capítulo único.

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Andar lento. Ombros caídos. Olhar ao chão. Expressão fechada quase que integralmente. Suas mãos enterravam-se sob o tecido de seu sobretudo de cor preta. Lauren Jauregui passou a ser uma adulta de poucas palavras e sentimentos genuínos.

O jeito com que olhava tudo que havia em sua volta dava a terceiros uma impressão de alguém observador, que gostava de saber com clareza aquilo acontecia a sua volta, mas era justo o oposto disso.

Lauren focava as esmeraldas claras de seus olhos no horizonte, com a cabeça sobre os céus, voando pelas inalcançáveis nuvens, a qual fantasiava serem feitas do mais macio dos algodões já feitos pelo homem, onde suspendia o peso do seu corpo ao se deitar.

Dentro da costumeira cafeteria, lugar visitado pela mulher diariamente, ela voltava a observar. Só havia uma coisa que tirava a garota de seus profundos pensamentos. Ou melhor, alguém.

O mar esverdeado que refletia em seus olhos experenciavam o mais lindo nascer do sol toda vez que a garota latina de olhos castanhos chegava no local. Ela era a personificação de todos os seus pensamentos, tornando estes inúteis quando ela aparecia diante a Lauren.

A Jauregui constantemente fantasiava coisas dentro dos labirintos que sua mente levantava. Todas as paredes aprisionavam uma garotinha carente de felicidade. Lauren pensava em como era ser feliz. Ela queria sentir isso também. Queria sentir como era ser feliz. Queria emoções genuínas. Sorrisos espontâneos. Momentos bons. Coisas diferentes em sua monótona rotina diária. Ou até que as mesmices de sempre tivessem um pouco mais de emoção. Era tudo que procurava. E depois de muito tempo a mulher encontrou aquilo que tanto procurou.

A morena de olhos claros deixava a cabeça se apoiar sobre a mão em cima da mesa. Sorria com os olhos ao vê-la. A pontinha lateral de sua boca se curvava discretamente enquanto ambas as foscas íris verdes tomavam um brilho fora do comum.

Do outro lado da pacata cafeteria familiar de seu bairro estava Camila Cabello. Sua personalidade aparentava ser oposta a de sua admiradora. Camila sempre fora uma garota com energia inexplicável, como se estivesse conectada em uma tomada 220V. Uma garota adorável. Doce. Sociável. Sorridente. E acima de tudo, otimista. Mas, na realidade, a única coisa que as tornavam diferentes uma da outra era: Lauren buscava incansavelmente por felicidade e Camila era a própria personificação desta.

Escondendo pouco de seu rosto dentro do tecido envolto de seu pescoço, olhava a latina discretamente, deixando a timidez que possuía anos atrás na época de colégio usufruir dentro de si sem pedido algum. Fluíam dentro de si sensações nunca sentidas anteriormente por Lauren, mas ela, em seu íntimo, sequer ligava para isso, apenas gostava e se sentia bem.

Camila ria. Conversava animadamente com os filhos de seus vizinhos. Cumprimentava cada um daqueles que entravam. Amava trabalhar na cafeteria que seu pai colocou para cima com tanto esforço, e agora, o estabelecimento além de oferecer ótimas opções em seu cardápio, deixava as pessoas com vontade de retornar apenas por conta da energia e simpatia que tinha Camila com todos ali dentro. Conseguia fazer o dia de muitos naquele bairro pequeno. Inclusive os dias de Lauren.

Mas por sua vez, não era como se fosse boba ou desatenta, — apenas um pouco do segundo item — sendo assim, era notório para a Cabello os olhares tímidos e acanhados a qual Lauren dava para ela. Gostava disso. Achava adorável e se perguntava o que passava na cabeça de um mulher como aquela. Nunca lhe dirigia uma sequer palavra, mas seus olhos falavam por si só. As pequenas janelas da alma da Jauregui expressavam bem a admiração dela em relação a pequena, que, em particular, não notava essa parte, mas tinha extrema curiosidade na misteriosa mulher que permanecia sentada durante boas horas sobre o assento acolchoado da mesa quatro. Sempre a mesa quatro. A garota da mesa quatro, que ficava na extremidade do local, ao lado de uma das janelas.

A garota da mesa 4. • oneshot camren.Onde histórias criam vida. Descubra agora