Verdades

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 Eu estava em meu quarto, sem vontade de sair de lá.

 Me olhei no espelho de meu quarto, com a camisa para cima, deixando a barriga amostra. Tentava ver se ela estava maior e, por conhecer meu corpo melhor do que ninguém, dava para ver um pequeno volume, o que me fez sorrir de orelha a orelha.

 Até que batidas na porta me fizeram voltar a realidade.

-Pode entrar - eu disse abaixando a camiseta.

 Clint entrou um pouco receoso e me olhou por um tempo.

-Queria saber por que não foi tomar café da manhã - ele continuou - Está tudo bem?

Bufei com as suas palavras.

-Sério? - eu perguntei com ironia - Você faz besteira e depois vem aqui como se nada tivesse acontecido!

Clint continuou me olhando confuso.

-Que merda foi aquela ontem? - eu perguntei - Brigar com Minho na frente de todo mundo por uma coisa besta!

-Eu estava tentando te ajudar! - ele disse - Você sabe muito bem ir até seu quarto sozinha.

-Minho só queria me acompanhar!

-Tudo bem Jane! Me desculpa! Pode ficar a vontade com Minho!

Dava para ver que ele estava bravo.

-Não é questão de ficar com Minho ou não - eu disse - A questão é você tomar minhas decisões.

-Jane, você sabe muito bem que no quesito empoderamento, eu sou o cara que mais te apoio aqui, certo? Eu sempre te apoiei. Não tomei decisões por você.

-Mas ficou incomodado com Minho me acompanhando.

Clint abriu a boca para falar algo, nitidamente bravo, mas não fez. Fechou os olhos e respirou fundo, se acalmando. Queria poder ter esse autocontrole.

-Eu fiquei incomodado sim - ele disse dando de ombros e me olhando intensamente, sem desviar os olhos nem por um segundo.

Na mesma hora lembrei das palavras de Chuck.

"Todos aqueles meninos estão apaixonados por você"

 Será que Clint era uma dessas pessoas?

-Jane, eu...

-Eu não quero brigar com você - eu disse o interrompendo - Preciso de você, Clint. Esse bebê precisa de você. Eu preciso do meu amigo.

 Minhas palavras pareceram relaxá-lo. Me aproximei e o abracei, meio receosa. Senti seus braços percorrerem minha cintura e retribuírem o abraço.

-Vamos - ele disse - Você precisa comer.

 Clint me levou até a cozinha e Caçarola preparou um café da manhã para mim. Avistei Newt de longe, agachado no meio das plantações, e vi que ele mexeu na ponta de meu nariz disfarçadamente, olhando para mim. Ele não tinha aparecido naquela noite, mesmo tendo feito o sinal. Mexi na ponta do nariz de volta, tentando me controlar para não rir.

 E assim ele apareceu naquela madrugada fria.

 Eu estava quase adormecendo quando ele bateu na porta. Abri meio sonolenta.

-Precisamos parar de fazer isso de madrugada - eu disse sorrindo - Eu fico morrendo de sono.

-Bom, todos os outros caras já sabem, não faria diferença fazer isso de dia - ele disse dando de ombros e sentando em minha cama - Podemos tornar oficial.

-Mas eu gosto da adrenalina de estar fazendo isso de madrugada.

-Eu também.

O sorriso que Newt deu foi de orelha a orelha, o que me fez sorrir junto com ele.

-Por que não veio ontem? - eu perguntei  - Você fez o sinal e não apareceu.

-Você saiu muito brava, Jane. Eu te conheço e sabia que você ia ficar brava se eu aparecesse.

No fundo ele tinha um pouco de razão.

-Eu estava brava mesmo. Clint me fez ficar assim.

Newt me encarou por um tempo, como se pedisse com o olhar para que eu continuasse.

-Eu só fico brava quando tentam falar por mim - eu disse.

-Eu sei disso.

-E fico brava quando há uma competição interna entre vocês sobre quem é um amigo mais legal.

-Eu sei.

-A última coisa que eu quero é alguém se declarando para mim e começar uma guerra civil.

Newt não respondeu nada. Seu olhar era vago e distante.

-Tudo bem - ele disse um tempo depois, com um tom de voz diferente.

-Mas o que você queria me dizer para fazer o sinal hoje e ontem? - eu perguntei.

Newt pensou um pouco.

-Nada. Eu só queria ver você.

Sorri com aquilo.

Me deitei em minha cama e fiquei olhando para ele.

-Como foi o seu dia? - eu perguntei.

 Newt começou a contar vários detalhes do dia dele. Confesso que tinha sido um dia bem chato, mas eu gostava de ouvir como ele contava tudo que podia, mexendo as mãos a cada palavra e sorrindo quando falava sobre algo que gostava. 

 Em um determinado momento o sono falou mais alto e eu apenas fechei os olhos que estava pesando. Percebi que Newt tinha parado de falar, mas eu não tinha mais forças para poder ficar acordada e atenta.

 Senti algo felpudo me cobrir e as luzes se apagarem.


Autora: e mal sabia Jane que logo depois dela cair em um sono profundo, Newt disse as palavras que segurava há um tempo:

-Estou apaixonado por você, Jane.





Pregnancy in the field - Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora