Eu olhava pela janela, observava a lua, as estrelas...o ar fresco entrava pelo quarto adentro, trazido pela brisa fresca da noite, a luz da lua iluminava-me o rosto e dava me um ar celestial.
Poucos carros cruzavam a rua a esta hora, mas as luzes mantinham-se ligadas para guiar as vidas que passavam pela escuridão da madrugada em seus automóveis.
Respirei fundo e aspirei o cheiro da noite, aquela que uma vez tudo me deu e que do nada tudo me tirou.
Voltei a encher os pulmões de ar e a expulsar o mesmo para fora de mim.
Todos os pensamentos que me invadiam a mente começaram a ser expulsos e a cabeça começava a descansar, o sono dava sinais e os músculos relaxavam.
Eu não me esquecia dela, nunca o faria, eu apenas permitia-me desligar do mundo e descansar.
Fechei a janela deixando algumas brechas abertas, elas deixavam a luz da lua entrar e iluminavam escassamente o quarto, caminhei até à cama e me deitei. Afundei a cabeça na almofada e me permiti fechar os olhos na vaga esperança de voltar a acordar e enfrentar mais um dia sem ela.
Como num apagão adormeci e como á dois anos já se fazia habitual, nenhum sonho me invadiu o sono, nenhum pensamento me veio em mente, apenas um apagão, escuro e silencioso, tudo isso desde que ela se foi.
O que eram antes noites bem dormidas e sonhadoras, agora não passavam de meras cortinas pretas que passavam a noite toda em frente aos meus olhos.
.
Acordei na manhã seguinte, mais um dia a enfrentar, com a ausência dela.
A claridade acertou-me em cheio nos olhos, fechei-os e esperei os mesmos se habituarem à luz. Já acostumada os abri e como o abrir de uma porta, tudo me entrou na cabeça a 200 km/h, memórias passavam agora....tão dolorosas como um corte de espada na pele...o cheiro dela, os amanheceres ao lado dela, nossos corpos nus abraçado partilhando o nosso calor corporal, os beijos de despertar e os pequenos-almoços na cama...tudo isso entrou como um comboio alfa em movimento, com ele vieram as lágrimas, essas que já me lavavam a cara diariamente e tentavam limpar a alma. Sequei-as e levantei-me da cama, abri a janela e observei as ruas já movimentadas e a luz do sol aqueciam a manhã de Verão.
Fui até á casa de banho para fazer a minha higiene matinal e as memórias voltaram com tudo, aquela box onde tomamos vários banhos nas manhãs após as noites mal dormidas, mas bem passadas, a banheira onde passávamos muito tempo aproveitando a espuma, água quente e a hidromassagem na presença uma da outra.
Balancei a cabeça em negação e lavei os dentes, o espelho ainda estava partido devido a uma das nossas melhores noites, sorri fraco ao lembrar-me, a saudade do seu toque, do seu beijo, os seus olhos, corpo e sorriso estavam gravados na memória, as suas curvas gravadas nas minhas mãos... e já não era água que me molhava a cara e sim lágrimas salgadas, apertei os olhos e terminei de escovar os dentes.
Saí do quarto como saía todos os dias desde à dois anos atrás, a limpar as lágrimas ou simplesmente com o olhar perdido no nada.
Fui até à cozinha na intenção de me alimentar, mas cada canto daquela casa me lembrava dela, de mim, de nós, o frigorífico não estava mais tão cheio, o ambientador já acabado e a organização era inexistente.
No balcão onde nos amamos pela primeira vez estava a frase marcada com uma faca por ela "o nosso céu", e aquela folha perdida, não tão perdida quanto eu, a folha gritava o nome dela, nela escrita " Fui comprar coisinhas boas. Beijinhos nessa boca que eu tanto amo. Tua Camila ♡"
O seu último bilhete para mim...
Caí derrotada no sofá, aquele onde nos declaramos pela primeira vez depois de uma noite de cinema, era um inferno todos os dias passar pelos cantos daquela casa, tudo me lembrava dela, à dois anos que tudo estava igual, eu não queria mudar nada porque nunca me queria esquecer dela e ela gostava de tudo assim, só que mais organizado.
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My Angel (One Shot)
Storie d'amore"...para mim foi apenas o início do para sempre....eu finalmente estava com ela....e não a largaria nunca....as nossas almas foram feitas uma para a outra..."