Entrego a ele o pedaço de papel. Ele analisa, reflete.
— Majestade. Seu sonho não é completo. — Ele segura a folha e analisa mais um pouco. — Mas vemos aqui um grande líder um sucessor, talvez, não tenho certeza. No entanto existe uma força sobrenatural por trás do sonho, não no garoto, uma força, pessoas em grande quantidade. Na verdade alguém com força e poder, sobre as pessoas.— Ele estava se referindo a sensação estranha e as forças que habitavam aquele sonho obviamente. Eu escrevi tudo com muito detalhe e o que eu sentia dentro do sonho, porém mesmo assim eu sentia que faltava mais coisas como o Padre mesmo disse.
— Você só pode interpretar isso? Eu preciso de mais respostas. — Bertulin abre uma de suas sacolas de pano, parece pegar um livro e um vidro com algum tipo de areia. E se senta a minha em frente na mesinha de estudo.
— Precisamos ver além dele. — Ele diz.
— E como faremos isso?— Eu pergunto.
Ele abre o livro e procura uma página, tinham desenhos de nuvens ou algo assim, estava em latim. Aquilo parecia estranho para um Padre, no entanto eu não questiono.
— Preciso que lembre a primeira e a última coisa desse sonho. Dei-me suas mãos majestade.— Eu estendo minhas mãos nas suas. Ele pega a areia que está no vidro e coloca sobre as nossas mãos e ordena que eu feche os olhos e lembre. Então ele pronuncia.
— Com o poder das forças, as mesmas forças que trazem os sonhos, eu vos convoco para serem transferidos a projeção de realidade.— Minhas mãos começam a arder, no entanto Bertulin segura elas para que suporte um pouco mais. Eu não posso sentir meu corpo, como se ele não estivesse mais ali. Sinto minha respiração sendo sufocada, sem ter o que fazer, meus olhos ardem também. Por algum motivo, não sabendo bem o porquê, eu abro os olhos e me deparo com algo sobrenatural, os olhos de Bertulin estão brancos com tons verde-água, como se estivesse revirados. Ele começa a tremer na cadeira, ainda segurando minhas mãos. Tudo estremece. Sem que eu possa piscar, Bertulin é lançado sobre a estante de livros, um vento tão forte e frio jogou ele, mas não a mim. Eu fico paralisada, porém quando eu me dou conta corro até ele em socorro. Aquilo era inacreditável, como? Não sabia se pedia ajuda ou se questionava o que ele acabou de fazer
— Nos ajudem! — Eu grito.
— Majestade, vós precisa encontrar este rapaz. Ele está mais perto do que imagina.— Bertulin fala com bastante dificuldade, sua voz muito ofegante. Alguns soldados do perímetro aparecem, e eu ordeno que levem o Padre para repouso. Ele precisa apenas de um descanso, era muito forte para um homem da sua idade. Os soldados levam ele, fico atenta e observo o local onde Bertulin caiu. O chão parecia quente, pois soltava uma leve fumaça, e quando toco o mesmo ele estava gelado, o que me deixa intrigada.
No mesmo instante chamo os cavaleiros da ordem para nos reunirmos, alí mesmo na biblioteca. Eu precisava de ajuda para encontrar o rapaz, e então esperar que tudo fosse esclarecido.
Eu sentia que precisava fazer isso depois do que aconteceu.
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The Little Dark Age
Ficción históricaNa obscuridade do reino de Venus, uma jovem rainha ascende ao trono sem estar preparada para os segredos sombrios que envolvem seu legado. Trea Shackleford enfrenta um dilema devastador: governar seu povo ou lutar pela própria sobrevivência. Quand...