Eu te acompanho

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 A clareira já estava escura e dava para ouvir os muros do labirinto se movimentando do outro lado. Eu já não tinha mais medo dos barulhos, pelo contrário, eles me faziam pensar mais sobre tudo aquilo.

 Todos nós estávamos sentados em uma roda, tentando nos divertir um pouco. Já tínhamos jantado e, por algum motivo, demoramos um pouco mais para irmos dormir. 

-Por que não mandou todo mundo ir dormir? - eu perguntei curiosa para Alby, sentando ao meu lado.

-As vezes é bom relaxarmos um pouco - ele respondeu - Ninguém é de pedra.

 E todo mundo amou. Era diferente de quando fazíamos a fogueira. Ninguém ali estava pulando, gritando, lutando ou bebendo. Estávamos todos calmos, tranquilos e felizes. Tentei reparar um pouco em cada um ali.

 Alby estava sorrindo, olhando para todos com um olhar orgulhoso. Chuck estava rindo de alguma coisa que Ben tinha dito. Eu não ouvi a piada, mas dei risada só de observar o menino gargalhando. 

Era contagiante. 

 Gally estava lá também. Ele mexia em suas próprias mãos, mas hora ou outra encarava Ben, como se estivesse interessado nas piadas. Se eu não tivesse reparando nele, não teria notado um pequeno sorriso em seu rosto por conta da piada.

 Caçarola ria tanto da piada, que batia no chão com o punho, um ato bem engraçado.

 Me surpreendi ao ver que Clint estava ali e não lendo um livro. Era bom ver que ele estava relaxando como merecia. Quando ele percebeu que eu o encarava, piscou com um olho só, em uma tentativa de fazer graça. Sorri com aquilo.

 Rolei os olhos mais uma vez e percebi que Minho me encarava. Fiquei com vergonha ao perceber que eu não era a única encarando outras pessoas e mais vergonha ainda ao perceber que ele me encarava sem piscar. Mas quando percebeu que eu o encarava de volta, mostrou a língua. Ri com aquilo e mostrei a língua de volta.

 Encarei Newt e esperei que ele me encarasse de volta. Ele estava tão concentrado olhando para o labirinto ao seu lado que demorou para olhar para mim. Mas assim que o fez, levei minha mão para a ponta do nariz, tentando sinalizar que queria falar com ele mais tarde. Mas antes que ele pudesse responder, fui interrompida.

-Jane, você já escolheu o nome do bebê? - Caçarola perguntou.

Senti todos os olhares daquela roda em cima de mim.

-Não - respondi de forma sincera - Não sabemos nem se é menina ou menino.

-Mas já dá para pensar em duas possibilidades.

 Fingi pensar um pouco.

-Quando eu decidir eu falo - respondi - Prometo.

-Acho que deveria ser Ben Júnior - Ben disse rindo.

 Daí para frente cada um começou a falar um nome (um pior que o outro). Parei de prestar atenção por conta da confusão que eu já estava tão acostumada.

-Se me derem licença, vou dormir - eu disse me levantando.

-Eu te acompanho - Minho disse se levantando também.

-Não precisa, Minho - respondi sorrindo.

 Minho se aproximou, estendendo o braço em um ato cavalheiro.

-Ela disse que não precisa - Clint disse ainda sentado.

-Uma companhia nunca é demais - Minho respondeu, dando os ombros.

-O quarto dela é literalmente a dez passos daqui, ela consegue fazer isso sozinha.

-Isso é uma restrição médica ou apenas Clint sendo um idiota?

 Ambos se encaravam com um olhar bravo, com o tom de voz carregado de ironia.

-Vocês que são idiotas - eu disse rolando os olhos.

 Me virei e sai de lá antes que alguém pudesse falar ou fazer alguma coisa. A última coisa que eu queria era briga por minha causa. Ainda mais com platéia, já que todos os outros clareanos olhavam aquilo.

 Antes de chegar ao meu quarto, notei que Chuck me seguia.

-Chuck - eu disse sorrindo - Que bom que está aqui!

-Posso ficar ao seu lado? - ele perguntou.

-É claro que pode! Você é a única companhia que eu quero agora!

O menino sorriu com minhas palavras.

-Aquilo ali foi bem estranho - ele disse.

-Nem me fale! Não aguento mais homem!

-Hey! - ele disse indignado e eu apenas ri.

-Você é diferente Chuck.

 Chuck se sentou ao meu lado, em minha cama e colocou a mão em minha barriga. Fiquei surpresa com seu ato, mas deixei.

-Já da para ouvir o coração? - ele perguntou completamente focado em minha barriga.

-O coração já bate - eu respondi - Mas não temos a tecnologia necessária para ouvir.

-E se eu colocar meu ouvido em sua barriga?

Ri e deixei que ele fizesse, mesmo sabendo que não conseguiria. Chuck estava com a boca aperta, impressionado.

-Ele vai ser como se fosse um mascote, né? - ele perguntou, me fazendo rir.

-Quase isso.

-Vai ser como se fosse um irmão!

Sorri com aquilo. Chuck era o único que via esse bebê desse modo. E era por isso que ele era uma das melhores pessoas da clareira.

-Sim, como um irmão.

Chuck sorriu mais ainda.

-Jane, posso te falar uma coisa? - ele perguntou sério.

-Claro!

-Acho que você ainda não percebeu e eu, como irmão mais velho do seu filho, tenho a obrigação de te contar: todos aqueles meninos estão apaixonados por você.

Ri de suas palavras.

-Isso é algo sério! - ele continuou - Não digo todos, mas a maioria!

-Eu sou a única garota aqui Chuck, é normal os hormônios deles estarem mais alterados e eles terem atrações por mim.

-Atrações? Jane, é muito mais do que isso! Minho derrubaria um verdugo por você! E você já reparou o jeito que Newt te olha?

Fiquei um pouco incomodada com aquele rumo da conversa.

-Chuck, eu estou cansada. Conversamos depois sobre isso, tudo bem?

-Tudo bem - ele disse se levantando - Mas pensa nisso, Jane. Um dia você vai notar que tudo o que eu falei é real. E vai ter um outro dia que você terá sentimentos parecidos por algum deles. E você vai magoar os outros. Eu não sei qual é a solução, mas acho melhor você tentar brecar um pouco tudo isso antes que vire algo bem pior: amor. Não queremos corações partidos nessa clareira.

 E com isso ele foi embora.

-Chuck é o menino mais inteligente dessa clareira - sussurrei para mim mesma, completamente apavorada com tudo o que ele tinha acabado de falar.


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Vocês sabem o que isso quer dizer?

A VOTAÇÃO ESTÁ ACABANDO!

e vamos começar a incorporar o romance da Jane.


Pregnancy in the field - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora