Um Milagre Parte 21

504 25 8
                                    

— Eles estão há mais de dez minutos conversando sem parar. – Ana Paula comunicou para Dani que estava ao lado dela comendo tacos. Marquinhos brincava mais lá adiante com um grupo de crianças numa imensa piscina de bolinhas que montaram numa das alas do terraço. Era possível ver, mesmo que de longe, que estavam se divertindo muito.

— De quem você está falando? – Miguel que estava do outro lado da mesa. Buscou a direção para onde a irmã estava olhando.

— Do Rogério e dessa tal de Verônica. – Dani abriu um sorrisinho com a voz levemente alterada.

— Também não estou gostando nada dessa aproximação. – Tia Rosaura comentou venenosa. – Ela tem cara de biscate.

— Tia, também não exagere. Ela me parece uma pessoa legal. – Miguel defendeu. – Além do mais, Rogério é um homem íntegro, honrado e jamais se prestaria a uma canalhice dessas.

— Ah, tá. Já esqueceu da Vanessa? – Tornou tia Rosaura, enquanto Ana Paula fixava o olhar no esposo, que agora, somente agora percebia que ela os estava observando. Entendeu no mesmo instante que Paula não estava satisfeita. – De como ela se aproveitou que os dois estavam separados para pôr as garras peçonhentas dela em cima do Rogério.

— Eu vou lá. – Ana Paula fez menção de se levantar. Dani, porém, a segurou pelo braço.

— Acalme-se. Lembre do bebê. Nada de se exaltar.

— Eu não estou exaltada. Eu só quero conversar com eles também, ora. Há algo de errado nisso?

— Amiga... sente-se. Estou falando como sua enfermeira. Sente-se. – Dani puxou Ana Paula para a cadeira. Ela que ficou cuidando da amiga, principalmente para não aprontar nenhuma estripulia... como isso, de querer tirar satisfação com Rogério.

Ana Paula fuzilou Dani com os olhos. Agradecia muito a dedicação e cuidado. Como sempre estava disposta a ajudá-la com seus problemas na gravidez. Mas isso de interferir nos seus assuntos de casamento... só não levantou-se, porque Rogério se aproximou. A mulher não veio com ele, ainda bem.

— Do que estavam falando? – Ela disparou.

— Dos velhos tempos. – Ele apoiou o cotovelo no encosto da cadeira e sorriu.

— Vejo, que foram bons tempos também. – Ele apertou os olhos pensando agora em medir melhor as palavras. Ela já estava no modo onça de novo. Minha nossa, as vezes, era difícil lidar com ela. Qual seria o motivo da rabuge dessa vez?

— Na verdade, ela falou mais do pai dela. O pobre homem está com câncer e se tratando na capital. Por esses dias que veio para a fazenda descansar. Acho que eu deveria fazer uma visita a ele.

— Você? Sozinho? – Ela pousou o copo com força na mesa. A água pousou no estômago como uma bomba.

— Bom, claro, que eu estava pensando em ir com você, mas como o parto está se aproximando. Eu pensei...

— Eu vou olhar o Marquinhos. Não que ele faça muita arruaça. – Ana Paula se levantou e caminhou devagar até onde a piscina de bolinhas estava.

— O que deu nela? – O fazendeiro perguntou.

— Seu Rogério não ligue. Ela está com uma azia horrível e isso está literalmente afetando o humor dela. – Dani a justificou.

— Só se ciúme arranjou outro nome. – Tia Rosaura insinuou com sarcasmo. – Porque para mim Ana Paula não gostou nada de vê-lo com aquela caçadora de maridos.

— A senhora dobre a língua para falar de Verônica. Ela é uma boa pessoa. – Rogério apontou o dedo para tia Rosaura e girou na cadeira de rodas. Direcionando-se para onde a esposa estava.

Um Milagre - A Que Não Podia AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora