Primeira vez

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Eles entraram no meu bar no dia da inauguração e eu considerei isso um sinal de boa sorte ao meu estabelecimento.

Tão lindos que não pareciam reais, os dois de preto da cabeça aos pés, mas tentei não me empolgar muito pois à primeira vista pensei serem um casal. O mais baixo tinha o cabelo descolorido e usava uma jaqueta de couro, dessas de motoqueiro, calça rasgada e coturnos. Seu rosto era talhado em pedra de tão perfeito, os olhos misteriosos e perigosamente inexpressivos, a boca rosada cheia de reentrâncias me fazia querer explorar cada uma delas com a língua. O mais alto, visivelmente mais novo que o outro, tinha um porte e um corpo de fazer cair qualquer queixo. O rostinho inocente e os cabelos castanhos meio bagunçados eram a cereja do bolo. Quando ele sorria, aparentava ainda menos idade, os dentes da frente grandes e adoráveis, os olhinhos redondos e inocentes brilhando em admiração ao hyung que o havia levado para provar whisky.

– Hyung, o que é "on the rocks"? – perguntou, disfarçando um breve olhar em minha direção.

"Ah, que gracinha", pensei, o coração já um pouquinho derretido e a calcinha já um pouquinho molhada.

– É quando tomamos whisky com gelo - respondeu o mais velho, atencioso.

Eles já tinham sentado ao balcão. Achei por bem me aproximar e me mostrar disponível. Disponível para atendê-los, digo.

– É a primeira vez dele? - abri um sorriso caprichado.

– Sim – respondeu o "hyung", os olhos indecifráveis me fitando. Não sorria, mas havia uma nota de simpatia em sua voz grave e arrastada. – Esse menino precisa aprender a apreciar um bom whisky.

– Por que vocês estão falando de mim como se eu não estivesse aqui? – interferiu o mais novo, com expressão de falsa birra. Sua voz era aguda e melodiosa e foi quando ele apoiou os cotovelos no balcão, os tríceps definidos à mostra na camiseta preta de manga curta, e me olhou diretamente que eu entendi: faria o que estivesse ao meu alcance para levar aquele filho da puta pra cama.

– Não seja malcriado na frente da moça, Jungkookie – o hyung interveio. Depois, voltou-se para mim novamente – Quero mostrar pra ele o prazer de tomar um bom whisky single malt. O que você tem aí, moça?

– Todos os nossos whiskys são single malt... moço – dei uma piscadinha.

– Min Yoongi – ele estendeu a mão e eu a apertei. Seus dedos eram quentes, e longos, e os nós das falanges eram rosados em contraste com a pele pálida. Engoli seco pensando nas maravilhas que aqueles dedos podiam fazer, ao mesmo tempo que a sensação de sua mão na minha por mais tempo que eu julgava ser o de um aperto de mão regular fez sumirem as palavras da minha boca. – Meu dongsaeng se chama Jeon Jungkook.

Só saí do transe para apertar a mão de Jungkook, um toque bem mais leve que o de Yoongi, mas não menos firme.

– Você é a dona do bar, certo?

Confirmei, ainda um pouco embasbacada.

– O que nos recomenda? – Yoongi fechou o menu à sua frente e me encarou. Enquanto esperava pela minha resposta, sua língua passeou lentamente por seus lábios. Eu mal era capaz de piscar enquanto acompanhava o movimento.

– Você está deixando a noona nervosa, hyung – Jungkook sorriu e seu sorriso era a mistura perfeita de malícia e inocência. Senti minhas pernas fraquejarem. – Hoje é a inauguração do bar, certo? A noona deve estar bem atarefada e nós dois aqui tomando o tempo dela...

"Noona".

NOONA.

Como aquele garoto abusado tinha a audácia de me chamar de noona?

On the rocksWhere stories live. Discover now