Capítulo vinte e três - Surpresa

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Podíamos considerar que os primeiros sinais da responsabilidade que eu sabia que precisaria ter de agora em diante surgiam naquele dia em que eu acordei bem cedinho todo animado por espontânea vontade sem sequer precisar de um despertador.

Finjamos que não fora por eu sequer ter conseguido pregar os olhos direito pela minha extrema ansiedade rs. Puff, é claro que não.

Resumindo, ainda eram 6:30 da manhã e eu já estava todo arrumado para irmos ao médico enquanto Park Jimin ainda roncava em seu décimo primeiro sono. Mas era óbvio que nisso eu poderia dar um jeito rapidinho.

− JIMINIEE, ACORDA! – Me jogo por cima do ômega, rindo do resmungo que o mesmo solta ao despertar.

− Yoongi, tome mais cuidado, quer que nosso bebê seja esmagado? – E lá vem as neuras.

− Deixe de drama e levanta logo essa bunda gorda daí se não quiser que eu esmague a sua cara. Temos uma consulta para ir, caso tenha esquecido. – Saio de cima de si e me levanto.

− Ué, mas eu me lembro de ter colocado o celular pra despertar. – Franze o cenho, confuso, e alcança o aparelho ao seu lado. – Sério isso, Min Yoongi? Ainda são 6 da manhã e a consulta é as 9! – Exclama frustrado e vira de costas pra mim, se cobrindo inteiro.

− Eu sei mas estou ansioso e quero ser um dos primeiros a chegar pra ver se sou atendido mais rápido. Anda logo senão te deixo pra trás! – Vou em direção à saída do quarto, ouvindo seu bufar e sorrindo satisfeito ao saber que o mesmo obedeceria, como sempre, risos.


Ao chegar na clínica, a primeira coisa que fiz foi empurrar Jimin para uma das cadeiras em frente ao consultório de Taemin, me sentar ao seu lado e dormir com a cabeça apoiada em seu ombro, já que não havia dormido quase nada durante a noite. Mas era óbvio que aquele vingarista não deixaria barato, me cutucando, fazendo cócegas, às vezes chacoalhando, até que eu perdesse a paciência e desistisse, mas não sem antes lhe dar uma cotuvelada no pâncreas. Tenho nem minhas considerações de grávido, eu heim.

Após duas horas com ambos boiando, o médico pontual demais pro meu gosto chega sorrindo largo e nos chamando para entrar em sua sala. Meus pelos quase inexistentes arrepiaram pelo frescor exagerado da mesma.

− E então, Yoongi, como vai indo? Se cuidando direitinho? – Taemin pergunta enquanto anda pela sala, separando algumas coisas e ligando alguns equipamentos.

− Não poderia me descuidar nem que eu quisesse. – Olho para o Park que sorri e concorda todo orgulhoso.

− Ótimo, é sempre bom ter alguém que os estimule a seguir todos os cuidados, e ninguém melhor que o pai de seu filho, não? – Sorri novamente e indica uma maca. – Pode se deitar ali, irei apenas colocar as luvas e já poderemos ver como anda esse garotão aqui. – Dito isso se afasta, provavelmente atrás das luvas.

− Está vendo? Até Taemin sabe que nosso bebê é um menininho. – Digo e sorrio confiante.

− Pois eu ainda acho que é uma menininha. Essa sua pança não está com cara de menino não. – O olho indignado.

− Licença que eu tenho os meus instintos de gestante e eles me dizem que será um menino tão lindo quanto eu. – Levanto o queixo em sinal de superioridade.

− E mesmo assim irá cair do cavalo quando descobrir que será uma menina tão ou mais linda que eu. Já imaginou o trabalho que ela irá nos dar se nascer com esse meus lábios?

− E o tanto de paqueras que o meu Jihoon vai conquistar se nascer com esses meus olhos seduzentes? – É claro que o que se espera em um casal é que desejem que o bebê tenha as características do outro, mas como os bons narcisistas que somos só podíamos sair do padrão mais uma vez.

− Mas não era tu quem dizia que não deixaria ninguém se aproximar do nosso filhotinho? – Sorri ladino em provocação.

− Calado, Park.

− Ok, vamos começar? – Taemin, que pelo jeito havia ido buscar aquelas luvas na Groelândia, surge interrompendo nossa pequena discussão. O mesmo pega o tubo daquele gel gelado que já havia usado nas ultimas ultrassons, espalhando o conteúdo sobre a minha barriga um pouco grandinha com o sensor e logo já se podia ver os rabiscos no monitor. Jimin, como de costume, havia agarrado minha mão com tanta força que parecia que quem era o gestante ali era ele, mas é claro que eu o entendia. Era o nosso primeiro bebê, estávamos tão ansiosos para aquele dia que aquilo acabava se tornando um nervosismo, por isso o olhei sorrindo tranquilizador, sendo retribuído pelo ômega. – Huum, é impressão minha ou será mesmo um menininho? – O doutor comenta fazendo meus olhos brilharem e eu rapidamente olho para Jimin com um sorriso que claramente dizia "rá, eu disse", mas o mesmo estava emocionado demais para se importar, enquanto encarava o mesmo lugar que Taemin ainda analisava. – Oh, espere. – Diz subitamente e arregalando levemente seus olhos, acabando por nos deixar preocupados.

− O que foi, aconteceu alguma coisa, meu bebê está bem? – Questiono já quase tendo um ataque de pelanca. Eu acho que desfaleço aqui mesmo se perder o meu brotinho.

− Está sim, eles estão muito bem e saudáveis. – Suspiro aliviado e abria um sorriso, porém ao prestar atenção nas palavras ditas o mesmo morre em surpresa e meus olhos se arregalam, logo encarando o sorriso largo que Taemin nos direcionava.

− O que quer dizer com...

− Parabéns, papais, é um casal. – Meus olhos se arregalam ainda mais e minha boca os acompanha, permanecendo momentaneamente sem reação. Eu irei ter gêmeos?

Se eu não estava preparado para cuidar de uma criança, imagina de duas? AO MESMO TEMPO?? Porém, por algum motivo que na verdade era até óbvio, minha reação não poderia ser diferente a não ser sentir meus olhos marejados enquanto abria o maior sorriso que eu provavelmente já dei em toda a minha vida, enquanto acariciava minha barriga e a olhava com adoração. Dois pequenos serzinhos dentro de mim, eu mal podia acreditar.

Ao olhar para o lado percebo que Jimin já havia deixado algumas lágrimas escaparem enquanto olhava para onde minhas mãos repousavam com um sorriso tão grande quanto o meu. Ele logo coloca suas pequenas mãos sobre as minhas, olhando para mim em seguida.

− Meu Deus, Yoon! – Exclama parecendo maravilhado.

− Caralho!

E não poderíamos estar diferentes.

O médico logo me esclarece que o fato de eu ser um alfa carregando gêmeos acarretaria que a gestação se tornasse ainda mais delicada com o tempo e que meus cuidados deveriam triplicar de agora em diante. E, apesar de um leve receio pela nova descoberta, sei que com os cuidados extremos daquele ômega surtado tudo terminaria bem. Terminaria, não é?


Papéis Invertidos - Yoonmin ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora