NO SCRUBS | unique.

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Jaemin dirigia o carro traçando um caminho que conhecia tão bem quanto as ruas que levavam até sua casa. Ao seu lado, no banco de passageiros, Renjun estava com a cabeça no vidro enquanto tentava ao máximo parecer alheio ao que acontecia dentro daquele carro, e no banco de trás Jeno se encontrava dormindo, tão bêbado que quase não conseguia pronunciar o próprio nome ou andar em uma linha reta.

Na Jaemin e Lee Jeno eram melhores amigos desde tempos os quais ainda eram crianças. Começaram como vizinhos, pelo que Renjun sabia sobre ambos, a primeira vez que se falaram fora quando o mais novo acidentalmente empurrou o Lee para fora do escorregador em um parquinho qualquer quando possuíam por volta dos seis anos, e Jaemin fora obrigado a pedir desculpas, e então uma amizade nasceu. Passaram por períodos de afastamento como todo melhor amigo, ou grupo, afinal, o Na passou basicamente cinco anos morando nos Estados Unidos, e voltou quando Jeno já se encontrava com 16 anos. O Huang achava que estavam mais para irmãos, pois todas as vezes que ocorrera de encontrá-los juntos em todo o período em que namorava o Lee, sempre demonstravam um cuidado extremo, chegou a ter ciúmes uma das vezes mas não foi algo duradouro, já que notou que não ocorreria algo entre ambos.

O loiro que dirigia levou os dedos até o rádio, e ligou o mesmo, tocava uma melodia baixa de alguma música antiga demais para qualquer um dos dois conhecer, mas conheciam. Era aquela mesma música que tocou quando Jaemin dançou com Renjun, naquela festa em que foram juntos, e Jeno não notou. Aquela sintonia que fazia o chinês relembrar de como fora sentir os lábios do coreano tocando os seus quando ninguém estava olhando para ambos, o formigamento se fez presente em si. Se lembrou do sorriso extremamente perfeito no rosto do Na quando o ósculo se deu por fim, as linhas que formavam algo como "eu venci novamente", e naquele lugar, o Huang notou que o loiro não passava de um egoísta fodido.

Agora no carro, de novo aquele sorriso, e o olhar que fora direcionado ao mais velho, o segredo pairando sobre o ar e deixando o clima desconfortável o bastante para o de cabelos castanhos se mover, e retribuir o encarar que recebia. Os lábios alheios se moveram, cantarolando juntamente aquele ritmo que agora se parecia com uma maldição cantada por demônios. Renjun se culpava.

Se culpava por ter caído nas tentações que eram o outro coreano, por ter se deixado dominar e agora estar cada vez mais imerso a tudo que era relacionado ao outro. Se culpava, por todas as noites que passou ao lado do Na, quando dizia a Jeno que estava com trabalho a mais, mas simplesmente não conseguia parar com aquele ciclo vicioso. Houve dias em que necessitava tanto do corpo que não era seu, necessitava tanto de alguém que não era seu namorado. E mais uma vez, se encontrava ali, nos braços de Jaemin, o implorando para tocá-lo, desejando o garoto, o querendo para sempre para si.

O carro diminuiu a velocidade, até que parou na frente de uma casa grande, e com a estrutura ao estilo americano. O mais novo abriu a porta e desceu, abrindo as portas do banco traseiro e tentando acordar o passageiro. O chinês acompanhou todos os movimentos que o antes citado fez, e se perguntou mentalmente o porquê de ele se dar ao trabalho de "cuidar" de Jeno, estava literalmente fodendo com o namorado de seu melhor amigo, e depois voltava com um sorriso amigável costurado no rosto, dizendo sobre como considerava o Lee, e como eram próximos. Jaemin era a porra de um mentiroso. Fingia que estava ali, que se importava, mas era óbvio que este simplesmente queria superar e se ver por cima de todos.

O Lee pareceu acordar de seu sono profundo, e saiu do carro, ação que fez o chinês acordar de seu transe e repetir a ação. Jeno se segurou ao outro loiro e ambos andaram até o gramado, onde o coreano mais velho vomitou todo o líquido alcoólico que havia ingerido mais cedo.

- Tudo bem, eu cuido dele. - Renjun soltou quando viu que os sapatos do "amigo" haviam se sujado com o vômito e obrigou Jeno a firmar o corpo em si.

Estava um pouco farto de todo aquele teatro, gostaria de entrar naquela casa e dormir por anos. Seus pensamentos estavam distantes naquele momento. Abriu a porta e observou o namorado correr para algo que julgou ser o banheiro, e então se virou, encontrando o corpo do Na atrás de si, o observando. Ao visto, não precisava o convidar para entrar.

- Por quê não... Passa a noite aqui? - disse e sentiu sua cabeça doer, normalmente, não se sentiria assim mas a situação estava propicia a algo mais acontecer ali, então realmente esperava um "não" vindo do outro.

- Não precisa, Huang. - Sorriu, por pura cortesia. - Eu tenho que ir, e você já tem problemas demais para uma noite. - Acenou com a cabeça para o outro cômodo da casa, no qual se encontrava Jeno.

Por dentro, uma festa se fazia, mas por fora, Renjun se deu ao trabalho apenas de se levantar e dizer algo como: "Tudo bem, eu o acompanho até a porta sendo assim!" e depois, moldar um sorriso sem graça na face. E assim o fez, levou o outro até a porta e esperou que este fosse embora e o deixasse, mas as coisas nunca eram fáceis quando se tratava de Jaemin. Ele se virou, encarou o de cabelos castanhos como se estivesse lendo sua alma, enquanto este sentia suas células em colapso e cada parte de si tomando um rumo diferente, este era o efeito que o loiro o provocava.

Alguns passos para trás, e estavam próximos novamente. A ponta dos dedos do Na tocaram o rosto alheio, o trazendo para mais próximo de si, e Renjun, mais uma vez, experimentou do pecado bem na ponta da sua língua. Começou como um simples beijo, mas tomava proporções maiores ao decorrer de que as mãos de Jaemin tocavam e apertavam a cintura do chinês, estava se tornando algo costumeiro, a ponto de saberem os pontos que cada um gostava e odiava, e o sabor do errado apenas deixava tudo mais excitante. A consciência, no entanto, pareceu cair sobre a cabeça do mais velho, que os deparou e olhou surpreso. Novamente, se encontravam naquela situação.

- Acho melhor você ir. - As palavras saíram friamente, e o coreano apenas sorriu novamente, com certo deboche carregado no rosto, talvez por saber que aquilo era apenas um teatro e o Huang logo voltaria para seus braços.

- Boa sorte com Jeno. - Se desvencilhou do que poderia ser considerado um abraço e voltou ao seu carro.

Não conseguia retirar o riso frouxo de si. Porque ambos sabiam, que hora ou outra, aquilo voltaria a se repetir. Não eram anjos, por quê seguir o que era certo então?

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tá pesado, jeninho?
caso vocês queiram, eu faço um capítulo com o jeno descobrindo tudo e o circo pegando fogo. é isto, obrigado por lerem!

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