ISIDORA Quando estiver na escuridão seja luz e as trevas fugirá de vós.

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O sol quente na abafada tarde de verão, torna o momento para Jarde ainda mais sufocante, deitada sobre uma cama de palha a jovem entra em trabalho de parto, sua mãe ao seu lado, tentando tranquiliza-la , ela passa sobre o rosto da filha uma pequena toalha umedecida, Jarde já teve outros filhos, porém esse, tem lhe dado muito medo devido a uma forte dor e a um constante sangramento, ela é consolada pela parteira que tenta acalma-la, numa casa solitária em meio a plantações e criações de gado, Jarde se vê apavorada buscando conforto apenas na companhia de sua mãe, no entanto nada do que a parteira e sua única amiga Maria que acabara de sair do quarto às presas fazem, parece surtir efeito no complicado parto de Jarde, que já abatida parece não saber mais de onde tirar forças...

— Minha mãe, eu vou morrer, não aguento mais essas dores, chame Santo, onde está meu irmão Guilherme, quero falar-lhes... — Jarde fala quase sem forças.

— Jarde, seja forte filha, tu vais conseguir... seja forte e tenha calma. — Disse Dona Isidora com lagrimas escorrendo pelo rosto.

A parteira às olha sem saber o que dizer ou fazer, com um pano úmido, passa no rosto de Jarde tentando alivia-la, mas a jovem parece estar se entregando ao cansaço.

Maria retorna ao quarto, na companhia de uma senhorinha chamada Dona Lurdes, que trouxe consigo sua jovem filha Anita, Dona Lurdes é uma rezadeira local, trabalha com ervas e incenso, religiosa e devota dos santos e das velhas crenças, elas entram no quarto, ficando do lado de fora, na sala,

a jovem Anita que se sentou em um banco de madeira observava o nervoso misturado com ansiedade de Antônio, ele temia pela vida de sua esposa.

Dona Lurdes Faz suas preces passando a mão na barriga de Jarde e em sua cabeça, mas nada parece ajudar a pobre e fraca mulher, aquela que na cama agoniza de dores se contorce, e em prantos implora por ajuda, Maria sua amiga chora ao ver seu desespero, sempre fora seu maior sonho se casar e ter filhos, mas quando ela vê o sofrimento de Jarde, sua melhor amiga, Maria em seus pensamentos se questiona se realmente é isso que ela quer, Dona Isidora segura a mão de sua filha em silencio.

- Filha, por favor, acalme-se, tenha fé em Deus.

Em seus pensamentos, Dona Isidora ora e implora à santa Sara para que ajude sua filha. Isidora desejava no fundo de sua alma que Guilherme seu filho estivesse presente para acalmar Jarde, ele é, assim como Dona Isidora muito religioso e apegado aos santos, ele reza contra olhado e receita banhos, é conhecedor das ervas e seus mistérios... Mas ele não está ali no momento.

Com passos lentos e leves, uma jovem criança delicada, de pele branca, longos cabelos ondulados e dona de um belo rosto angelical, adentra no quarto, ela é a Nolia, filha de Jarde que entra no local sem que ninguém a perceba, chegando perto da cama onde sua mãe encontra-se deitada, ela a vê em agonia, juntamente com a parteira e sua avó a quem ela é muito apegada, a pequena garotinha olha para a sua avó segurando em sua mão fria e tremula, tomada pelo medo assustada ao ver sua mãe naquele estado.

— Dona Isidora, eu estou preocupada. — Disse a parteira olhando para a Nolia, enquanto a garotinha murmurava algo para sua avó.

— Vovó reze, olhe para minha mãe, se a senhora rezar, esses homens sairão de perto. — Disse Nolia com uma voz tremula à sua vó.

— Quais homens? — Questiona a parteira olhando ao redor.

— Não há homens Nolia! — Disse a senhora Isidora.

— Há sim vovó... a senhora que não vê?...

A rezadeira observa a garotinha prestando atenção no que ela diz.

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⏰ Last updated: Aug 17, 2019 ⏰

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