Eu não conseguia tirar os olhos dela enquanto caminhava em direção ao altar montado na praia particular da mansão Estrabao. Karla Camila Cabello Estrabao, mais conhecida como A Assassina, minha bela e terrível futura esposa. Camila tinha um sorriso radiante no rosto, completamente predatório, e seus olhos vidrados eram vazios de qualquer emoção. Eu apertei o braço do meu pai e senti sua mão gelada apertar meu braço em resposta. Eu sabia que ele não tinha tido escolha, mas não deixava de odiá-lo por me vender como uma vaca para a mulher que me aguardava no altar. Meu pai, Michael Jauregui, era o segundo em comando no maior cartel de drogas da costa leste dos Estados Unidos, que era comandado oficialmente por Alejandro Estrabao, pai de Camila. A Assassina comandava junto com o pai, e seria a nova chefe do cartel quando Alejandro morresse ou se aposentasse. Camila era conhecida pela crueldade que dispensava a seus inimigos, pelos inúmeros assassinatos cometidos e pela capacidade de aumentar ainda mais os rendimentos do cartel. Camila era, em parte, responsável pela vida luxuosa que eu e meus irmãos levávamos. Minha mãe dizia que eu deveria ser grata, pois foi por meio da gestão dela que meu pai subiu na hierarquia do cartel. Por pior que fosse, dizia minha mãe, Camila era generosa ao recompensar aqueles que a serviam bem, e meu pai estava incluído nessa lista. Por mim, ela poderia enfiar todo o dinheiro que meu pai ganhava no rabo, desde que me deixasse em paz. O noivado, realizado quando eu tinha 16 anos, foi um evento grande no submundo de Miami. Camila, então com 20 anos, me presenteou com um anel de noivado estonteante. Eu poderia ter apreciado a jóia, se não tivesse que encarar o sorriso terrível e o olhar vidrado de Camila sobre mim, suas mãos possessivas tocando minha cintura o tempo todo, me marcando como sua propriedade, fazendo com que todos tivessem certeza de que para mim não havia opções e escolhas. Eu era dela, para que ela fizesse de mim o que quisesse. Nos quatro anos de noivado eu só tinha me encontrado com Camila por duas vezes. Uma na própria festa de noivado, e depois no meu aniversário de 20 anos, três meses atrás. Camila tinha comparecido à festa com seus pais e seus irmãos. Sinu era uma mulher elegante, contida, sempre sorrindo para Alejandro. O pai de Camila tinha modos suaves, parecendo um homem comum e bem humorado, e não o dono de um dos maiores cartéis de drogas do mundo. Sofia e Dinah Jane, as irmãs de Camila, eram opostas: Dinah Jane era calorosa, extremamente educada e simpática, um raio de sol em meio às sombras que espelhavam os olhos de Sofia, que era conhecida, como Camila, pela crueldade e pelos assassinatos que carregava nas costas. Sofia era chamada de Cão de Guarda, pois era a segurança particular de Camila e a responsável pelas mortes que a irmã mais velha não queria executar. Seu corpo esguio e bem proporcionado era uma bela distração, que escondia sua força física descomunal e sua habilidade com armas de fogo e facas. Sofia não tinha os olhos vazios de Camila, mas tinha o mesmo sorriso cruel. Olhar para Sofia me dava tantos arrepios quanto olhar para Camila, e no fundo eu desejava que ambas estivessem mortas antes que meu casamento pudesse se concretizar. Camila tinha se portado de forma educada e distante durante toda a noite do meu aniversário. Tive que suportar seus toques, sentindo minha pele se arrepiar ao menor deles, e os olhares vazios que lançava em minha direção. Quando o pai de Camila sugeriu que ficássemos a sós para conversarmos um pouco, eu quase desmaiei de ansiedade e medo. Mas como sempre, a raiva fez seu papel e eu consegui suportar o pouco tempo que passamos em uma saleta na mansão de meus pais. Camila me estendeu uma pulseira de diamantes como presente, prendendo a mesma em meu braço. Suas mãos eram surpreendentemente quentes para alguém cujos modos eram tão frios. Ela tinha me dito que a pulseira tinha pertencido à sua avó, e eu me surpreendi com o quanto a voz dela era suave ao falar disso. Seus olhos ganharam um pouco de vida, e eu fiquei boquiaberta com a possibilidade daquela coisa na minha frente ser capaz de sentir qualquer tipo de emoção. Camila tinha em seguida elogiado minha beleza, sem nenhuma emoção nos olhos ou na voz novamente. Depois tinha beijado minha mão e se retirado da saleta, alegando que precisava falar com meu pai sobre negócios. Assim que Camila saiu da saleta, minha irmã Taylor tinha entrado, os olhos arregalados, preocupada comigo. Taylor odiava a possibilidade de me ver casada com Camila tanto quanto eu. Camila só se aproximou de mim novamente quando estava indo embora, o mesmo sorriso predatório no rosto, os olhos vidrados me encarando enquanto ela me dizia o quão ansiosa estava para nosso casamento. Taylor quase tinha avançado em Camila nessa hora, e eu prendi a respiração, com medo de que a Assassina simplesmente metesse uma bala na cabeça da minha irmã. Nos últimos meses eu tinha pensado em me matar, em fugir, em matar Camila, tendo desistido de todas essas opções. Se eu não fosse dela, eu sabia que a Assassina puniria minha família, algo que, por mais magoada que eu estivesse com meus pais, eu não poderia suportar. Então eu decidi me dedicar aos preparativos do casamento, e me surpreendi quando minha mãe me contou que Camila estava cuidando pessoalmente dos detalhes. Eu basicamente só teria que aparecer, enfiada no vestido branco simples, porém elegante, que a Assassina fez com que fosse entregue na mansão dos meus pais semanas antes da cerimônia. Camila me aguardava no altar descalça, usando um short branco e uma blusa também branca, sem nenhum detalhe, os cabelos castanhos volumosos presos com uma bela tiara de diamantes apenas de um lado da cabeça. Eu também estava descalça, o vestido branco de seda moldando minhas formas, meu cabelo trançado com flores, um pequeno buquê de flores coloridas em minhas mãos. Eu fiquei surpresa com o ar moderno e relativamente simples da cerimônia. Parecia um casamento normal, e não uma transação de negócios. Se minha prometida não fosse Camila Cabello, eu acreditaria até que havia amor no tempo e esforço dispensado por ela na preparação da cerimônia. Ela basicamente tinha feito meu casamento dos sonhos acontecer. Minha mãe tinha me dito que a irmã mais nova das Cabello, Dinah Jane, tinha realizado um verdadeiro interrogatório para descobrir o que eu esperava de uma cerimônia de casamento, e minha mãe, que me conhecia melhor do que ninguém, tinha feito o possível para descrever meu sonho de princesa. E Camila o estava realizando agora. Se eu não estivesse com tanta raiva e medo, talvez pudesse apreciar melhor os detalhes. Mas encarar os olhos vazios de Camila tirava qualquer prazer que eu pudesse ter hoje. Tentei me concentrar em observar minha futura esposa. Camila era definitivamente atraente, toda curvas e ângulos, os quadris aparentemente estreitos sustentando uma bunda generosa. Os cabelos castanhos eram espessos e desciam por seus ombros e costas em anéis cor de chocolate, luminosos. Ela era cerca de 7 ou 8 centímetros mais alta do que eu, e ao se olhar para Camila, para seu corpo exalando feminilidade, era impossível imaginar que ela tivesse um pênis. Um pênis grande, grosso e que segundo informações ela não tinha medo ou pudores de usar. Senti um arrepio descer pela minha espinha. Buscando informações sobre a Assassina depois do noivado, eu tinha descoberto que ela saía com inúmeras mulheres, e que aparentemente era uma fera na cama. Camila gostava de sexo bruto, não se importando nem um pouco se machucava suas parceiras. Pelo contrário, parecia que a Assassina tinha prazer em saber que estava machucando. Foi com esse pensamento na cabeça que fui entregue para minha futura esposa. Ela beijou minha mão, seus lábios quentes tocando minha pele e fazendo com que o medo se apoderasse de mim. Eu estava em pânico. Não queria me casar com ela. Fiquei tonta, e se não fosse Camila me segurar pela cintura, teria me estatelado na areia ao lado dela. Por um segundo nossos olhares se cruzaram, e eu pensei ter visto um toque de emoção no olhar de Camila. Me equilibrando, ela me encarou novamente com aquele sorriso de tubarão, os olhos vidrados e sem vida. A cerimônia começou e um rugido tomou conta dos meus ouvidos. Eu mal conseguia prestar atenção às palavras que o sacerdote dizia. A sensação dos meus dedos entrelaçados aos de Camila me fazia querer vomitar de tanta ansiedade. Quando Camila repetiu seus votos, enfatizando ao máximo o "até que a morte nos separe" eu senti que ia desmaiar. Tive que fazer um esforço sobre humano para me manter de pé, e minha mão tremia loucamente quando Camila colocou a aliança em meu dedo. Repeti meus votos com a voz mais firme que consegui manter, e quando deslizei a aliança pelo dedo de Camila foi como se uma sentença de morte me sufocasse. Eu era dela. Irremediavelmente dela. O restante da cerimônia foi um borrão. Quando dei por mim ouvi as palavras "Agora selem esse compromisso com um beijo". Encarei Camila e vi, horrorizada, a Assassina se inclinando para tocar minha boca com a sua. Fechei os olhos com força. Camila colocou uma mão quente contra a minha bochecha, e o toque de seus lábios era quente e macio contra a minha boca. Não foi desagradável. Ela não prolongou muito o beijo, e logo depois eu estava enganchada no braço de Camila, sorrindo para os convidados que nos cumprimentavam e desejavam felicidades ao casal. Eu lutava para respirar, sentindo que desmaiaria a qualquer momento.
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Consequences
FanficUm casamento arranjado. Duas famílias unidas pelo dever e pelo crime. Duas pessoas unidas pelo amor.