Canto de um anjo

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Noah

Vai ser legal. Finalmente tive coragem de chamar allys eu mesmo. E agora vamos sair. É claro que seria um encontro de varias pessoas. Mas tava valendo. Eu tinha que admitir de uma vez. Eu estava gostando dela cada vez mais.

Será que ela sentia algo por mim? Será que me via desse modo? Ou só me via como amigo?

Teria que descobrir com o tempo. Estava no ponto de encontro esperando allys, dali nós dois iriamos para o lugar que Deborah combinou.

- oi- uma allys sorridente chegou

Sorri de volta. Por algum motivo, estar com ela me fazia querer sorrir. Eu estava provavelmente encarando ela de mais , pois ela tratou de se virar de costas.

- vamos indo?- pude ouvir um leve tremor na sua voz

Ah! Será que fiz algo de errado? Andamos em um silencio constrangedor.

- anda... anda escrevendo algo?- ela disse quebrando a tensão no ar

Confirmei com um aceno. Folheie meu caderninho ate achar um poema aleatório. Eu só queria que aquele momento de tensão passasse. Encontrei um no meio do caderno em uma pagina totalmente aleatória.

- o tempo não é algo bom. Ele nos tira coisas de mais. Mas o tempo também pode concertar tudo, por isso precisamos dele.

Quando ela terminou de ler fiquei me perguntando quando escrevi isso. Nem eu mesmo lembrava.

- caramba, isso é... profundo.

Ah!! Me lembrei! Fiz esse poema para o henry. Foi quando ele me contou sobre seus pais. Porque eu tinha guardado e não dado a ele?

- fico impressionada de como você faz isso- eu levantei as sobrancelhas confuso- transformar simples palavras em algo tão belo.

Eu que me admirava com ela. Ser tão apegada a música, produzir algo tão chamativo e belo. Antes dela eu não ligava muito para música, mas ela me contaminou. Sem mesmo eu dizer ela sabia meu gosto musical, só de olhar pra mim ela já sabia. Como ser mais incrível que isso?

- terminou a música? A que fez pra mim cantar.

Sim, eu tinha terminado. Mas estava com medo, será que minhas palavras seriam boas suficientes para ela poder cantar?

Eu confirmei.

- que ótimo!! Quem sabe eu não cante pra você hoje hein?

De fato eu não podia querer outra coisa, afinal foi por isso que me dediquei tanto a fazer a música. Fiquei imaginando como seria ouvir meu trabalho saindo de seus lábios.

Chegamos no local combinado com Deborah, um bar , e olha só, com karaokê. Quem chama um mudo pra um karaokê?? Pelo menos seria uma desculpa para allys cantar.

- noah!! Você veio mesmo, achei que ia dar um cano- ela disse sorrindo da brincadeira

Ela me cumprimentou com um abraço, foi quando me lembrei de apresentar allys, quando virei,  ela estava com cara de brava. A droga, como pude esquecer de apresentar ela, agora estava brava comigo.

Conheci os amigos de Deborah, não conversei com a maioria. Um aceno de cabeça e pronto, só um cara que veio conversar comigo e quando  disse que era mudo ele não recuou da conversa como a maioria. Parecia ser um cara legal.

- deve ser osso ter nascido assim né Brow?- ele falava com muitas gírias, eu não tinha nada contra gírias, só achava um pouco antipoéticas.

" sim, é bem chato não poder dizer nada"

- imagino. Eu  sou músico saca? Nem imaginaria como ser um sem voz.

Músicos podiam tocar instrumentos, mas não disse isso afinal ele tinha razão, qualquer situação não ter uma voz é ruim.

- e aquele pituzinho que ta com você ein? Sua namo?- ele disse se referindo a allys que estava do outro lado do bar conversando com o cara que cuidava do karoake, provavelmente marcando pra cantar uma música. Pelo jeito escutaria ela cantar antes de lhe mostrar minha música.

" é... uma amiga"

- humm... sei. Do jeito que olha pra ela parece até meu cachorro atrás de um bife.

Não consegui não rir, esse cara era engraçado.

- noah!!- allys chamou vindo em minha direção- vou cantar a próxima música e adivinha? Tive uma ideia. Vou cantar a sua música.

O que? Ali? Agora? Mas e se... vamos la noah você lutou para escrever, agora não é hora pra dar marcha ré. Espera, por falar nisso ela não parecia mais brava comigo, era bem melhor assim obviamente.

" claro, aqui esta a letra"

Lhe entreguei o papel, ela pegou e começou a ler. Sua expressão era de espanto. Droga! Será que estava ruim?

- esta incrível!!- ela me tirou de meus devaneios- caramba você é um artista!!

É claro que fiquei orgulhoso de mim mesmo, quem não ficaria?

- você me mostrou que é incrível- ela disse me fazendo sorrir- e agora vou mostrar que também sou.

Ela foi em direção ao local onde tinha o microfone. Ela ia cantar.

- que maneiro, parece que sua gata vai cantar- ouvi Carlos, sim esse era seu nome, dizer do meu lado.

Minha atenção estava toda nela, nos seus passos decididos, e no momento em que ela parou para escolher uma batida que combinasse com a letra. E então com o microfone em mãos ,ela começou.

"Dei voltas e voltas por ai, somente pra procurar.
Um lugar onde eu a conheceria, procurei até nos confins do tempo.

Depois de tanta procura, esqueci de tudo. Mas antes mesmo de lembrar meu próprio nome eu me lembrei de você.

Um dia entre mil, la estava você, fazendo meu coração balançar sem nem te conhecer.

Eu me agarro na esperança de te ver, em um mundo  onde nosso amor pode viver.

Eu tive um sonho a muito tempo, ele era Bonito e colorido. O céu nublado tinha um arco íris, ah desculpe, era seu sorriso.

Eu queria ser uma flor, me deixar levar pelo vento e me encher de amor em um mundo sem sentimento.

As partes de mim que eu odeio, as partes de mim que eu gosto agora sei qual se sobressai a qual, e isso me deixa triste. Mas eu não posso ficar deprimido pois deus fez o mundo redondo para não ter cantos pra mim chorar.

Ganhei um brinquedo que desejei a estrela.
Agora ele esta no canto do meu quarto. Eu tive cem desejos realizados um dia e agora os trocaria todos por você sem excitar.

O seu violão em um acorde tão bonito , me hipnotiza de uma forma tão alegre. Um rosto um sorriso é tudo o que preciso , ver você tão perto e também tão longe me faz perder pedaços do meu coração. Um dia eu direi o quanto te amei mas até la espere eu dizer que me apaixonei."

- mano, ela é muito boa. Da pra ver que  canta com o coração.

Eu não prestei atenção no que Carlos dizia, eu estava sem chão. Afinal era a primeira vez que eu escutava o canto dos anjos.

O Silêncio Das PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora