O dia passou na velocidade da luz. Após finalizar a ocorrência na rua, voltei para delegacia. A criança sequestrada estava bem e todos os sequestradores foram detidos. Havia interrogado todos eles ainda durante a manhã, com exceção do que havia sido alvejado na rua que seria interrogado amanhã, caso estivesse melhor.
A todo momento, a imagem da mulher que foi usada como escudo humano voltava à minha mente; eu estava acostumado a lidar com esse tipo de situação e nunca nenhuma vítima ficou por tanto tempo em meus pensamentos... A oitiva dela aconteceria apenas amanhã, mas agora, finalizando o expediente às 19:00hs, eu não conseguia deixar de pensar nela. Talvez seja por causa da ligação que fiz para a sua irmã; nunca vi ninguém receber a notícia de que um parente havia sido baleado com tanta frieza, precisei de muito controle para não mandá-la à merda.
Organizo minha mesa, pego minhas chaves e sigo em direção ao estacionamento, o que mais quero é chegar em casa e finalmente tentar descansar após quase três dias sem sequer cochilar, porém, ao entrar no veículo, decido mudar meu destino: antes de ir para casa irei até o hospital para ver como ela está. Tive noticias à tarde de que havia feito cirurgia e estaria sendo encaminhada para o quarto, mas eu queria ter certeza de que realmente estaria tudo bem com ela.
Chego ao do Hospital por volta das 19:30hs, me identifico para a recepcionista e, antes que ela me informe qual o apartamento que ela encontra-se internada, peço para falar com o médico responsável, e a atendente, que aparentemente está me dispensando mais sorrisos do que o normal, me acompanha até a sala do plantonista.
— Foi um prazer ajudá-lo, delegado, se precisar de mais alguma coisa é só me procurar, eu estou a sua disposição. — A recepcionista falou, dando a entender que tipo de ajuda estaria disponível a me dispensar. Eu estou acostumado com esse tipo de assédio; além da farda, sei que minha aparência chama atenção das mulheres.
— Obrigado — respondi sem querer render assunto. Ela bateu na porta do médico que autorizou minha entrada.
Estendi a mão para cumprimentá-lo. — Boa noite, Doutor, sou o delegado Eros Moraes Neto e estava na operação em que a paciente Kananda Brito de Albuquerque infelizmente foi baleada. Vim saber notícias e, se possível, queria vê-la. — O médico, um senhor de meia idade me cumprimentou e fez sinal para que eu sentasse.
— Bem delegado, a paciente agora apresenta um quadro clínico estável. Conseguimos retirar o projétil e já o entregamos para a perícia conforme solicitado. Kananda reagiu bem a cirurgia e já está no apartamento, fora de risco. Acredito que esse momento não seja adequado para realizar um interrogatório, considerando que a paciente apresentou alguns sintomas de pânico durante a tarde; nada muito intenso, mas a psicóloga registrou no prontuário, então talvez fosse melhor que aguardasse até amanhã. — O médico explicou
— Na verdade não vim interrogá-la, eu queria saber como ela estava. — Percebi que o médico me olhou como se não estivesse entendendo. — Fiquei preocupado porque a irmã dela foi um tanto fria ao receber a notícia de que ela havia sido baleada, por isso resolvi vir.
— Entendi, delegado. Ela está acompanhada agora, então se ela não se opuser em vê-lo, por mim tudo bem, mas, por favor, não insista em obter informações que a deixarão desconfortável ou agitada nesse primeiro momento. — Concluiu e pegou o interfone, pedindo que alguém me acompanhasse até o apartamento em que ela estava internada.
Mais uma enfermeira sorridente me conduziu até a porta do quarto em que ela estava. Ela pretendia bater para me anunciar, mas pedi que deixasse que eu mesmo fizesse, estava ansioso e isso não era normal para mim. Aquela preocupação só iria passar depois que colocasse meus olhos sobre ela e verificasse que realmente estava tudo bem.
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Eros (Disponível Na Amazon)
RomanceSINOPSE Ficar na mira de uma arma, nas mãos de um bandido, pode não ser tão ruim quanto você pensa! Pelo menos não quando se tem um delegado lindo, protetor, intenso e apaixonante para te salvar! Kananda havia saído de casa após mais uma discussão...