Novo mundo de Aventuras

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Conduzidos por alguns Pikachus do nosso bando, Pii, Piipi, Pippi, Pipipi e eu fomos acompanhados para além da grama alta e, quando finalmente chegamos à clareira, um admirável mundo novo se abriu ante nossos olhos. Um vasto rio cortava cortava de uma ponta à outra do horizonte aquele enorme campo, repleto de arvoredos, arbustos, e pequenas colinas, atrás dos quais se podia ver montanhas e uma densa floresta. Piipi ficou assustada como de costume e nossa babá a encorajou. Os demais Pichus haviam encarado com uma dose de alegria aquele novo espaço pra brincar. Já eu encarei de forma bem diferente.

Dados os riscos daquele Noctowl malandro que rondava nossa toca dias atrás, e o perigo que foi encontra-lo, eu não havia notado uma particular pista que podia me ajudar a descobrir onde diabos eu fui parar: Aquele Torchic, a quem eu acidentalmente livrei de virar jantar de coruja. Que eu me lembre, Torchics foram introduzidos na terceira geração de Pokemon, na região de Hoenn, onde acontecem Pokemon Ruby e Saphire. Seria uma pista de que vim parar em Hoenn? Não faço ideia, mas se eu puder encontrar alguma rota, algum lugar específico como o Mt. Chimney, ou alguma cidade da região, eu terei minha prova. Mas tudo parece tão maior do que no jogo! Eu não sei se é porque as proporções de um mundo real são diferentes do jogo, ou se é porque eu estou do tamanho de uma régua...

Eu fui o último dos meus irmãozinhos e irmãzinhas a descer correndo a colina, igualmente rolando ribanceira abaixo depois de alguns metros até perto do rio, onde Pippi puxou mais uma brincadeira de lutinha, que não participei muito. Na verdade me aproximei da margem e inclinei sobre o rio, vendo minha face amarela, minhas bochechas vermelhas, olhinhos expressivos e grandes orelhas, ainda achando difícil de entender como fui me tornar um Pichu.

Foi então que um Polywag selvagem apareceu e eu saltei para trás, mais surpreso do que assustado. Felizmente eu aprendi a controlar minhas glândulas elétricas, por isso não dei um choque no pobre Polywag, que balançou a cauda pra mim e acenei de volta, antes dele voltar para o rio. Foi quando olhei ao meu redor e notei como aquele lugar é cheio de vida. Havia toda sorte de pokemons ao meu redor e eu, ignorante, não havia notado até então. Pidgeys e Tailows circulavam aqui e ali, Bellsprouts, Bellossoms e Oddishs estavam espalhados ao largo do terreno gramado, alguns deles me notaram de volta, mas nada fizeram a não ser continuar com seus próprios assuntos. Será que estou em alguma espécie de habitat?

Após toda uma manhã de brincadeiras e descobertas, fomos reunidos para comer mais uma vez. Com a mente inquieta, perdido em pensamentos, eu comia sem nem notar o gosto das frutinhas que nossa babá nos trouxe. Foi quando prestei um pouco mais de atenção nos demais Pichus e pude notar que Pipipi e Piipi gostavam de sabores mais amargos, enquanto Pippi preferia os mais picantes e Pii os mais doces.

Foi engraçado notar que suas personalidades combinavam com a regra de naturezas que surgiu na terceira geração: Aparentemente Piipi, a mais cautelosa de nós era de natureza Cuidadosa, Pipipi era Delicada, Pii era Contente e Pippi o mais Danado. Ri sozinho pensando em qual delas me encaixaria e notei que não tenho exatamente preferências em sabor, apesar de procurar as frutinhas mais amargas. Incomum, não?

Mais alguns dias prosseguiram normalmente e pouco a pouco tivemos mais liberdade pra ir brincar e correr longe da toca. Logo pudemos ir para perto do rio sem a presença dos Pikachus para nossa proteção, exceto quando nossa babá havia de nos buscar para ir dormir. Tomei esse tempo para aprender um pouco mais sobre como funcionava o nosso habitat, e como nosso bando se relacionava com os outros pokemons na região. Foi quando notei que eventos como o daquele Noctowl não são tão raros por aqui.

Existe uma espécie de mutualismo entre nosso bando e os pokemons planta que vivem perto do rio: Nós os protegemos dos insetos e aéreos, eles nos protegem contra os de terra e rocha. Há um pequeno grupo de Polywags e Poliwhirls que habita as margens do rio, mas acho que só apareceram por que o habitat é seguro. Não sei se posso dizer o mesmo daquele Torchic...

Também aprendi um pouco mais da nossa linguagem, e sobre como é a comunicação com outras espécies de pokemon: Como eu imaginei antes, não se trata apenas de ficar repetindo seu nome a exaustão. Há muita linguagem corporal e facial envolvidas, e a atitude também é importante. Nossas naturezas fazem todo sentido nessa comunicação, especialmente com outros pokemons. Eu já quase consigo entender tudo que os Pikachus comunicam, como se pudesse entendê-los falar.

Para minha felicidade eu aguento mais tempo correndo e mantenho a respiração melhor do que antes. Não sei se isso faz algum sentido biológico, mas desde que passei a controlar melhor as glândulas elétricas nas minhas bochechas senti que meu corpo ficou mais forte. Gosto de pensar que eu posso na verdade estar ganhando alguns níveis, se é que eles fazem algum sentido nessa nova realidade.


***


Os céus estavam carregados de nuvens densas e escuras quando saí da toca em uma manhã que acompanhei Pii e Pippi em uma corrida até o rio. Como os Pikachus normalmente saem das tocas em dias de tempestade, não nos intimidamos com as nuvens negras, mas aquele evento parecia anunciar algo de ruim.

Chegamos perto do rio quando vimos o líder do nosso bando, um Pikachu com uma cicatriz no olho esquerdo, estava acompanhado de dois outros Pikachus à beira do rio, onde haviam uma Polywhril, uma Belossom e um Weepinbell. O clima era denso e as feições não eram das melhores. Nos escondemos em um mato alto e, com todo o esforço do meu entendimento e do aprendizado dos últimos dias, eu tentei entender o que estavam falando naquele momento:

"Não vimos ninguém! Vigiamos o lugar a noite toda e ninguém apareceu", parecia dizer o chefe do nosso bando

"Foram vocês!", a Polywrhirl estava muito brava e angustiada, "Meu filho sumiu por sua culpa!"

Meu corpo gelou contra minha vontade naquele instante. Assim como Pii e Pippi, eu entendi o motivo da comoção: Desde que passamos a frequentar a beira do rio, aquele pequeno polywag passou a entrar nas nossas brincadeiras. Ele havia desaparecido e os líderes do habitat estavam preocupados.

"Não, não fomos nós!", nosso líder encarou, balançando a cabeça e a cauda por um breve instante. A cauda em riste e a feição firme terminaram o recado, "Mas vamos encontra-lo!"

Ainda no dia anterior nós brincamos com ele até o anoitecer. Se tiver desaparecido, obrigatoriamente deve ter sido em algum momento da noite, o que trouxe novamente os temores sobre o Noctowl que rondava nossa toca. Pippi nos encarou com as orelhas para trás, apoiado nas quatro patas:

"Vamos?", sugeriu, e apontando brevemente com a cabeça para a comoção, "Vamos procurar?"

"Sim", Pii e eu meneamos a cabeça em arfirmativo.

"Mas... Onde?", Pii ficou sobre as duas patas e olhou ao redor

Eu olhei para o bosque onde havia confrontado o Noctowl antes

"Lá!", indiquei, "Vamos para lá!"

E assim nós três avançamos para nossa primeira aventura

Pokemon Isekai - Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora