pág. 6

95 18 2
                                    

Lágrimas de um culpado


Realmente o tempo não vai chorar comigo quando eu perceber que só fiz perder tempo. Sim, estou na chuva sem guarda-chuva e está trovejando apenas sobre a minha cabeça.

- Lin? O que houve? Você está chorando?
A Meline me dá uma atenção maior.

Me sinto culpado por ter deixado os meus pais viajarem sem mim. Ou sem ao menos me dá um tchau. Não entendo mais sinto lá no fundo que aconteceu algo a mais para eles terem viajado assim as pressas. Talvez eles estejam me poupando de algo.

- Não entendo como essa poetisa me entende tanto, a ponto de descrever tudo o que sinto.
- Digo para Meline entre os soluços.

- Os poetas tem esse dom Lin. De descrever o que sentimos. São bons nisso.
- Meline esclarece.

- Vamos para casa Meline.

- calma ai! Ainda faltam cinco pessoas para falar.
Meline se assusta ao ver meu desânimo.

- Tá bem. Vamos! Foi eu quem te carreguei mesmo.
- Ela me dá as mãos e vamos andando.

- Não sei o que deve ter acontecido mas vai ficar tudo bem Lin. Acredite! Meline diz acariciando meu rosto.

Respiro fundo e tento disfarça minha tristeza.

- Meline! Fique e veja o restante das apresentações não precisa se preocupa comigo é sério!

- Você tem certeza? Meline me pergunta com dúvidas, mas sei que ela quer voltar a ouvir o restante das poesias.

- Sim. Eu vou ao banheiro e vou ficar bem, amanhã te prometo que conto tudo a você.

- Tudo bem.
Meline me abraça e volta para dentro da sala.

Então sigo para o banheiro.

- Suas palavras são renovadoras, me tocou profundamente. Parabéns.
Ouço uma menina parabenizar uma poetisa que está no banheiro.

- Obrigada. Você não sabe a diferença que você está fazendo para mim, dizendo essas palavras.
Era a mesma voz que estava falando a poesia que me fez chorar.

Acabo de usar o banheiro e esbarro em alguém.

- Você?
A menina de cabelos amarrados com apenas uma mexa cobrindo seu rosto diz.

Paro alguns segundos tentando lembrar de onde eu conheço esse rosto.

- Lawren?
Abro um sorriso ao ver que era ela e fico sem jeito.
- Não me lembro de ter contado o meu nome a você.
Lawren diz abrindo um sorriso ao meio.
- Eu vi seu nome assinado em um papel, deduzir que era o seu.
- Respondo.

- Sim, mas não sabia que você gostava de poesia. Na verdade não sei de nada que você gosta.
- Ela diz sorrindo me olhando sem desviar o olhar.

- Na verdade comecei a gostar de poesia quando li as suas. E quero te dizer que você me fez chorar hoje.

- Só recebemos o que já temos por dentro, por isso a interpretação pode tocar profundamente alguém da mesma forma que não pode. Pelo menos é assim na arte.
- Lawren explica tranquilamente.

- Você deve ter razão.

- Sempre que organizam sarau literário aqui me convidam e olha eu aqui. Bem fiquei feliz em ver você. Não pensei que nos encontraríamos tão rápido.
Mas... Se der tempo! Essa poesia te fez chorar? Mas porque Colin?

Pensei que era impossível achar ela mais agradável e agora ver ela falando, me dá a impressão de que eu não merecia vê-la, porque só em vê-la já é um grande presente.

- São tantas coisas. Digo respirando fundo.

- Mas isso não vem ao caso, são os meus complexos problemas.
Ela parece pular dentro dos meus olhos.

- Você está triste Colin. Não te conheço bem, mas algo te impede de desabafar, não sou boa em dá conselhos, mas sou ótima em ouvir.

- Não acredito! a bêbada que ajudei um dia atrás, está em minha frente, querendo descobrir meus sentimentos? É isso?

- pois pode acreditar! E não me chama de bêbada, Por favor!

- Você quem manda!

- Lin! Você não me falou que ia para casa, porque ainda está aqui? o que está acontecendo?
A Meline aparece me pedindo explicações seu tom de voz é de cobrança. E eu não a entendo.

- Calma Meline! encontrei a Lawren agora e vamos tomar um café.

- Vamos? Lawren diz confusa.

- Não, você não pode ir tomar café com uma estranha quando na verdade você não está se sentindo bem e precisa ir para casa.
Meline diz brava, não estou reconhecendo a Mel.

- Fica bem Colin!
Lawren diz e se vai quase as pressas.

- Porque você falou isso?

- Lin, você não está bem, lembra? Você não pode ir tomar café com qualquer pessoa.

- Meline, eu gosto muito de estar com você, mas você não tem o direito de me tratar assim.

- Desculpas Lin, mas sei que você não estar bem. Vou voltar a ouvir as poesias.

Queria agradecer a Lawren que gentilmente se ofereceu para me ouvir e agora ela fugiu.
Não sei o que aconteceu com a Meline .

E agora como falo com a Lawren?
Agora a Lawren foi embora e nem deixou me despedir dela.

... As estrelas são corpos celestes Colin que tem brilho próprio, mas na verdade são esferas gigantes compostas de gases que produzem reações nucleares mas graças a gravidade podem se manter vivas por trilhões de anos...
Olhando para o céu estrelado a voz do meu pai soa em meus ouvidos falando sobre as estrelas, o amor dele pelas estrelas talvez seja do tamanho do amor que ele sente pela minha mãe, será que os dois agora estão observando esse mesmo céu.
Meu telefone toca:

- Sim?
- Rígel?
- Mãe! Até que fim você me deu um sinal de vida. Cadê o papai?

- Seu pai está no banho, como estão as coisas? Está se cuidando direitinho?

A voz da minha mãe não está nada animada.

- Estou me sentindo sozinho mãe! Volta pra casa logo. A saudade já está me matando.
Agora confesso o que estou sentindo, me sinto um menino perdido querendo o colo da minha mãe.

- Não vai dá pra voltar agora meu amor. Aguente mais alguns dias.

- Porque não? Então me diz onde vocês estão pelo menos mãe.

A ligação cai...

Estrela BináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora