Eu estava agradecida por não saber como foram as últimas horas.

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- Surpresa!

- Luca? – Perguntei surpresa ao vê-lo. – Entra, você está todo molhado! – Completei preocupada depois de olhar para sua roupa com atenção e ver que estava molhado. Ele devia estar a caminho daqui quando a chuva começou. Sem esperar que ele entrasse por completo subi para o meu banheiro pegando uma toalha seca para o mesmo se secar.

- Obrigada – Ele falou pegando da minha mão.

- O que está fazendo por aqui? – Perguntei curiosa enquanto prestava atenção aos seus movimentos, já que não havíamos nos falado desde o hospital.

- Eu e minha banda viemos tocar em um bar na cidade, ontem à noite. E antes de ir embora precisava vir te ver, tentei falar com você fazem alguns dias, mas você não me respondeu - me explicou e eu assenti lembrando que não havia pedido seu número antes de apagar minhas redes – antes que você pense algo não estou te perseguindo, falei com a sua vó e perguntei se eu poderia vir aqui.

- Entendi – ri fraco, fazendo com que a conversa acabasse e nenhum de nós falássemos alguma coisa. Ficamos em um silêncio constrangedor por alguns minutos, até que me pronunciei – Quer um café? – E ele fez uma careta.

- Ainda gosta disso, Amélia? – E confirmei tomando um gole e mostrando um rosto divertido em seguida.

- Não me diga que ainda gosta daqueles refrigerantes de cola? – Falei e ele me encarou com um fascínio e brilho nos olhos.

Eu havia lembrado dele há alguns dias. Tive uma lembrança de nós dois. Estávamos em um píer, sentados, enquanto observávamos o balanço calmo do mar. Eu reclamava sobre ele nunca estar na cidade e como consequência só nos víamos uma vez por mês ou duas se tivéssemos sorte, como resposta ele disse que logo teria dinheiro o suficiente para me levar junto em suas viagens com a banda, me lembro de depois disso nos beijarmos como se fossemos únicos no mundo.

E depois dessa lembrança, várias outras começaram a vir. Sempre nos encontrávamos no píer ou em um hotel de beira de estrada, ele não era da cidade e só ia até lá para me ver ou tocar em algum lugar, o que quase nunca era, então preferíamos passar cada minuto juntos.

- Talvez eu tenha me lembrado de algumas coisas - Falei com um sorriso simples e ele retribuiu – Tentei te encontrar, mas eu apaguei tudo como percebeu, não foi por mal – fui sincera.

- Não se preocupa – Falou com tranquilidade e de repente um sorriso malicioso surgiu em seus lábios me fazendo encara-lo com estranheza – Do que lembra?

- Muita coisa – Respondi ainda confusa e quando percebi do que se tratava senti meu rosto começar a queimar – Não começa.

- Tudo bem, tudo bem – Pronunciou com calma, enquanto levantava as mãos como sinal de rendição, mas ainda não conseguindo tirar o sorriso do rosto.

Depois disso eu balancei a cabeça negativamente e segui para a sala me sentando, ou melhor, me jogando no sofá. Tudo para não precisar conversar sobre coisas que fazíamos no passado. O Luca fez o mesmo se sentando próximo de mim, mas longe o suficiente para não me fazer afastar. Sem saber o que conversar com ele pedi para que me contasse um pouco sobre sua banda, ainda não me lembrava tão bem sobre essa parte, e não posso negar que a conversa estava sendo agradável.

- E porque eu nunca fui em um show? – Questionei sem saber a resposta e ele ficou calado mudando de uma expressão animada para uma séria onde era impossível decifrar o que se passava por sua cabeça – Luca?

- Você não se lembra? – Perguntou.

- Não – Falei engolindo seco e o encarando, como se pedisse para me contar. E pela sua expressão não parecia ser algo bom.

- No dia que você iria ir no show, nós meio que terminamos. Você queria algo sério e eu dizia sempre que não estava pronto, neste dia você falou que estava cansada desse meu jeito e eu falei que era melhor então acabar com tudo – Falou com um ar cansado, como se isso fosse algum peso que ele carregava. E eu não entendia como esse termino poderia ter esse efeito nele.

- E foi só isso? Digo, você parece estar escondendo algo de mim. Tem algo mais sobre nós que eu precise saber?

- Não sei bem como dizer, pensei que você lembrasse disso – Ele falou e eu neguei com a cabeça, esperando que ele me explicasse o resto – Nós tivemos a nossa briga e você foi embora para casa, eu fui me arrumar para aquele show, acho que o pior de toda minha vida, fiquei me sentindo estranho o tempo todo. Enfim, acabou de madrugada e no mesmo momento que acabou todos começaram a falar sobre um acidente que aconteceu na rodovia perto da cidade, não quero me estender mais. Amélia, era o seu acidente.

Eu fiquei calada, sem reação alguma. Não me lembrava bem sobre os dias perto de quando tudo aconteceu, e naquela hora não consegui me lembrar de nada do que ele havia dito. Doía ainda não lembrar de tudo, doía saber do acidente e do que se foi com ele, mas naquele momento eu estava agradecida por não saber como foram as últimas horas.

- Não foi sua culpa isso ter acontecido – Falei para ele, na tentativa que essas palavras o fizesse se sentir melhor. E deu certo. Conversamos por curtos momentos e logo após isso seu celular tocou, um de seus amigos de banda estava falando que precisavam ir embora.

Antes que ele fosse, nós salvamos o número um do outro e nos despedimos. No final do dia tudo ficou na mesma, continuei com o quarto bagunçado por deixar que minha preguiça falasse mais alto me fazendo deixar as coisas do jeito que estavam.

Se estiver gostando não esqueça de votar na história, ficarei muito agradecida! Obrigada pela leitura! XOXO AUTORA!

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