Unique Village; BAEKHYUN

0.1

"Configure o GPS ao parque Dokseodang e aperte o acelerador..."

- Baekhyun, UN Village

Hannam-dong estava pacifica naquele dia. Alguns carros circulavam pelas as ruas, mas nada comparado a algumas horas mais cedo.

UN Village-gil estava tão pacifica quanto. Suas casas de muros altos e grandes portões estavam devidamente fechados e graças as enormes garagens nas casas em estilo ocidental nenhum carro ocupava as ruas. Me certifiquei em checar as horas, 01:30h da madrugada. O momento perfeito para estar naquele lugar em que tanto foi meu descanso.

Caminhei mais um pouco até chegar em Mimesis Museum. Estava fechado, mas naquele dia não fui para aproveitar o museu, mas sim a vista dele. Caminhei pela a grama até encontrar um lugar estratégico e sentar ali, estratégico para olhar as colinas que poderia ser contemplado daquele lugar.

Fechei os olhos sentindo o vento frio causar arrepios em minha pele. Era o meu momento de desligamento do mundo. Esquecia minha rotina e como ela era estressante e cansativa, apenas focava em respirar tranquilamente, o que não tinha tempo durante todo o dia. UN Village constantemente era meu refúgio, onde ninguém cogitaria me procurar porque ninguém me imaginaria aqui. Afinal, apenas era um músico criando expectativas para o seu debut.

Provavelmente naquele momento existia uma empresa alarmando minha ausência no dormitório. Um dia eles iriam perceber que meu momento preferido para sair era durante a madrugada.

- O que você quer?

Meu corpo elevou ficando ereto no exato momento que escutei uma voz baixa ecoar no lugar silencioso. Olhei para os lados tentando encontrar o paradeiro daquela voz, mas pela a iluminação fraca não conseguia identificar. Silenciei meus movimentos esperando que a voz fosse audível novamente.

- Você não precisa saber onde estou!

Então, naquela resposta consegui identificar uma pessoa com o corpo curvado também sentada na grama do Mimesis. Serrei os olhos tentando decifrar mais daquela imagem.

- Você sabe que já conversamos demais por hoje...

Sua entonação foi mais alta do que das outras vezes. Talvez a pessoa também soubesse que naquele horário, não era uma boa ideia fazer barulho em UN Village. A policia circulava com mais frequência por aqui por ser moradia de grandes nomes da politica coreana.

- Não vou até a sua casa, já disse.

Um soluço! Foi tudo que consegui ouvir antes de ver a imagem, que agora sabia pertencer a uma mulher, levantar do gramado e caminhar em passos pesados.

- Não, não! Encontro você em Hannam-dong.

Então UN Village também era o seu segredo assim como era o meu?

No dia seguinte estava preso em um estúdio recebendo uma aula de treinamento vocal que parecia durar uma eternidade. Minha garganta já arranhava e sabia que constatar isso só seria mais uma razão para o treinamento se intensificar. Suspirei continuando os exercícios que fazia minha garganta pedir socorro até que finalizasse. 

- Onde estava ontem? – Chanyeol questionou sentando ao meu lado no chão da sala de prática.

- Em Hongdae com alguns amigos da faculdade. – Mentir sobre UN Village era quase que habitual para mim.

- Sabe que o gerente estava quase chamando a polícia, não é?

Chanyeol era um homem brilhante, sabia muito sobre arte e possuía inúmeros talentos que reuniu durante toda a sua vida, mas tinha medo de buscar aquilo que lhe proporcionasse paz além da música. Nunca comentei sobre onde vou com ele, porém, em alguns momentos desejava que o mesmo fosse até lá comigo.

- Nenhum deles telefonou para mim. – Afirmei. – Como cogitaria chamar a polícia se sequer telefonou para saber onde estava?

Chanyeol me encarou claramente confuso. Sorri!

- De qualquer forma não deveria sair em plena a madrugada, não se pode confiar tanto em segurança atualmente. – Concordei.

- Não se preocupe, sabe que pode mandar uma mensagem se estiverem preocupados. Hoje irei para a casa dos meus pais, então, não fique preocupado se chegar mais tarde.

Não poderia simplesmente sair de madrugada sem planejar alguma desculpa, pelo menos não hoje quando todos estão em estado de alerta comigo. Chanyeol suspirou.

- Aish, quando você vai resolver parar com isso?

- Quando isso for algo errado! – Sorri. – Mantenha contato.

De fato, fui ver meus pais naquele dia, mas nada muito demorado. Quer dizer, precisei ficar e comer o banquete que minha mãe havia preparado, mas fora isso nada muito longo.

Diferente de ontem estava em UN Village meia noite. Não venho para cá todos os dias, afinal, não iria ter tempo com ensaios e aulas até o amanhecer. Porém, quando o dia foi absurdamente estressante e sei que não terei mais afazeres e dormir seria uma forma de procrastinar quando poderia estar aproveitando o meu tempo livre. Venho para cá refletir, respirar e rabiscar qualquer ideia que surgisse e achasse que um dia poderia usá-la.

Caminhei algumas quadras até encontrar o mesmo semblante feminino, mas desta vez estava parado com os braços cruzados olhando em minha direção. O que está acontecendo?

Hesitei em caminhar mais por não estar entendendo a razão para que aquela mulher estivesse parada me encarando como alguém que roubou algo seu. Limpei a garganta impaciente com aquele silêncio. Pela primeira vez, queria que alguém falasse alguma coisa naquele lugar.

- Você escutou a minha conversa ontem, certo? – Ah, claro!

- Eu não sei quem é você! – A mulher suspirou.

- Você escutou minha conversa e me viu chorar ontem, mas não sabe quem sou? – Ela estava chorando?

- Realmente não sei quem você é. – Sorri.

A mulher caminhou ainda de braços cruzados até mim. Quando consegui ver seu rosto com clareza graças a aproximação pude ver o seu cabelo curto, de cor escura e seus olhos vermelhos como de quem estava chorando novamente. Por que ela chora tanto?

Em um movimento rápido ela agarrou a gola da minha jaqueta a puxando para si, forçando meu rosto para frente quase fazendo minha boca tocar a ponta do seu nariz graças a sua altura mais baixa. Juntei os lábios em uma linha reta para exatamente não tocar em seu rosto. Parei de respirar enquanto descia o olhar e via sua cara de desdém misturado com tristeza.

- Se você abrir a boca e contar para alguém que me encontrou aqui, se considere um cara morto!