Eu a vejo sempre ao dormir... Está em pé, me observando de longe perto a velha porta, que range em sua presença.
Meu gato Chico que encontrei na rua, mia sem parar às oito da noite quando as janelas batem ao sopro do vento.
Ela me cria desde que meus pais foram mortos por uma chacina na esquina da igreja - nunca me deu ouvidos. É uma estranha com pena de uma garota jovem; nem sequer conversamos, prepara o jantar toda noite, mas nunca, nunca o café da manhã.
Nunca a vi de dia, não me deixa sair de casa; não vou à escola e nem mesmo à varanda.
Por anos jantamos na mesma mesa, mas naquele dia não a vi, apenas o prato com uma sopa cheirando mal. Comi sem reclamar e fui me deitar.
Lá estava ela na porta me olhando. Sua voz nunca ouvira, mas pela primeira vez sua boca mexera:
- Psiu, venha aqui, jovem. - Sua voz era de uma senhora bem velha, sussurrava com dificuldade.
Com medo, caminhei até ela até que pude ouvir sua respiração. Ela me puxa pelos cabelos e me joga em um canto no buraco da parede.
Eu choro e a mulher cada vez mais irritada grita, derrubando as coisas no chão. Fico sem entender como pudera mudar sua personalidade tão de repente. O medo me preenche por completo.
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A mulher nas sombras (Concluído)
Short StorySamanta é criada por uma mulher que vive nas sombras, a mesma não conversa com a garota órfã que sente medo a todo instante ao ser observada toda noite quando seu gato mia e as janelas batem ao sopro do vento. ☕ Livro protegido pela lei n°9.610