Capítulo 1

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Números. Eles confundem a minha cabeça. Desde quando comecei a estudar a matemática não tem sido minha amiga. Apesar dela não querer ser amiga de ninguém mesmo.

Meu professor do 1 ano, Fábio dizia que a matéria era um chefe rabugento, todos o detestam, mas era o dono da razão " Da Ponte a bateria do celular, não se faz nada sem ela". Um ótimo professor, mesmo que não tenha aprendido o plano cartesiano com ele. E, depois de formada estou aqui olhando para o papel em Branco, o que afirma: sou eu o problema. 

Não me dou bem com as expressões, posso ficar de 1 as 18:00 batendo a cabeça que vou errar. Ao contrário de história. 

Quando tinha 13 anos, eu lia sobre Hitler, Tiradentes e os anos de chumbo, sempre gostei de saber como era o mundo antes de eu nascer, como as pessoas se comunicavam antes da Internet. O pessoal ficava puto porque eu gabaritava a prova e tudo era tão fácil. 

E me sentia uma prodígio, ledo engano. 

Sem truques 

Sem cola. 

Fiz isso o tempo todo e deu certo. Mas veio o 3 ano e com ele veio enem, uma mistura de jogos vorazes com show do milhão, pessoas se atrasando e chorando no portao, redacões que fariam Clarice Lispector ter um infarte fuminante e etc. Quem ganha, vai direto pra Federal, quem perde, azar o teu. 

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-Estudando muito filha? 

Essa é a minha mãe, Maria, com ela está um pratinho e uma caneca com o Nescau, sempre faz isso quando eu estou estudando. 

-É isso que quero falar com você mãe. 

-Pode falar. 

-Talvez seja uma boa hora para pagar um cursinho. Seria melhor para mim. 

-Queria tanto te ajudar filha, mas com seu pai desempregado fica difícil. 

-Não precisa ser o mais caro, é que eu preciso ver onde eu estou errando 

-Vou ver filha, e te dou a resposta. 

Evento CertoWhere stories live. Discover now