Abra as pernas

13.3K 1.3K 956
                                    

  A clareira virou aos avessos para se adaptar a uma gravidez. E as vezes eu sentia que os meninos estavam grávidos e não eu. Alby fez de tudo para que eu me sentisse o mais confortável e segura possível. No fundo eu realmente acho que tudo isso não é necessário, mas fiquei quieta e deixei que eles fizessem o que achavam melhor. Eles estavam tão felizes.

 A cada passo que eu dava, Alby perguntava se eu estava bem ou precisando de algo. E antes mesmo que eu pudesse falar o que eu precisava, já estava bem na minha frente, como se ele soubesse exatamente o que eu queria.

 Todas as manhãs Minho me abraçava e dava um beijo em minha barriga, antes de sair para o labirinto. A primeira vez que ele fez isso eu quase morri de vergonha, mas depois me acostumei. E toda vez antes de sumir pelos muros, ele virava e gritava:

-Voltarei para você e o bebê.

 Caçarola passou a cozinhar de forma diferente. Clint havia dito o que era melhor para uma grávida comer, ainda mais comendo por dois, o que fez ele modificar praticamente toda a cozinha e todo horário de refeição. 

 Gally mantinha aquele jeito durão, mas ao mesmo tempo preocupado. Eu sentia o olhar dele em cima de mim sempre, acompanhando o que eu fazia de longe, mas raramente ele vinha conversar comigo. Aos poucos ele e os construtores montavam coisas que um bebê poderia precisar, como um berço por exemplo.

 Newt continuava a ser minha companhia. Era aquela pessoa para conversar sobre qualquer coisa sem ser um bebê. Quando eu estava prestes a ter uma crise de ansiedade, ele estava lá para conversar e me acalmar. E por conta dele eu estava cada vez me acostumando com a ideia de ser mãe. 

 Chuck ficava ao meu lado 24 horas por dia. Suas piadas me faziam rir nos melhores momentos e ele sempre estava lá com um copo de água, mesmo eu falando que não precisava.

-Cint disse que você precisa se hidratar - ele dizia me estendendo o copo.

E Clint... Bom, ele era a pessoa que cuidava de mim. Cuidava melhor do que eu mesma. Eu não sei o que seria de mim sem ele.

Entrei na enfermaria. Tínhamos combinado que ele estudaria por uma semana e depois colocaríamos tudo em prática.

-Clint, você está com olheiras - eu disse me sentando em sua frente - E faz uns dias que eu não te vejo, você não saí daqui!

-Gravidez é mais difícil do que pensávamos - ele disse sorrindo.

E era aquilo que eu mais gostava nisso tudo: ele sorria no final das contas.

-Você precisa se cuidar - eu disse - Sua saúde também é importante.

-Jane, não se preocupe comigo. Agora, vamos com isso logo. Sente aqui.

 Me sentei na maca da enfermaria e olhei para ele curiosa. Ninguém estava ali, para me deixar com uma maior privacidade. Encarei ele por mais um tempo, esperando que ele fizesse algo.

-Clint? - perguntei quando percebi que ele não estava fazendo nada.

-Uma vez você disse que confiava em mim, pois bem: agora será o momento de provar que acha isso.

-O que você está querendo dizer?

-Sou socorrista e por isso vou cuidar do pré natal - ele disse colocando uma luva - Então abra as pernas.

-O que? - disse um pouco alto, sentido minhas bochechas queimarem.

Clint sorriu mais uma vez, se divertindo com a situação.

-Jane, eu e você sabemos por onde o bebê saí, né? - ele disse - Eu preciso ver lá.

Coloquei minha mão em seu peito, evitando que ele fizesse qualquer coisa.

-Calma aí! - respondi - Eu achei que passaríamos por isso daqui uns oito meses! Não me preparei psicologicamente para isso!

-Vou ser sincero: nem eu.

-Não tem outro jeito? - perguntei olhando para o teto, envergonhada.

-Creio que não.

Suspirei.

-Jane, se tem algo que eu prezo, é repeito pelos meus pacientes. Ou seja, eu vou manter uma relação profissional nesses momentos. Não é como se eu fosse falar para todo mundo na clareira que eu fui o primeiro aqui a ver sua vagina.

-Clint! - gritei rindo.

-Ninguém aqui achava que iria ser eu, né? - ele disse rindo. - Clint pode ganhar essa corrida sim! E digo mais: estou na frente de todo mundo!

Ri mais ainda com suas palavras.

-Tudo bem! - eu disse - Tudo bem! Eu faço isso, mas sem mais comentários assim!

-Pode deixar.

 E assim fizemos. Brincadeiras a parte, Clint foi educado e respeitoso na melhor forma possível. Dava para ver o quão concentrado ele estava.

-Acredito que está tudo certo - ele disse - Mantenha todos os cuidados que já falamos: comer bem, se hidratar, não carregar peso, etc.

-Pode deixar - eu disse sorrindo  -Obrigada Clint.

-Tudo por você, Jane.



-----------------------------------------------------

Clint é tão fofo!

Gente, Minho e Newt estão em uma batalha daquelas lá na votação!



Pregnancy in the field - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora