Prólogo

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Bastet , filha de Sekhmet e Rá , encarava a eterna escuridão do submundo pela sacada de seu quarto quando duas batidas suaves na porta se fazem audíveis. A jovem Deusa suspirou , e seguiu em direção ao barulho. Antes mesmo de abri-la , Bastet já sabia quem estava do outro lado. Sorrindo , a Deusa deu passagem a Anúbis.

- Bast..

Antes que o Deus dos mortos terminasse sua fala , a Deusa o puxa pelo pano de sua vestimenta , o deixando perigosamente próximo a ela. Enquanto a mão do Deus passeava pela face morena de Bast , sua mente insistia em lembra-lo constantemente da beleza única que ela possuía.

Seus cabelos castanhos se estendiam até os quadris , os olhos , exatamente da cor do rio Nilo, brilhavam como milhões de sóis ao encarar-lhe. O corpo da Deusa era , sem dúvida , estonteante , e o Deus quase não conseguia controlar a vontade de senti-lo mais uma vez junto ao seu. Então Anúbis lembrou-se de seus motivos por estar ali , e gentilmente afastou a tentação de si.

- O que foi ? Não gostou do que provou aquele dia, é isso ?

Anúbis balançou a cabeça em negativa e suspirou pesadamente , ele parecia cansado. O Deus dos mortos e moribundos também tinha muito do que se orgulhar com relação a sua beleza. Suas madeixas escuras passavam apenas dois dedos de sua orelha no comprimento , os olhos eram no mesmo tom se seus cabelos e o corpo do Deus era resultado de milênios de treinamento. Dificilmente uma mulher resistiria a um simples olhar de Anúbis , sua influência se estendia desde Deusas à Ninfas , ou até mesmo as pobres almas que andam á caminho de seu julgamento. A cabeça da jovem Deusa logo se encheu de especulações.

- Não diga tolices, Bast. Você sabe que é maravilhosa...

A carranca amargurada logo deixou o rosto de Bastet e o sorriso contagiante logo tomou conta da bela face da Deusa novamente e , de forma lenta e predatória , tentou se aproximar do Deus , que se esquivou.

- Então diga-me...Por que ?

Anúbis lembrou-se novamente dos olhos cor de sangue e transbordando de ódio de Sekhmet enquanto o ameaçava.Um calafrio percorreu o corpo do Deus ao lembrar da Deusa da guerra. Ele não tinha medo algum dela , pelo contrário , se algum dia se vissem em um empasse , ele certamente a venceria. Mas o Deus temia, temia por Bast.

Sekhmet não é e nunca foi a melhor mãe , sempre foi conhecida por sua rigidez e punições estremas. O Deus não sabia o porquê da preocupação e nem os motivos de tão repentino sentimento por Bast , mas de uma coisa ele sabia. Isso seria sua ruína.

Antes que o Deus pudesse responder , um de seus servos apareceu nos aposentos de Bastet. A coloração de sua pele era escura , seus olhos , brancos como o véu e sua enorme cabeça de chacal exibia enormes e afiados dentes.

- Senhor...

O Deus olhou para Bastet e para seu servo algumas vezes , para finalmente realizar um gesto com a mão , dando á seu subordinado a palavra.

- Meu lorde , a senhora da justiça, Maat, enviou-lhe uma mensagem.

- E qual seria? Diga logo de uma vez!

O enorme chacal pareceu tremer , temendo até mesmos as palavras que logo sairiam de sua boca.

- O pós morte está uma bagunça. As almas estão vindo aos montes , milhares e milhares de almas estão chegando. Maat teme pelo mundo dos vivos.

Anúbis pondera por um tempo , para em seguida virar-se para Bast , encarando-a.

- Preciso que vá até o mundo dos vivos. Descubra o que está acontecendo, pergunte a Osíris, revire Toth de cabeça pra baixo, mas descubra o que diabos está havendo!

Sem hesitar , a Deusa toma sua forma felina e logo some de vista. O Deus dos mortos se vira para seu servo , sua voz carregada com uma urgência jamais vista , até então , pelo servo.

- Leve-me até Maat.

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⏰ Última atualização: Oct 21, 2021 ⏰

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