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AVISO IMPORTANTE:

Este livro aborta temas sensíveis, como abuso físico e psicológico, drogas, violência sexual e depressão. Caso não se sinta confortável com esses temas, peço que não prossiga com a leitura.

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The Edge terminava de arrancar as últimas notas em Mi maior do solo de guitarra de Pride quando a coxa dela deslizou sob a minha. A pele macia e quente tocou minha virilha, provocando um arrepio prazeroso em meu corpo. Abaixei a cabeça e olhei o rosto da morena deitada sob meu peito, que distraidamente cantarolava os últimos versos da música junto com o Bono.

A voz dela não era tão afinada, mas nada disso importava. Sua boca e língua, além de outras partes deliciosas do corpo, já haviam me deixado saciado. Ela poderia assassinar a letra de uma de minhas músicas favoritas como bem entendesse desde que permanecesse nua e me acariciando como estava fazendo.

— Gosto dessa música — ela comentou, enquanto girava o indicador em torno do meu mamilo.

Os olhos castanhos dela encontraram os meus, provocando-me lembranças que eu gostaria de esquecer. Alguns anos atrás, uma garota com íris castanhas iguais a essas também se deitou sob mim enquanto ouvíamos aquela mesma música. Naquela época, eu era ingênuo. Acreditava que amor e força de vontade eram o suficiente para vencer qualquer obstáculo, desde que tivesse ao meu lado alguém que correspondesse meus sentimentos na mesma medida.

Não demorou para eu descobrir que a realidade gostava de pregar peças em pessoas como eu. Meus fantasmas e traumas não podiam ser superados. A única escolha era não me apegar a ilusões.

Ajeitei uma mecha de cabelo atrás da orelha da morena, assistindo a luz da rua que entrava pela janela refletir na íris escura que estava a poucos centímetros de mim. O jeito meigo e um pouco tímido da mulher fez com que suas bochechas se ruborizassem quando ela sorriu.

— Também gosto — admiti, sem revelar quantas lembranças aqueles acordes me traziam.

Para não deixar tão visível o quão emotivo eu estava, estiquei meu braço e peguei meu cigarro, tragando-o mais uma vez. A ponta do pequeno bastão de papel acendeu diante dos meus olhos, em um laranja vivo, enchendo-me da essência que só a cannabis sabia me dar.

Não havia nada melhor que fumar um beck depois de uma trepada.

Daria tudo para congelar o tempo e estender a sensação prazerosa de paz e sossego que espalhava por minhas veias sempre que tragava um bom cigarro. Aqueles momentos de mente tranquila e elevada eram tão raros para mim. Não havia traumas ou erros... Era apenas eu, satisfação e mais nada.

Eu sabia quais eram as consequências que o meu vício traria para o meu corpo, levando em conta o tanto de pessoas que assisti definhar por causa dele, mas não importava. Dos meus males, esse era o menor.

Em teus passos  | CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora