— E então... — Quíron ouviu um barulho de algo, se interrompendo a tempo de ouvir um xingamento baixinho. Com um suspiro, ele continuou: — Me desculpe Lorde Ares, prometo resolver isso rapidamente. — e saiu da sala.
Ares conteve um bufo de irritação. Como se não bastasse ter sido enviado para o antro de mini capetas (mais conhecido como Acampamento Meio-Sangue) por Zeus interrompendo seu encontro com a deusa do amor, ainda era praticamente ignorado por Quíron em favor de uma criança remelenta. O Deus da guerra só queria ir pra casa e ter uma noite de sono decente, para no outro dia voltar a atormentar Atena ou até mesmo instigar uma guerra em algum país próximo.
Levantando da poltrona de couro marrom que estava sentado se encaminhou rapidamente até a porta, pronto para interromper aquela discussão ridícula que se sucedia no corredor quando parou de repente: uma pequena garotinha de bandana falava baixinho com o centauro, em frente a foto de uma garota forte, alta e mal-humorada. Clarisse.
— Mas eu só queria ver o quadro de novo tio Quíron...
— Eu entendo Jesy, mas já passou da hora dos campistas estarem na cama. Já imaginou se uma das harpias te encontra antes de você chegar aqui?
A menina fez um som de escárnio, para logo depois adotar uma postura desafiadora. Postura essa, que Ares reconhecia muito bem. Ele a via todos os dias no espelho afinal.
— Então eu as matéria com a minha adaga tio. - mostrou a arma escondida em suas botas. Depois de um tempinho continuou: — Eles não gostam de mim... — murmurou baixinho. — Dizem que sou muito baixinha e que nunca vou ser forte igual a eles.
— Jesy, querida...
Jesy, Ares percebeu. Sua filha. A bebê que ele havia visto uma única vez no hospital de Londres antes de lhe dar as costas e voltar para o Olimpo. A filha que ele ignorou desde então.
— Mas eu não ligo tio Quíron. — a garotinha voltou a por sua máscara. — Um dia eu vou ser tão, mais tão forte que vou empunhar uma lança sozinha e matar todos os monstros que aparecerem na minha frente. Igual a ela. — apontou para a Clarisse do quadro, ganhando uma expressão mais obstinada e sonhadora. — Um dia eu vou ser forte e corajosa igual a minha irmã.
— E eu acredito nisso criança. - o centauro passou as mãos em seu cabelo. — Agora que tal você subir pro quarto de hóspedes enquanto eu acabo de resolver alguns assuntos? Prometo que levo leite e cookies, e te conto uma história.
Jesy pareceu considerar a ideia, concordando depois de alguns segundos.
— Mas eu quero ouvir a história de como a Clarisse conseguiu pegar o velocino de ouro tá bom? E eu não quero leite: eles são para criancinhas. — e com um último olhar pro quadro sumiu em direção às escadas.
Ares por outro lado tratou de voltar rapidamente à poltrona em que estava, enquanto se forçava a ficar o mais normal possível. Ele ainda tinha que falar com Quíron antes de fabricar uma lança para sua filha.
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A lança e a Guerra
FanfictionUm pequeno tributo a Clarisse La Rue. Porque a nossa força depende exclusivamente de nós mesmas.