Capítulo 2 - Promessa de Retorno

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Do lado de fora do palácio, o rei olhou para o céu, para as nuvens negras formadas pelo acúmulo incessante das cinzas lançadas pelos  vulcões que circundavam o reino. Há mais ou menos vinte anos o céu não era assim, a terra não era assim, tudo era diferente. O reino um dia foi uma terra próspera, repleta de vida e de alegria. Um povo feliz habitava essas terras. Mas com o colapso repentino do planeta, que estava chegando ao fim de sua vida, a terra mudou, as pessoas mudaram e a alegria foi devorada pela fome, por guerras e pela miséria.

O rei se abaixou e, então, o ar em torno dele mudou. As cinzas do chão em sua volta começaram a flutuar, como se a gravidade ao redor dele estivesse invertida. Então, ele saltou, ou melhor, disparou para o céu. A força do salto foi tão grande que a terra ao redor explodiu como se uma bala de canhão a tivesse atingido. Como um tiro, ele ascendeu ao céu. Em poucos momentos, ele adentrou ao mar negro de fuligem e cinzas que cobria o céu.

* * *

De volta ao palácio, as portas de uma das salas foram abertas. Dentro dessa sala havia uma grande mesa redonda com um belo tampo de obsidiana e várias cadeiras em sua volta. Em uma delas, Toradorff estava sentado, com sua cabeça repousando sobre a mesa e com um olhar distante em seu rosto.

— Toradorff, quando eu estava chegando percebi Sua Majestade saindo voando? Aconteceu alguma coisa?

Toradorff levantou sua cabeça lentamente. Um anão de barba ruiva trajando uma armadura negra e portando um machado de guerra era quem havia entrado na sala e estava chamando por ele.

— Mjörn?... O que faz aqui tão cedo, não deveria estar cuidando dos invasores no Norte?

— Os homens-peixe? Então, pouco depois de a batalha começar eles se renderam, então pude retornar mais cedo do que o esperado. Quando eu estava chegando vi Sua Majestade alçando voo, aconteceu alguma coisa? É que isso não é do feitio dele. Normalmente ele não voa para chegar a lugar algum, ele só... você sabe, aparece.

— Sua Majestade foi visitar Raiju — respondeu Toradorff, desviando o olhar.

— A dama dos raios? Mas sozinho? E voando? — em um tom mais sério, continuou — O que está acontecendo, Toradorff?

— Me desculpa Mjörn... eu não consegui impedi-lo... Sua Majestade pretende enfrentá-la pelo Continente Central.

— O quê?! Por quê? Ele enlouqueceu? Dos cinco continentes o exército dela é o maior, mas ele ainda quer enfrentá-la sozinho? Você não é o conselheiro do rei? Mais do que isso, como eu, você não foi adotado por ele? Por que diabos você  — Mjörn estava enfurecido, louco de raiva, e com um misto de emoções, por causa disso não conseguiu se conter e socou a primeira coisa que viu, um dos pilares da sala que estava próximo a ele, cravando um enorme buraco e deixando várias rachaduras nele — deixou o nosso pai ir sozinho!!

— Eu não pude fazer nada, ele sequer quis me ouvir.

— Que droga, Toradorff! Nós temos que reunir os outros cinco, temos que ir ajudar o nosso pai!

— Ele não quer isso.

— Foda-se o que ele quer! Ele precisa ficar vivo se quiser me punir por desobedecê-lo. Vamos, agora!

Mjörn era um jovem com uma história parecida com a de Toradorff; quando criança, ele também foi abandonado por seus pais, mas, diferentemente de Toradorff cujo os pais nunca pôde conhecer, Mjörn havia conhecido os dele e se arrependia disso. Os pais de Mjörn, como muitos outros, faziam de tudo para ter o que comer, mas não para dar a seus filhos, mas para eles mesmos. Uma das coisas que faziam era vender suas proles como escravas para conseguirem dinheiro.

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