Um Milagre - A Que Não Podia Amar

Um Milagre Parte 18

Marquinhos jogava bola com os meninos gêmeos do casal ao lado de Ana paula. A praia estava na temperatura certa. À sombra do grande guarda-sol ela relaxava tomando um suco de laranja. Era um pouco antes das 9h da manhã. A barriga estava de fora, pegando um banho dos raios solares. Dizia no livro que não saía dos braços dela que isso era bom para a pele e para o bebê.

Dani ao lado dela desfrutava do desjejum trazido a elas por um dos garçons do hotel. Sim, estavam naquela bendita praia onde passou aqueles dias com Gustavo. Porém, Ana Paula nem sequer se abalou com isso. Somente lembrou-se quando Marquinhos comentou a respeito com ela. Coisa que ela pediu que o menino não falasse perto do pai. O garoto entendeu.

Não tinha também como ter muitas lembranças. Não estava hospedada em qualquer hotel. Era num resort, estava grávida, com Rogério ao seu lado. O irmão, a Dani e claro o Marquinhos. Tia Rosaura injuriadíssima, foi desconvocada a ir junto. O choro foi tanto que Ana Paula até pensou em dar o braço a torcer e deixar ela ir. Mas acabou por barrar a tia do passeio.

A suíte de Ana Paula e Rogério era luxuoso, tinha dois quartos, sacada, cozinha, sala de jantar, uma de jogos. Era tão grandiosa que foi motivo de ralho da parte dela. Para que tudo isso? Tinham que guardar dinheiro, mas Rogério fez de conta que não ouviu. Lembrou-a da recomendação de Ernesto para que ela se afastasse de qualquer rastro de preocupação. E a verdade era que Paula não largava um segundo uma agenda onde anotava alguns assuntos para Rogério trabalhar. Nem o próprio fazendeiro dormia pensando nos dramas financeiros da Fazenda do Forte como ela.

Dani e Miguel ficaram num quarto semelhante. Acharam extremamente esquisito o convite de Rogério. Miguel mais que Dani, porque a verdade é que depois de ter sido rejeitado como padrinho de Paulinho. Não pensou que o fazendeiro ia querê-lo por perto. Qual era o sentido daquilo? A desconfiança durou apenas um dia, quando a noite chegou e se encontraram para jantar. Ele pediu que Miguel o ajudasse a ir ao banheiro. Será que foi por isso que o trouxe junto? Hugo não foi chamado para trabalhar no passeio deles. É foi para isso mesmo, pensou Miguel.

Rogério, porém, desviou o caminho para outro lado. Girou a cadeira de rodas na direção de Miguel e se explicou:

— Eu, na verdade, não queria ir ao banheiro. Preciso explicar porque te trouxe aqui junto com a Dani.

— Sim, foi muito estranho. Nem nos despedimos de ninguém.

— É que temo pela saúde de Paula e de nosso filho. As coisas estão muito tensas na fazenda. Eu sei que ela está tentando se manter forte, mas ela realmente parece nervosa. Eu consigo perceber... ela está ansiosa e preocupada. Anda tendo muitos pesadelos. Tem dormido pouco a noite e eu fico angustiado ao vê-la assim.

— Eu não sabia, senhor Rogério.

— Além disso, queria pedir desculpas por não ter te convidado primeiro para ser padrinho de Paulinho. Quero que saibas, que não foi nada pessoal é que eu pensei em Ernesto porque ele teve um papel tao importante na hora que descobrimos sobre a gravidez. Não foi por mal, eu não quero que se sinta menosprezado por isso.

— Seu Rogério, eu não vou mentir. Eu fiquei um pouco triste, mas não significa que não entenda a sua decisão. Ernesto é um bom homem e se um dia, Dani e eu tivermos um filho, quero que saibas que desejo muito que o senhor seja o padrinho do chamaco.

Rogério e Miguel trocaram um aperto de mão. Estavam acertados sobre isso. O celular de fazendeiro, no entanto, tocou e era uma ligação do número fixo da fazenda. Ele se alarmou.

— Alô?

— Seu Rogério! – Era Gustavo gritando. – Aconteceu uma tragédia.

— O que? O que aconteceu? –